Capítulo 3

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CAPÍTULO 3
  Após fazermos nossos pedidos, ficamos em silêncio por um tempo, até ela perguntar:
  -O que a senhorita quer falar comigo? – suspiro.
   -Regina... Posso chamá-la assim? – ela assente. -Eu gostaria que, se possível, fosse assistir mais aulas... Eu fiquei bastante curiosa com seu conhecimento, eu não entrei em detalhes hoje durante a aula mas você soube me responder. – ela cora levemente.
  -Ah, eu só... eu comprei uns livros há um tempo e já estudei em casa, sempre me interessei e agora estou prestes a terminar os estudos...
  -Então pretende se formar em Direito? – ela assente. -Presumo que seja de humanas... – ela novamente confirma com a cabeça.
  -Mas... – interrompe a fala quando o garçom trás nossos pedidos. -Mas eu também tenho uma queda por números. – semicerra os olhos divertida, mas não sorri. -Pensei em fazer Administração ou Engenharia Civil.
  -Oh! – sorrio. -Mas você pode fazer tudo isso. – ela ergue a sobrancelha como se questionasse. Sorrio. -Não quero que me ache uma metida, mas sou formada em Direito e Psicologia. Pós-Graduação, mestrado e doutorado em Direito. E pós-graduação em Psicologia. Fiz também tudo isso em Letras. Então sim, é possível você fazer o que quiser!
  -Uau! – é a única coisa que ela fala.
  -Desculpe-me perguntar, mas... quantos anos tem? É que...
  -Eu entendo, ainda estou no colegial... – assinto. -Tenho dezenove. – não escondo minha cara de surpresa, pois ela logo pergunta: - Por que?
  -Eu nunca imaginaria, parece tão madura! – ela assente. -Enfim, tente assistir mais aulas na Universidade.
  -Tudo bem.
- SQ –
  Enfim estava de férias, se bem que eu nunca fico totalmente, pois estou solteira e evitando os jantares em família, então estou sempre preparando assuntos para passar para meus alunos. Mas eu teria mais ou menos dois meses em casa, então arrumaria uma forma de relaxar.
  Impossível!
  Hoje é sexta, mais um jantar. Já estava arrumada há uns trinta minutos, criando coragem para sair de casa e encontrar minha família.
  -Amiga, socorro!! – falei assim que Ruby atendeu o telefone. -Eu tenho mais um jantar na casa dos meus pais, eles vão encher meu saco novamente Loba!
  -Desculpe, mas não é a Ruby...
  Que?
  -Que? – franzi as sobrancelhas.
  -Quem está falando é a Regina, senhorita Swan. – fala calma.
  -Oh, desculpe! – falo envergonhada.
  -Tudo bem... A Ruby saiu com a Zel, estou aqui para cuidar do Oz.
  Oz é o cachorrinho delas.
  -Certo, tchau... E desculpe novamente.
  -Tudo bem. Até mais. – fala com o tom de voz risonho.
  Ela tá rindo?!
  -Cê tá rindo de mim?!
  -Oh, não. Jamais! Era apenas uma coisa que passou na TV. Até mais. – desligo a chamada rindo.
  Levanto e pego minhas chaves, não posso evitá-los para sempre não é?
  ***
  -Boa noite. – olho para todos mas meu olhar para em um desconhecido.
  -Oi meu amor. – mamãe me abraça. -Deixa eu te apresentar o Killian, amigo de seu irmão... Ele é solteiro. – sussurra a última parte.
  É sério isso? Aperto minhas mãos para controlar minha raiva e sorrio.
  -Killian, essa é minha filha, Emma. – o rapaz aperta minha mão.
  -É um prazer conhecê-la senhorita.
  -Igualmente. – largo a mão dele. Saio da sala indo para a o terraço, sento-me no batente sem me importar de sujar minha calça branca.
  Ela sempre me apresentou para os homens de forma que ela acha sutil, mas que fica na cara que ela está procurando um macho alfa para a filha encalhada.
  -Por que tá torcendo tanto o rosto? – Rose senta ao meu lado.
  -Você sabia que ela traria um convidado?
  -Não, ela sabe que eu te diria. – assinto.
  -Por que é tão importante que eu namore? Eu não quero toda essa pressão, nem quero ter filhos. Ela não percebe que isso piora tudo?! – falo com a voz extremamente cansada. Ela me abraça de lado.
  -Fale com ela...
  -Você conhece nossa mãe!
  -É melhor do que viver assim! Sabe o que vai acontecer daqui a pouco? Você vai dizer que está cansada, e vai embora. E ela vai passar o resto do jantar dizendo o quão mal educada é você, o quão mal agradecida...
