Capítulo 3

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P.O.V JÚLIA

6 anos atrás..

É uma quinta-feira pela madrugada, estava dormindo junto com meu irmão mais velho, o João, até que acordamos com o barulho. 

- Ca..dê.. o.. pe..ssoal..? - disse meu pai rindo com a voz de bêbado. 

Nos levantamos no susto e encontramos minha mãe em pé tentando conter o meu pai, mas meu pai a empurrou contra a mesa e olhava cada um de nós rindo. 

- Essas crianças aqui? Só me dão dor de cabeça. - disse rindo. - E você. - disse apontando para a minha mãe. - É a mulher que eu nunca quis ter. - acrescentou e jogou o copo de vidro no chão. 

Meu pai estava alterado, eu sabia disso, mas suas palavras eram como se fosse faca em meu peito, João enlaçava seus braços em mim me deixando perto dele pra que nada pudesse me machucar. Meu pai o puxou pela orelha e o arrastou até os vidros para que pudesse limpar aquela sujeira que ele mesmo sujou mas se rejeita limpar. Segurou os braços da minha mãe e prensou-a na parede. 

- Eu não quero essa família aqui. - disse ele. - Eu não quero você e nem esses filhos. - acrescentou e foi até o quarto e arrumou sua bolsa. 

- Estou indo embora, vocês são tudo o que eu não queria. - disse rindo. - E você vê se não me pede nada. - disse segurando o rosto da minha mãe. 

Ao meu pai cruzar a porta e sair, eu percebi o tamanho da força que tinha dentro da minha mãe. Ela não chorou aquela noite na nossa frente, apenas recolheu todo o lixo, trancou todas as portas, colocou eu e meu irmão pra dormir,  e ela foi dormir chorando aquela noite, eu não dormi a noite inteira. 

No dia seguinte, eu levanto e me visto e sem nada no estômago eu corro até a casa da minha prima Ingrid, ela me atende com toda a carisma de sempre, mas desabo nos braços dela. Ela me coloca pra sentar em um sofá próximo a janela enquanto vai buscar água. Começo a chorar cada vez mais e ela tenta me consolar. 

Ao olhar para a janela eu vejo um par de olhos castanhos escuro olhando pra mim, achei que fosse alguém que eu conhecesse mas não é, aqueles olhos ficaram me fitando por longos minutos e foi como se tivesse arrancado a minha dor, queria saber quem era, tinha um cabelo curto e castanho, sua pele um pouco mais escura que a minha. 

Eu queria poder conhecer esse par de olhos castanhos tão escuros como a noite, eu queria poder abraçar e agradecer por arrancar essa dor de mim, quem é? onde mora? qual o seu nome? vamos ficar juntas? são perguntas que me faço até hoje. 

Atualmente..

- Quem é a Manuela? - pergunto. 

- Ah, Manuela é uma das garotas populares daqui, não porque ela quer mas pelo fato de ser sapatão e parece que as garotas se empolgam com isso. - respondeu Everton. 

- Nossa eu não sabia que ela era sapatão. - debati. 

- Igual você. - riu o Everton. - Mas o problema é que Manuela é toda problemática, grossa, sem coração, e é cheia de garotas, filha de um grande Engenheiro da cidade, mas não é soberba pelo menos. - disse ele. 

- Eu não estou interessada nela. - falei. 

- Tá bom. - riu o Everton. 

- Fiquei sabendo que ia ter uma festa da turma. - falei.

- E você vai, porque todos nós vamos. - disse o Everton apontando também para Thaissa. - Matheus também vai mas é provável dele ficar com a Manu já que são muito amigos. - disse ele.

- As vezes esqueço que ele e Manu são inseparáveis. - falei. - Mas até então não sabia nem o nome nem nada dessa garota, até eu me mudar de casa e de turma. - falei revirando os olhos.

- Então a gente te busca amanhã as 19h ok? - perguntou Thaissa.

- Ok, então. - falei. 

Você só precisa me amarOnde histórias criam vida. Descubra agora