capítulo 39

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Capítulo 39

Narrador

- Emma, você tá muito calada. - Charles observou, apesar de seus olhos estarem fixos na atividade.

- Não posso falar enquanto estiverem fazendo atividade, Charles. - observou, ganhando um olhar desconfiado do garoto loiro.

Emma percebeu o exato momento que Christopher deu uma cotovelada no irmão, mas decidiu ficar calada. Não era momento para falar seus problemas, muito menos com alguns adolescentes.

- Estou bem, Charles. - sorriu para o garoto, que mesmo não convencido, voltou a fazer a atividade em silêncio.

Há alguns dias Emma tinha recebido um quase pedido de casamento. Dias. Ok, tudo estava bem e tinham conversado, tinha sido sincera com Regina e tudo estava bem. Mas, por que sentia-se tão esquisita?

No fundo, sabia que sua reação negativa e totalmente adversa à casamento, era lembrança de sua infância. Casamento a fazia lembrar de Mary Margareth, e como a mulher parecia treinar suas filhas para se tornarem esposas perfeitas. Sua ideia de casamento é isso. Casamento é servir, servir e servir.

Bufou sem nem perceber.

Christopher ergueu o olhar e dividiu a atenção entre a professora e o irmão, algo estava errado.

- Ela tá esquisita... - Charles falou numa tentativa de sussurro, que fora muito bem ouvido por Emma.

- Você é tão discreto, Charlie. - a loira brincou, rindo brevemente. - Estou bem, ok? Terminem as atividades, só temos mais vinte minutos.

- Você será nossa professora no colégio?

- Talvez, por quê?

- Você pode ser mais chata em uma escola. - novamente Christopher cutucou o irmão, que gargalhou alto. - Ela sabe que é brincadeira, irmão! Relaxa.

Rindo, Swan levantou e os deixou sozinhos - se permanecesse com os dóis, nunca terminariam a aula.

Apesar de realmente concentrada no trabalho, sua mente não parava de pensar no quase pedido de casamento e na sua reação.

Buscou o celular e mandou uma mensagem para David, o chamando para darem um passeio à tarde.

SQ

- Daqui uns anos eu tenho quarenta e ainda tenho medo de casamento. Isso é patético!

David, que caminhava em silêncio ao seu lado, fixou os olhos na filha e esperou.

- Por que ainda está casado com a mamãe? - Emma observou o homem suspirar alto e levantar as sobrancelhas, procurando as palavras.

- Eu não sei. Talvez eu ainda a ame, ou... ou talvez eu esteja muito acostumado para abrir mão desse casamento.

- Mas você não está feliz, não é?

- Não, não estou há muito tempo.

- Então por que não a deixa? - freou os passos e David a imitou. O homem cruzou os braços e permaneceu calado. - Eu... Regina praticamente me fez um pedido de casamento e eu tive medo.

- Medo?

- É, porque eu acho que não aceitaria. - confessou com lágrimas nos olhos. - Eu a amo tanto, papai, tanto. Mas, se àquela noite ela tivesse realmente me feito o pedido, eu não aceitaria e não por não ama-la. Eu a amo tanto que dói saber que minha resposta seria negativa.

- Por que diria não?

- Eu... - a loira fechou os olhos brevemente e sacudiu a cabeça, voltando a caminhar calmamente. - Mamãe me ensinava, desde pequena, a como ser uma boa esposa e a servir. Quando eu tinha cinco anos, ela me disse que eu seria uma boa esposa pois era obediente. Eu tinha cinco anos! E eu cresci com essa frase se embaralhando na minha mente, e então veio mais e mais coisa, tudo que Mary falava sobre casamentos e sobre como a mulher deve servir e que independente da situação, deve se manter juntos, o casamento acima de qualquer coisa. Com dez anos, ela soltou que eu e o Rick, um dos meus colegas da época, seríamos perfeitos juntos. Pai, eu tinha dez anos. - inspirou fundo, sentindo certo alívio em finalmente verbalizar o que de fato a afligia. - Nenhum casal ao nosso redor era um exemplo a se seguir, inclusive o seu e na minha cabeça o casamento é sinônimo de infelicidade.

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