  -Não precisa terminar. – me afasto do abraço e levanto. -É ótimo saber que sou o tópico das conversas. – sorrio para minha irmã e entro, pronta para enfrentar dona Mary.
  Sentamos todos à mesa, com o Killian ao meu lado, óbvio. Mesmo nessas circunstâncias, ele estava sendo um cara legal, me respeitando. Ele nem ao menos parece saber que está aqui para “namorar” comigo.
  -Querida, fiz Sashimi. Sei que você adora. – arregalei os olhos desacreditada.
  -Eu não como frutos do mar. – falo constrangida.
  -É claro que come! Sempre comeu! – me encara séria.
  -Quer saber? Estou sem fome, vou tomar somente o vinho...
  -Você vai beber? – ergue a sobrancelha. Olho para todos ali e suspiro.
  -Não, não vou. Vou ficar somente na água, tudo bem? – ela sorri. Reviro os olhos e conto mentalmente até dez.
-SQ-
  Não sei quando chegamos nesse assunto, mas estava me incomodando demais. 
  -Como você acha que uma criança cresceria tendo esse tipo de criação?
  -Como assim, “tipo de criação”? – ergo a sobrancelha.
  -Pais homoafetivo? – arregala os olhos extremamente dramática. -É claro que a criança cresceria com a cabeça confusa, fora que poderia sofrer bullying no colégio...
  -Eu não acredito que ter dois pais ou duas mães influencie em alguma coisa, é claro que, só incomoda aqueles que tem mente pequena como você, mamãe! Abra os olhos, estamos em pleno século XXI. Casais homossexuais só afetam aqueles que pensam pequeno, que não entende o amor. Mamãe, o amor vem antes do gênero... – respiro fundo.
  -Por que defende tanto? – Neal pergunta com escárnio. -Você é lésbica? – sorri de lado.
  -Não, eu não sou. Mas eu acredito que você seja um gay incubado, seu filho da puta!! – levanto da mesa. Olho para minha mãe. -Nada pessoal. Eu já vou indo, o jantar estava ótimo!! – falo com ironia. -Killian desculpa por tudo isso. Eu sinto muito. – pego minha bolsa e saio.
  Finalmente respiro ao bater a porta do carro, o que deu em mim?! Eu nunca rebati nada que ela tenha dito.
  -Oi... – olho para a janela e vejo Killian.
  -Hey... – abro a janela.
  -Então, quem me trouxe foi o seu irmão, mas... Poderia me dar uma carona?
  -Claro. – destravo a porta e ele entra. Ficamos em silêncio.
  -Eu queria... – falamos em uníssono. Sorrio. -Você primeiro.
  -Então, eu queria agradecer por tudo que falou. Foi muito importante... – olho para ele confusa. -Eu sou casado, com um homem... – não escondo minha surpresa, ele rir. -Faz seis anos, tenho uma filhinha de dois aninhos.
  -Oh! – sorrio largo. -Como conseguiu ficar tão calmo?!
  -Estou acostumado com esse tipo de coisa. Eu tentei dizer ao seu irmão que já era casado e que sou gay, mas ele somente ignorou. – dá de ombros.
  -Eu sinto muito.
  -Não sinta. – aperta levemente meu ombro. -Vamos?
  -SQ-
  -A casa da Regina? – pergunto surpresa.
  -Então você a conhece? – assinto. -Ela é minha amiga, disse que precisava conversar. Obrigado pela carona! – sorri e sai do carro.
  Volto e vou para minha casa, queria descansar e esquecer a noite desastrosa.
  Não demorou muito para estômago reclamar, mau tinha começado o banho. Decidi não demorar tanto, logo sai para comer.
  Não tinha nada, NADA comestível na minha geladeira. Só tinha água e cerveja, eu nunca gostei de cozinhar então não tem motivos para comprar comidas.
  Estava quase desistindo de indo dormir, quando lembro de uma pacote de salgadinhos no armário. Sorri e peguei juntamente com um enorme copo d’água. Voltei pro meu quarto e depois de comer, logo apaguei.
  -SQ- Um ano depois
Regina Mills sem dúvidas se daria bem como advogada. A beleza, sorriso e lábia a faria ganhar o mundo.
  Ela estava se destacando entre todos os outros alunos em que dava aula. Por incrível que pareça, ela ainda namora o Gideon, ok... Não sei porquê seria difícil de acreditar, só achei que eles não combinavam.
  Meus pais ainda tentam me arranjar um namorado, e consequentemente, eu os evito. Não é como se eu tivesse todo esse tempo sem transar (ou ter um orgasmo).
