Capítulo 8

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CAPÍTULO 8
  Acordei com a luz do sol batendo no meu rosto. Esqueci a janela aberta. Revirei os olhos e levantei para fechá-las, meu plano era voltar a dormir mas já se passavam das nove.
  Desde que me contou sobre seu passado – e presente – que Regina não me encara e sequer fala comigo, chegamos ontem mais ou menos às dez e ela simplesmente se trancou o quarto e não saiu desde então, não que eu tenha visto.
  Após tomar banho, vesti uma calça listrada azul e uma blusa estampada com flores. Se minha amiga me visse assim me bateria, certeza. Ri lembrando da Ruby e saí do quarto indo em direção a cozinha.
  Fiz café e panquecas rapidinho e comi sozinha após esperar uns minutos que Regina aparecesse. Limpei o que sujei e suspirei, ela estava me evitando.
  Arrumei numa pequena bandeja umas panquecas, café e algumas frutas. Subi lentamente as escadas e logo estava de frente para sua porta. Bati uma vez.
  Nada. Bati novamente. Nada.
  -Qual é, Regina? Abre, por favor! – bati novamente.
  -O que foi, Swan?
  -Swan? – revirei os olhos. -Estava me chamando de Emma ontem! – ela não abre. Suspirei brava. -Ok! Ao menos me diga que tomou café? – nada. -A julgar pelo silêncio receio que não. Venha de olhos fechados se assim desejar, mas pegue o que lhe preparei. Precisa comer! – ouço passos e logo ela abre a porta.
  Lhe encarei mas ela não retribuiu. Estendo-lhe a bandeja e ela a pega. Ela não fecha a porta mas também me evita com o olhar.
  Regina vestia um conjunto de moletom branco – que se fosse eu, mesmo a essa hora já estaria todo sujo. Seus cabelos... Sorri. Ela estava adorável.
  -Seu cabelo tá lindo! – sorri. Ela corou imediatamente. Coçou a garganta e olhou-me nos olhos rapidamente.
  -Obrigada. Por tudo!
-SQ- Três semanas depois.
  O casal já estava de volta. Até já saímos com a Lena, Kara e Alex. Foi bem divertido e para mim... Bem, no dia seguinte ao que saímos, acordei com a Alex Denvers ao meu lado. SIM!
  Transei uma mulher e percebi que sou muito lésbica. Caramba, foi bom demais! Continuamos saindo para baladas e sempre terminávamos na minha cama – ou na dela. Enfim, era sempre bom.
  Acho que Regina não gosta da Alex, pois não quis mais sair conosco – isso incluiu todas as outras -, estava até me evitando, novamente.
  Foram três semanas de puro sexo e orgasmos, e repleto de bebidas. Fazia tempo que não me divertia assim.
  Lena, Kara e Alex partiram numa terça-feira para terminar de organizar os detalhes do casamento.
  Essa “experiência” que tive com a Alex me encorajou bastante! Sai com outras mulheres e uma me encantou. Luisa Alver. Seu jeito extrovertido sincero e divertido me fascinou. Estamos saindo, talvez um namoro, não sei... Não rotulamos nada. Mas estava sério.
  -Podíamos marcar um jantar com nossas famílias, seria épico!! – não seguro a risada.
  -Está disposta a arcar com as despesas do restaurante que formos jantar certo? Porque teria alguma confusão. – entro na brincadeira. -A única que reagiria bem seria minha irmã.
  -Meu irmão também mas o meu pai não, somos só a gente. Ele nunca aceitou. – dá de ombros.
  -Bom, se te consola, minha família não sabe que estou com mulheres e minha mãe quando ver minha melhor amiga finge que ela não é casada com uma mulher. – ela semicerra os olhos.
  -É... você está pior que eu! – rir. Estacionei o carro e suspirei sorrindo.
  -Tá pronta pra conhecer Ruby Lucas? – ela assente sorrindo.
  Descemos do carro e esperamos que viessem nos atender, mesmo que eu tivesse a chave. Logo Ruby apareceu.
  -Oh meu Deus!! – sorri largo. -Finalmente, entrem!
