— Como ousa adentrar dessa maneira em solo britânico, senhor? — Um tanto furioso indagou o embaixador.
— Tenha calma, meu bravo senhor.
Para amansar ou arruinar seu espírito já envelhecido uma carta com o selo do rei era entregue em suas já cansadas mãos, digamos, que a procedência esta pode soar duvidosa, mas no momento me confere toda a autoridade que necessito.
— Acha que sou idiota, cavalheiro?! — Ele arremessou a carta no chão. — Prendam este homem, guardas. — Ordenou o embaixador.
Não! Ninguém me prenderia e jamais morreria na praia após inúmeras batalhas vencidas. Minha vingança será mortal e ninguém poderá me deter.
— Acho que o senhor está equivocado.
Diante dos azulados olhos do embaixador a morte fazia sua simpática e bela chegada e como esse amável homem almeja viver mais alguns anos a vontade que anseio será com prazer, comprida.
— O nobre cavalheiro pode abaixar a espada. — Sorriu o embaixador, claro, suplicando por piedade. — Vou ratificar as autoridades do Brasil que o senhor...
— James Ward Alarcon. — Acrescentei para saciar a dúvida do honrado amigo.
— O Sr. Ward é o mais novo representante de sua majestade, Jorge IV no Brasil.
Velho imbecil, acredita mesmo que terá tamanha liberdade, engana-se. Sim, permiti que o mesmo finalizasse o protocolo como se ordena e logo que findou sua morada será a bordo do palácio flutuante Madre de Dios.
— Sou um embaixador britânico! Exijo meus direitos. — Gritou o velho que tragicamente não se habituava a sua nova morada, enfim, que desprezo, pois, o mesmo ofende sua majestade ao recusar-se exilar nas belas celas periféricas do navio pirata Madre de Dios. Que falta de educação desse homem, ou seja, esses britânicos, bando de sanguessugas que nosso amado criador os perdoe.
O glorioso Rio de Janeiro de outrora lembranças. Meu petrificado coração revive e ressuscita amores aqui esquecidos, paixões olvidadas, e sobretudo um desejo de vingar e destruir a todos que declararam minha ruína. Para esta vazia e infernal cidade retornei, a corte de Pedro e seus súditos imbecis me enojam, se não fosse por um único propósito nunca colocaria meus pés nesse inferno rodeado por papagaios e macacos.
O ódio que exala sobre meus poros me destrói e corrói o pouco de humanidade que ainda resta nesse escuro e vazio corpo, o precipício seria ideal para uma honesta e glorificada morte, contudo, saboreio-me com os, desgosto que o destino me proporciona e contemplo com tristeza a velha residência Ward no Rio de Janeiro.A residência que testemunhou e vivenciou o George a qual me tornei ainda vive no mesmo lugar, tudo está perfeito, nada mudou, um pouco distante, deveras, sem dono, mas ainda é a mesma casa, sim, o brilho já não é o mesmo, pois a joia que roubei para ter somente ao meu lado já não vive mais nesse mundo. Victoria Ward Alarcom desejo e anseio esquecer, mas tudo nessa infernal cidade lembra essa louca e bela mulher que mediante sua riqueza, orgulho e deboche conquistou meu coração.
Lembrar a vida que tive ao lado dessa esnobe mulher faz com que algumas lágrimas rolem sobre esse rosto, o vento levanta os grisalhos cabelos e o sol em seu máximo poder queima a pele, ofusca minha visão e me leva aos fundos do palácio e nele contemplo a residência da cobra do Brasil, Srta. Domitila de Castro.
A criatura tornou-se mais forte que o criador, a beleza lhe corresponde a fama que possui, um dom ou um tolo castigo? Sorte ou fruto de um árduo trabalho? Muitas perguntas poucas são as reais respostas. Srta. Castro, acredito ser o novo amor do imperador.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Açúcar: A vingança do barão/ Livro 2 da série Açúcar.
Ficción históricaO temido barão George Ward Alarcon está de volta para varrer a terra com o sangue dos inocentes. Culpados ou não para ele pouco importa basta cruzar o caminho desse ser provido de ódio, trevas e amargura. E prepare-se para conhecer o ceifador honro...