  Minha garotinha (Alison) estava cada vez mais esperta, fico boba perto dela. Elas estava planejando ir para uma segunda lua de mel, mas o Bae não podia ficar com a Ali todos os dias, então a Regina se ofereceu para cuidar dela, vou ajudá-la. Ele pegaria ela na sexta a tarde e traria na segunda.
  Faltavam duas semanas para dezembro, já faz tempo que conheci Regina, mas não parece. Ela ainda parece uma desconhecida, ela não se aproxima, não conversa, ela é fechada.
  Já estávamos de férias novamente, o tempo passa rápido. Eu me aproximei bastante de Killian, nos tornamos amigos. Conheço sua filhinha de (agora) três aninhos e seu marido, August. São uns amores. Para três aninhos, a menina era muito esperta. Muito mesmo.
  -Lobaaaa. – falo com a voz extremamente dramática fazendo minha amiga rir.
  -Que?
  -Eu não sei mais o que fazer da minha vida...
  -Transar seria uma boa... ouvi você falando sozinha esses dias, está ficando maluca? – semicerro os olhos na direção dela.
  -Eu estava no telefone. – deito a cabeça em suas pernas.
  -Eu encontrei a Lena semana passada, como ela consegue continuar gata?! – arregalo os olhos e sento-me novamente.
  -Lena Luthor?!
  -Sim, sua antiga crush... – da um sorrisinho sacana.
  -Aquilo foi algo momentâneo... - desvio o olhar.
  Nos conhecemos quando eu estava estagiando na empresa, Lena trabalhava lá. Na verdade, ela agora é uma das donas.
  -Rolou até beijo! Não seja fingida, pato feio!
  -Estávamos bêbadas. – dou de ombros. -Mas foi bom! – dou um sorriso maroto.
  -Você ainda vai perceber seu lado colorido, loira! – sorri de lado. -Nós vamos fazer um jantar aqui, quero que venha. Somente eu, Zel, você, Regina e o namorado, e Cora.
  -Vou ficar servindo de castiçal com uma senhora de cem anos?! – ela da uma alta risada.
  -Não fale assim dela. – sorrio. -Cora gosta de você, bem mais que do Gideon...
  -Que?
  -Ela não suporta o Gideon, é sério! Você precisa ver, é toda hora soltando gracinhas. – suspira. -Ele é um escroto, só o tolero pela Regina. A Zel também não gosta dele, então tento dar um apoio...
  -Uau! – não tem mais nada que eu possa falar. Nunca imaginei que fosse assim. -Eu vou vir, hoje? – ela assente.
°°°
  Já estava quase na hora do jantar, terminava de arrumar meu cabelo. Vesti uma calça jeans clara, uma blusa branca simples de alça e um terninho bege. Nos pés, tênis branco. A maquiagem estava leve, mas meus lábios marcados por um batom vermelho sangue.
  Peguei minha bolsa e as chaves, já estava atrasada.
  Eu conheci a Ruby no colégio, ela é mais velha que eu. Foi a única que não implicou pelo fato de eu ser a mais nova, éramos da mesma turma no ensino médio. Nos separamos quando fomos para a faculdade, ela fez medicina. Já passamos alguns meses sem nos vermos mas quando acontecia nada mudava. Eu a amo muito. Sinto-me bem mais a vontade com ela do que com qualquer um da minha família. Ela já aturou de tudo comigo, inclusive meu surto ao descobrir que estava atraída pela Lena, mas isso logo passou. Já a aturei bastante, já levei até tapa por ela. Me partia o coração vê-la chegar do trabalho com os olhos marejados por ter perdido um paciente. Eu somente a abraçava e lhe fazia cafuné até que pegasse no sono. Nós sempre nos apoiamos. O amor que sinto por ela é algo que beira o sublime. Rolou até ciúme quando ela veio me contar que estava se apaixonando, pura bobagem minha mas eu senti. Até que conheci a ruiva e vi que minha amiga estava em boas mãos, eu sou o mais próximo de uma família que ela tem. Sua avó faleceu pouco depois que a Alison nasceu, sua mãe... Bom, ela nem lembra mais a aparência da mãe. A Ali e o Bae ajudaram bastante a mim e Ruby com a perda. Pouco tempo depois dela me anunciar sobre o namoro, veio contar sobre o pedido de casamento, consequentemente tive que conhecer toda a família da Zelena, e foi aí que conheci a Cora, num jantar de família. A senhora me encantou, extrovertida e muito divertida, sempre divertindo e animando as pessoas ao redor, mas também dando sermão quando necessário. E sim, conheci toda família exceto a Regina, até o dia em que encontrei com elas na lanchonete.
  -Uau, está querendo impressionar alguém é? – Zelena fala assim que atende a porta para mim.