  Sorri para minha amiga e dei passagem para que Luísa entrasse. Fechei a porta após entrar mas logo a campainha tocou, como elas já tinham se afastado, atendi.
  -Oh! – não escondi a surpresa. Mas logo fiquei preocupada ao ver seu estado. -Regina, você tá bem?? – a puxei levemente pelo braço.
  Ela abraçava o próprio corpo e segurava o choro mas tenho certeza que já tinha chorado antes.
  -Minha irmã está aqui? – pergunta com a voz extremamente baixa.
  -Provavelmente sim, acabei de chegar... – suspirei nervosa. -Venha...
  -Não, não.. . Eu não posso. Chame ela para mim, por favor? Diga que estarei esperando lá... – parou de falar ao sermos interrompidas.
  -Querida... Oh, desculpem. – Luisa fala e oscila o olhar entre nós preocupada. -Tá tudo bem? – assinto levemente sabendo que Regina não responderia com vergonha. Luisa assente e sai.
  -Vocês vão sair, me desculpe. Eu já vou indo, diga para ela me ligar assim que possível... – a segurei pelos ombros e a encarei.
  -Você não vai sair daqui, tá legal? Chega, não nos incomodou e sabe disso. Vamos subir e aí eu chamo a Zel, ok? – ela assente levemente.
  Como estavam na cozinha, não nos viram subir as escadas. A levei para seu quarto e esperei que se acomodasse na cama, sentei ao seu lado. Fiquei encarando-a. Ela respirava fundo incontáveis vezes. Não pensei que vê-la tão frágil e vulnerável mexeria tanto comigo.
  -Posso te dar um abraço? – perguntei por impulso, mesmo que quisesse isso. Suspirei ao vê-la negar mas logo ela me encarou e assentiu.
  Envolvi-a delicadamente, ela deitou a cabeça no meu ombro e soltou o choro. Iniciei um cafuné enquanto acariciava suas costas. A senti relaxar mas ainda podia sentir seu corpo tremer levemente.
  -Desculpe mas... eu não quero falar sobre o que aconteceu, ok? – segurei seu queixo fazendo-a me encarar.
  -Eu nunca te forçaria a falar nada, se quiser falar estarei aqui mas se só quiser meu abraço também estarei aqui! – ela assentiu e voltou a deitar. Após uns minutos sua respiração ficou leve e percebi que ela tinha dormido. Sai cuidadosamente da cama e a cobri.
  Depois de tudo certo no quarto, fui de encontro com as meninas.
  -Ownt meu Deus, tomara que eu morra de amor! – Ruby me encara séria mas logo sorri. A cena era totalmente adorável, Zelena estava entre suas pernas lhe dando algo para comer enquanto acariciava o rosto da minha amiga. -Cadê Luisa?
  -Foi atender uma ligação... – me encostei no balcão perto delas. -Como minha irmã está? – indaga preocupada.
  -Ela não falou nada mas não está muito bem, acabou dormindo. – suspiro. -Ela chorou bastante.
  -Ela estava bem quando voltamos de viajem... - Ruby comenta. -Estava até sorrindo mais!
  -Sim, eu reparei. – a ruiva concorda. -Onde ela passou o fim de semana?
  -Aqui, fizemos nada e tudo ao mesmo tempo, desde fazer compras a assistir Game of Thrones comendo besteiras. – dei de ombros. Zelena me encara com a testa franzida.
  -Ela não ficou com o Gideon? – nego. -Tá explicado! Como conseguiu isso?
  -Ué, ela disse que gostaria de ficar aqui se eu não me incomodasse, eu respondi que óbvio que ela poderia e perguntei se gostaria de companhia. Foi isso, nada demais. – não entendia essa estranheza toda.
  -Obrigada, Loira! De verdade, fiquei tão feliz ao vê-la sorrindo quando voltamos de viagem.
  -Mas eu não fiz nada...
  -Você as vezes é tão lerdinha, patinha! – revirei os olhos para minha amiga.
