Capítulo 21

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CAPÍTULO 21

  Quando a Zelena me dizia que a cada dia estava mais apaixonada pela Ruby, que a cada dia era tudo mais intenso e que o que sentiu por ela no dia anterior, não era nada comparado ao que iria sentir no dia seguinte, eu não acreditava. Pensava ser uma grande besteira, bobeira de gente apaixonada e que não era possível gostar tanto de alguém assim. Nunca acreditei nessas “histórias” de borboletas no estômago, nervosismo, gaguejar na hora de falar, - ou simplesmente não conseguir falar – essa coisa do último pensamento antes de dormir ser a pessoa e o primeiro ao acordar. E mesmo que não haja reciprocidade, continuar desejando o bem à essa pessoa, porque eu acho que o amor é isso... Mesmo que a pessoa amada não sinta o mesmo, você continua desejando coisas boas, pedindo as forças superiores que somente coisas boas aconteçam à essa pessoa. E mesmo você querendo ser a felicidade desta pessoa, deseja que ela encontre o que a fará feliz mesmo que não seja você. Pensar que algum tempo atrás a minha irmã me contava de como se sentia em relação a Ruby mesmo depois dos anos de casadas me deixava pensativa, será possível gostar tanto de alguém assim?!

  E aqui estou eu, olhando para Emma me perguntando como eu posso estar tão apaixonada por ela. Mesmo que não tenhamos nada eu somente desejo o bem a ela. Mesmo eu não sendo grande coisa, desejo que em algum momento, eu seja o motivo da sua felicidade. Que em algum momento eu seja a causadora das suas mais gostosas gargalhadas. Quem em algum momento eu seja o motivo das suas lágrimas de emoção e alegria. Quem em algum momento, em um dia não muito distante, eu seja o motivo dos seus mais belos e sinceros sentimentos. Que num futuro próximo, eu faça parte dos seus planos. Que o nosso futuro seja bom, estejamos juntas ou não, que ela seja feliz e rezo para que eu seja sua felicidade.

O filme não passava mais, a TV estava escura há um bom tempo e Emma já estava dormindo nos primeiros trinta minutos, estava muito cansada, percebi pela respiração pesada. Após nossa conversa, ficamos abraçadas em silêncio e como sempre, me senti protegida, como se nada fosse me acontecer. Como se meus problemas não existissem.

  Minha posição não está muito confortável mas ela está dormindo tão bem que estou com dó até de me mexer. Emma está de bruços entre minhas pernas, com a cabeça apoiada na minha barriga e um de seus braços rodeando minha cintura. Talvez esteja até dormente seu braço, pois não é possível que não esteja doendo pelo tanto de tempo que estamos nesta posição. Com um sorriso idiota no rosto, notei que em alguns momentos ela fazia um biquinho adorável e mexia o nariz. Notei que seu rosto tinham sardas mas que não dava para perceber por ela usar maquiagem quase sempre.

  Saí dos devaneios ao ouvir meu celular tocar e sentir Emma se mexer após o barulho. Fechei um dos olhos com pena dela acordar de vez e foi isso que aconteceu.

  -Hum... que horas são? – resmungou abrindo os olhos e me encarando.

  -Já escureceu...

  -Nossa, desculpa! Nem percebi que estava cansada até deitar. – levanta-se rapidamente, fazendo com que eu sentisse sua falta imediatamente. Bocejou e coçou os olhos num gesto infantil, me deixando boba. -Tá rindo da minha cara amassada e inchada? – pergunta num tom brincalhão.

  -Não, não... estou tentando entender como consegue ser linda até quando acorda. – ela me olhou completamente corada e sorriu pequeno. -E não se desculpe, meu bem. Percebi que estava muito cansada.

  -Ah! Não me diga que eu ronquei...? – semicerro olhos e balanço levemente a cabeça.

  -Um pouquinho... – ela joga a cabeça para trás num gesto dramático e cobre o rosto com as mãos.

  -Pensei que não fosse ficar mais envergonhada!

  -Own, você é muito fofa!! - beijo-lhe a bochecha diversas vezes.

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