Capítulo VI

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Ainda posso sentir o som de sua delicada voz e suavemente me perco em sua doce mirada, todavia, milhares de milha me encontro e sobre uma caixa de madeira não vejo a hora que o solo desse abrasador chão irei pisar, pois, ao seu lado o verão transf...

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Ainda posso sentir o som de sua delicada voz e suavemente me perco em sua doce mirada, todavia, milhares de milha me encontro e sobre uma caixa de madeira não vejo a hora que o solo desse abrasador chão irei pisar, pois, ao seu lado o verão transforma-se em uma suave brisa.

— Ela é linda, por favor, diga que estou certa?

— Majestade! — Um leve susto; jamais esperava ser interrompido de meu devaneio através da sutil presença de Amélia de Leuchtenberg.

— Embaixador. — Disse e logo apontou para a cadeira do convés do navio. — Permite que lhe acompanhe? — Perguntou tendo um sorriso esplêndido estampado em sua face angelical.

— Sinto-me honrado, majestade. — Completei, claro, ainda muito nervoso com a presença da imperatriz.

— No momento, Amélia, não estamos diante da corte de Pedro. — Sorriu. — O senhor está apaixonado consigo ver através de seus olhos, senhor.

Errada a senhora Imperatriz não se encontra, adoraria advertir que suas observações não condizem com a realidade, mas, provei do triste ou alegre veneno chamado, amor. Quando abri os olhos,  essa substância antes desconhecida dominava-me por completo e por mais que desejasse repelir, tudo já se encontrava enraizado. Eu era outro homem e aquele a quem um dia jurou vingança há um bom tempo não existe, este homem morreu, sucumbiu diante das paixões e mazelas do coração.

Essas indelicadas palavras não revelei a sua majestade, contudo, pressinto que meus olhos são como vidraças e nessas sombrias e escondidas vidraças a verdade anseia por alforria e temo que a qualquer momento não poderei conter o sopro de liberdade que arde nas profundezas de meu coração.

Adormeci pensando em Charlotte e ao balançar das águas do mar, pressenti o perigo rondando a fortaleza a qual criei para que ninguém se aproximasse dessa donzela que elegi como minha. Era loucura, insano, mas podia observar e ver os passos que a mesma fazia longe de minha rude presença. Os cabelos dourados como ouro sendo penteado todas as manhãs, os vestidos coloridos e como diante de gratificante gentileza a mesma igualmente sorria e não se importava com a dor que sentia sendo refém de uma fera como eu. Um homem como este não merece perdão, admito que mereço e devo amar, entretanto, nunca ser correspondido, pois criatura como esta até o sobrenatural deseja distância.

Não entendo onde falhei, não compreendo, parece que o certo se tornou errado e o errado converteu-se em certo. Infelizmente não vejo lógica nessa minha teimosia e com dor admito que estou apto a entregar-me e desistir dessa louca vingança desde que haja uma pequena chance de redenção.

A bengala, a casaca vermelha, a cartola, o relógio de bolso que mostra através de sua louca engenharia o quanto estou perdendo meu tempo em vaidade e soberba. A verdade está pintada nua e crua e mesmo assim teimo e insisto em não acreditar que estou matando uma mulher cheia de vida. Esta mulher ainda sorri, mas não sorri como outrora, essa divina mulher almeja encontrar o amor de sua vida, o amor que o liberte, o amor que o faça respirar e sentir o quanto ainda precisa conhecer de si antes de conhecer alguém, o amor que transborda e seja como um rio de águas límpidas, completa ela já é, ela necessita encontrar o porto para atracar seu navio e fugir da ingrata tempestade que deseja afundar sua frágil embarcação. Uma lástima e com dor anseio ter que libertá-la dessa maldição que é viver ao meu lado.

Açúcar: A vingança do barão/ Livro 2 da série Açúcar.Onde histórias criam vida. Descubra agora