  -Emm, - Zel começa. -Aquele dia que jantamos aqui com Regina, mamãe e Gideon e você perguntou porque ela não estava bebendo lembra? – assinto sem entender nada. -Ela não bebe pois ele não gosta que ela o faça. – arregalei os olhos. -Ele é extremamente obsessivo, abusivo... Me dói tanto vê-la com ele. – nega levemente a cabeça.
  Antes que pudéssemos falar algo, Luisa aparece com uma expressão preocupada.
  -Ei, o que houve? – ela nos encara aérea.
  -Eu preciso ir, me desculpem. Minha cunhada entrou em trabalho de parto e meu irmão está surtando, não sei ao certo o que houve... – seguro seus ombros.
  -Calma, huh? Eu te levo, vamos! – ela nega.
  -Não precisa, fique aqui! Meninas, mil desculpas... Podemos marcar novamente?
  -Claro, não se preocupe.
  Peguei nossas coisas e saímos da casa.
  -Querida, fique aqui mesmo. É melhor, meu pai vai estar lá e não quero que ele te espante dentro de um hospital. – Sorrimos. -E... e também não quero que ouça coisas desagradáveis. Depois falo com você, ok? – assinto. Ela me dá um selinho e entra no carro. Aceno e vejo-a partir.
  Estava prestes a voltar pra cozinha quando vejo Regina parada na escada, parei e observei. Ela permaneceu assim, respirava fundo e mexia as mãos num claro sinal de nervosismo. Até que parou e balançou a cabeça negativamente, subiu de volta as escadas.
  Fui para a cozinha mas antes de entrar tapei os olhos.
  -Casal? Posso entrar, certo? – escuto a risada escandalosa da minha amiga.
  -Por pouco, em?? – tiro as mãos dos olhos. -Se tivesse demorado um pouco mais... – fiz cara de nojo e as duas riram.
  -Zel, Regina acordou... – ela levanta. -Mas deixe-me falar com ela antes, por favor! – ela pondera mas logo assente.
  -Obrigada! – assinto. Pego um copo de suco e uma barrinha de cereal no armário – não sei porque minha amiga compra já que não comem.
  Parei em frente a porta e bati.
  -Regina? Posso entrar?
  -Sim. – respirei fundo e abri a porta, ela estava sentada abraçando os joelhos olhando para um ponto fixo no quarto.
  -Hey... – me aproximo um pouco. -Trouxe para você. – estendo o copo e a barrinha.
  -Obrigada. – pega rapidamente.
  -Posso? – aponto para a cama. Ela assente, sento de frente para ela numa distância considerável. -Regina...
  -Huh?
  -Ei, não precisa ficar assim. Não vou te perguntar o que houve e pode não parecer, mas sou muito boa em fingir que nada aconteceu! – semicerro os olhos e vejo-a sorrir levemente. Sorri e me acomodei mais na cama, cruzando as pernas. -Então, quer mais um tempo ou posso chamar a Zel?
  -Não precisa chamar ela, eu só... Eu... – ela olha para cima pra tentar disfarçar os olhos marejados. -Eu preciso de vocês! – tento esconder a surpresa e seguro sua mão delicadamente.
  -Estamos aqui para você. Vou descer e chamá-las, por enquanto você decide se quer realmente nos falar alguma coisa, ok? Se sim, estaremos aqui para ajudá-la, se não... Bom, estaremos aqui de qualquer forma. – dou de ombros sorrindo.
  -Obrigada! – sorri.
SQ
  Quando subimos a Regina pareceu ter desistido de nos contar o que quer que seja, então sentamos na cama e assistimos vários filmes. Foi uma tarde agradável.
  No fim de um dos filmes eu e Regina dormimos, quando acordei só estávamos nos duas. Olhei pro lado e a vi, tão... Linda e... indefesa. Vê-la tão calma me fez querer protegê-la, não sei... Senti a necessidade de cuidar dela, não deixá-la sozinha mesmo que não me quisesse por perto. Sorri ao vê-la franzir o nariz.
  Senti meu celular vibrar e o peguei, era minha mãe. Arregalei os olhos ao ver a hora.
  -O que houve? – a voz rouca quase me fez cair da cama. Ela riu. -Desculpe. É que sua expressão não foi das melhores.