  -Não sei... Vai que eu consiga. – sorrio.
  -Tá linda loira. – sorri me dando passagem.
  -Obrigada, Zel! – olho ao redor mas não vejo ninguém.
  -Só estávamos esperando você. – fala como se lesse meus pensamentos.
  -Cheguei tão atrasada assim? – sorrio sem graça.
  -Nah! Vamos. – seguimos para a cozinha e todos já estavam lá.
  -Boa noite! – todos me olham e sorriem me respondendo.
  -Emma querida, faz tempo que não a vejo! – Cora levanta para me cumprimentar.
  -É a vida, Cora. – dramatizo fazendo-a rir. -Anda tudo difícil. – reviro os olhos sorrindo e me separo do abraço.
  Sento ao lado dela, de frente para Regina e Gideon, Zel e Ruby estavam nas pontas da mesa.
  -Espero que você tenha cozinhando, Zel. A Ruby queimaria qualquer coisa que tentasse fazer... – minha amiga me encara emburrada enquanto Cora e Zelena riem.
  -Eu cozinho muito bem!! – exclama fingindo irritação.
  -Amor, não precisa mentir. Estamos em família... – a ruiva fala nos fazendo rir.
  °°°
  O jantar seguiu tranquilo, Regina e Gideon quase não falaram.
  Fazia tempo que não jantava tão tranquilamente, sem ninguém questionar sobre minha vida amorosa.
  Após terminarmos, ajudei minha amiga a retirar a mesa. Tudo organizado, fomos para a sala, onde estavam todos, cada um com uma taça de vinho, exceto a Regina.
  -Você não bebe? – questionei enquanto me servia. Senti um clima tenso se instalar, olhei para cada uma presente sem entender.
  -Sim, senhorita Swan... Mas não estou muito afim hoje. – assinto ainda estranhando o clima e sento no tapete.
  Conversamos durante um tempo, até que Cora levantou.
  -Crianças, tenho que ir. Felizmente ainda trabalho, e hoje ainda é quarta-feira. – dá seu costumeiro beijo na testa de cada uma de nós, olha para Gideon e assente levemente com a cabeça.
  -Tchauzinho, Cora! – solto beijos no ar, fazendo-a rir.
  -Acho que já devemos ir também. – Gideon fala com a voz sem saco de sempre.
  Novamente sinto o clima ficar tenso, Zelena encarava  Regina esperando uma resposta, mas a morena não falava nada. Após uns minutos sem resposta, a ruiva levanta.
  -Vou levar as taças. – sorri pequeno saindo da sala, seguida de Ruby. O rapaz sorria de lado, ignorante!
  Fiquei um pouco sem reação, mas já segurei tanta vela na minha vida que não liguei em segurar mais uma vez. Me encolhi e continuei na sala.
  -Amor... – ouvi ela murmurar.
  -O quê?! Quer ficar aqui?! – pergunta controlando o tom de voz.
  -E-eu... – a morena olha pra mim e volta o olhar para o namorado.
  Desvio meu olhar do casal e peço aos Deuses que envie alguém para essa sala.
  -E-eu...
  -Pare de gaguejar! – fala irritado. -Se decida! – não resisto e olho novamente para eles.
  -Senhorita Swan, diga a Zelena que depois falo com ela, por favor? – pede com a voz extremamente baixa e os olhos brilhando. Será que é lágrima?
  -Claro.
  -Obrigada! – sorri pequeno. -Até mais. – sorrio. Gideon segura seu braço e os dois saem.

-----&------
Volteeei 💕
Ainda vai demorar um pouco para as coisas acontecerem, confesso. Primeiro elas vão construir uma amizade, Regina quer confiar na Emma mas é difícil para ela e vocês vão entender o porquê, ela vai contar um pouco sobre o passado dela...
Não tô fazendo com muita pressa, sabe? Quero que elas confiem uma na outra para começar a descobrir um sentimento.... E como já sabem, Emma é professora da Regina e trabalha para o pai do namorado dela kkk e o Gideon é um babaca, não tem o q dizer rs
Emma vai ajudá-la em vários momentos, terá conversas mesmo parecendo que não kkk A Regina não fala muito hahaha
Ah, não pretendo fzr capítulo nenhum no ponto se vista da Regina, ao menos não em situações atuais, só flashbacks sobre seu passado. Talvez eu mude de ideia mas por enquanto será somente pov da Emma
Mary é bastante intolerante e ainda terá mais coisas fora isso do capítulo, ok?
No começo a Regina diz ter dezenove anos mas no decorrer do capítulo mostra que se passou um ano, no caso ela está com 20 e a Emma 34
Digam-me o que estão achando, please!
Até mais! ♥

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