  -É a minha mãe. – revirei os olhos e levantei. -Eu já vou indo, vai ficar ou...?
  -Também vou! Me espera rápido? Preciso ir ao banheiro. – assinto.
  -Estou lá embaixo. – ela vai ao banheiro e eu desço para encontrar meu casal.
  -Ruby? – chamo ao descer as escadas. -Zel?
  -Aqui, amiga! – sigo a voz até a cozinha.
  -Hey! – observo-as. -Vocês são tão fofas e doce... as vezes até enjoa! – semicerro os olhos.
  -Agradeço ou...? – minha amiga rir.
-Deixa pra lá. – abraço Ruby e Zel. -Eu vou indo, Mary Margareth quer falar com a ovelha negra.
  -Não fale assim.
  -Ué... – sorrio. -Enfim, vejo vocês depois?
  -Claro!
  -Emma? – Regina me chama. -Podemos ir?
  -Sim... – olho para ela, parecia bem melhor.
  -Sis, depois nos falamos ok? Vou ficar bem. – abraça Zelena.
  -Tchau, Regi! -Ruby a abraça.
  Após sairmos de casa me dei conta de que estava sem carro.
  -Você está de carro?
  -Não... eu vim caminhando. – olhei espantada para ela.
  -Andou isso tudo?!
  -Sim, você também pelo jeito... – dá de ombros.
  -Não mesmo, eu vim com a Luisa...
  -Oh! – um silêncio constrangedor se instala. Começamos a caminhar.
  -Então... quer pegar um táxi ou vamos andando mesmo?
  -Você não parece gostar muito de caminhar...
  -Ah, mas se quiser eu posso acompanhá-la! – ela assente e sorri.
SQ
  -Então... – paramos em frente a casa dela. -Vai ficar bem?
  -Vou sim. Obrigada por me acompanhar. – sorrio.
  -Sempre que precisar, tem meu número?
  -Uhum...
  -Ah, é que qualquer coisa é só me ligar. – ela sorri e assente. -Estou indo enfrentar minha mãe, mas depois estarei livre ok? Mas se quiser me ligar antes eu super apoio! – ela rir.
  -Ok. Obrigada novamente. – assinto e espero que ela entre.
  Andei um pouco até achar um táxi. É, eu não gosto de caminhar mas ela queria.
  Poucos minutos depois estava na frente da casa dos meus pais. Respirei fundo e toquei a campainha.
  -Oi maninha! – olhei para Neal e revirei os olhos. Não me importava mais se eles gostassem ou não do meu jeito.
  -Quem tá aí? – coloquei as mãos no bolso da calça.
  -Entra. – saiu da minha frente e foi sabe-se lá pra onde.
  Fechei a porta e fui para a sala onde estavam todos sentados conversando.
  -Olá. Boa noite!
  -Emma!
  -Vovó!! – a abracei apertado.
  -Querida, como está linda! – sorri. Vovó Eva nunca apoiou minha mãe na forma como ela nos tratava, principalmente a mim. -Deve estar arrasando os corações dos rapazes, hum? – sorriu maliciosa.
  -Ah, tô nada. – então abriu ainda mais o sorriso e piscou um dos olhos para mim.
  -Então é das garotas, né? As moças adoram esses braços musculosos... – arregalei os olhos.
  -Mamãe, não fale besteira! A Emma não é assim. – olhei para minha mãe e vi que ela estava realmente horrorizada somente com esta conversa. Balancei a cabeça espantando os pensamentos.
  -Por que me chamaram? – sentei ao lado da minha avó no sofá.
  -Teremos um jantar amanhã e quero que venha.
  -Quem será o homem dessa vez? – cruzei os braços.
  -Não terá homem nenhum... Bem, somente um amigo Dale Hovarth e seu sobrinho, Spencer Hovarth. – sorri e senti meus olhos arderem.
  -E o que ele é? Arquiteto, advogado, cirurgião... Oh, tenente???
  -Emma Nolan Swan! Eu exijo... – a interrompo.
  -Acho que esses foram os únicos que ainda não me apresentou, porque até um ator já veio aqui. Mamãe, abra os olhos! Eu estou bem assim, sem ninguém... – lembrei de Luísa mas decidi não falar nada.
  -Você vai vir ao jantar e ponto final! – levantou-se. Senti um nó na garganta e engoli em seco, levantei e fiquei de frente para ela.
  -Não queria chegar a este ponto, mas eu tenho mais trinta anos e não moro aqui, tenho meu emprego, meu carro, meu dinheiro e minha casa sem precisar de vocês. Eu a respeito muito mãe, mas tudo tem limite, eu a amo mas não deixarei que tome conta da minha vida mais do que já o fez.
  -Como não precisou de nós? – ergueu sua sobrancelha bem feita. -Nós fizemos tudo, nós te demos tudo, eu a tornei o que é hoje. Eu paguei suas faculdades mesmo sem fazer engenharia civil. Se você tem tudo isso hoje, é porque eu trabalhei para que tivesse uma vida boa. Então você sempre dependeu de mim!
  -Mary... – meu pai tentou.
  -Então se tem um bom emprego, um ótimo currículo, uma enorme casa, um carro chique, e muito dinheiro na conta é por nossa causa. – meu coração batia forte, descontrolado. -Nem para fazer amizades você serviu, somente nos decepcionou. Sua melhor amiga é casada com uma mulher. – ela falava com tranquilidade. Ajeitou seu blazer impecavelmente branco. -A última coisa que ainda me dava esperança era você casar e ter filhos mas até nisso você falhou... – minhas lágrimas começaram a rolar e me amaldiçoei naquele momento, minha vista terrivelmente embaçada.
  Ela ia continuar falando, porém levantei a mão pedindo que parasse. Virei e peguei minha bolsa, tirei de lá um talão de cheque e uma caneta, fiz um cálculo rápido de quanto mais ou menos teria gasto na faculdade e escrevi, assinei a puxei. Guardei as coisas de volta na bolsa e a coloquei no ombro. Lhe estendi e vi sua cara nada disfarçada de surpresa.
  -Acredito que esta quantia esteja correta, no entanto, ficarei feliz em dar o restante caso falte, é só entrar em contato comigo caso esteja faltando. – fiquei espantada por estar falando com a voz firme. Todos estavam de olhos arregalados, parecia estar faltando oxigênio naquele momento.
  Peguei meu sobretudo sobre o sofá e enxuguei as lágrimas.
  -Vovó, espero vê-la novamente antes de voltar para a Flórida. – ela ainda estava perplexa. -Rose, Neal, pai... – todos em choque. Me afastei mas antes de sair olhei para Mary novamente. -Eu sinto muito que a tenha decepcionado tanto assim. Tenham uma boa noite e ótimo jantar amanhã. – olhei para todos e saí, minha mãe ainda segurava o cheque.
  Ao bater a porta percebi que tremia e minha respiração estava falhando. Prendi meu cabelo e olhei para cima tentando recuperar o fôlego.
  Chamei um táxi e logo estava caminho da praia, meu celular já tocava há um tempo mas nem me importei em ver quem era. Só conseguia pensar em tudo que ouvi.
  -Senhorita? Chegamos! – balanço a cabeça e sorrio. Entrego-lhe o dinheiro da corrida e saio do carro.
  Comprei uma cerveja numa barraca e sentei na areia perto da água. Meu celular continuava tocando mas não queria falar com ninguém.
  Qual é o problema em não querer compromisso? Não querer ter filhos nem nada parecido, bem, eu poderia ter um cachorro...
  Lembrei de Luisa e me toquei que não estou sozinha, eu gosto dela. Não é paixão. Não mesmo. Ela é divertida e bastante atenciosa, mas não é paixão o que sinto por ela. Eu já senti isso antes, me apaixonei pelo Samuel Witwer. Foi um romance bem clichê, me fez bem. Ele era um bom homem e um ótimo namorado. O nosso namoro até agradou Mary, pois ele vinha de uma família bem sucedida e todas essas coisas insignificantes. Já faz uns anos que terminamos, foi o último namorado que tive. Não queríamos as mesmas coisas, por exemplo, ele queria ter filhos e casar. Eu nunca sequer pensei sobre isso e após ele me pedir em casamento eu percebi que não queria nada disso, nem mesmo com ele. Terminamos e viramos amigos.
  Ouço novamente meu celular tocar e o atendo com raiva.
  -O que foi em?! Não quero falar agora! – minha voz saiu anasalada.
  “-A Rose pediu pra te ligar... Ela disse que estava preocupada!”
  Revirei os olhos.
  -Ruby, diga a ela que estou bem e que depois entro em contato. Por favor!
  “-Mas amiga...”
  -Que droga, Ruby! Faz isso!!
  Desligo a chamada sem dar chance de ela responder e volto a chorar. Abracei meu joelhos e olhei para o mar. Tenho que me acalmar. Eu preciso. Minhas lágrimas não vai mudar nada do que aconteceu.
  Novamente meu celular toca.
  -Que merda, Ruby! O que foi agora? Eu disse que não quero falar, poxa!!
  “-Oh, Emma! Eu não... me desculpe, eu...”
  -Regina? Me desculpe, não sabia que era você...
  “-É sério, desculpe. A Ruby pediu para eu te ligar mas esqueceu de avisar que não queria falar... Olha, desculpe novamente.”
  -Não, tudo bem! Só diga a ela que eu vou ficar bem e que depois eu ligo.
  “-Você está mau e precisando pensar?”
  Sorrio lembrando do dia que a trouxe para a praia e disse que sempre vinha quando queria esquecer tudo e pensar.
  -É, preciso sim.
  “-Ok, eu vou avisar a ela.”
  Me despeço e desligo o celular para ninguém me ligar novamente.
  Toda a conversa começa a passar como um filme, lembro do quão calma estava ao falar todas aquelas coisas, como se já quisesse falar há um tempo.
  Apesar de chocado, Neal estava adorando aquela situação. Rose nem se mexia e meu pai... Bom, ele com certeza não gostou de nada do que ela disse mas estava perplexo demais para falar mais do que um “Mary” assim como todos.
  Sinto-me observada e ao olhar para o lado, vejo Regina. Ao perceber que a tinha visto, ela sorri pequeno.
  -Oi... – espero que ela fale mais alguma coisa, porém nada sai.
  Volto meu olhar pro mar ainda abraçando meus joelhos. Ficamos em silêncio absoluto.
  -O que faz aqui? – questiono com a voz falha.
  -Não sei. – responde com sinceridade. -Não somos tão próximas mas... eu senti que não estava mesmo bem e sua voz também estava diferente, fiquei preocupada, confesso. Mas se não quiser que eu fique posso ir embora, só... – ela não termina. -Você esteve comigo, sabe? Mesmo eu não querendo.
  -Eu fiz porquê eu quis, não tem obrigação de ficar aqui só porque também fiz isso com você. – ouço seu suspiro alto.
  -Sei disso. Tenho plena consciência que não tenho obrigação. – ela para de falar um pouco. -Mas eu quero te fazer companhia, posso? 
  A encaro e ela permaneceu em silêncio esperando uma resposta. A observava atentamente.
  -Pode sim... – murmuro. -Eu adoraria!

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Ei! Como vocês estão? Espero que bem!!
Voltei rapidinho hahaha
Gente, vai ter capítulo no ponto de vista da Regis sim, o capítulo se chamará "Um Dia Com Regina Mills", não tá tão longe ok? Será importante para sabermos o que ela pensa sobre essa "Amizade" Com a Emma e infelizmente, sua relação com o Gideon.
Ai, ai, ai... Essa Mary 🤦‍♀️
Digam-me o que acharam sobre o que a Mary disse e essa atitude da Regina de ir até a praia...
O Samuel que a Emma mencionou é o ator que interpretou o Dr. Henry Jekyll
Não se preocupem com a Luísa e nem com a Alex, ok? Não serão problemas no futuro kk não vão voltar querendo a Emma
Luísa Alver é a uma doutora da série Jane The Virgin
Estarei de volta entre sábado e segunda!
Até mais! 💕

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