50 • pink lemonade

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— "Let me wake up heavy head, lying in my bed with you naked. Go put that song on, that you love on repeat, until we can't take it. I wanna drink pink lemonade watching movie trailers 'til it's late. And let's remember all the words
that we think are gonna make our hearts break." —



Abri os olhos devagar, arrependendo-me instantaneamente por conta da claridade em que o quarto se encontrava. Quarto que, aliás, não era meu. Dei-me conta daquilo assim que consegui abrir os olhos por completo e notar que não estava em casa. Minha cabeça doía como se estivesse sendo pisoteada por uma manada de elefantes.

Sentei-me na cama com muita dificuldade, vendo roupas minhas espalhadas pelo chão, só então notando que eu estava apenas de calcinha e sutiã. Mas, que porra eu havia feito? Forcei a memória, tentando resgatar alguma coisa da noite passada, apenas conseguindo me lembrar de ter dançado – e muito – junto com Mitchy.

Então, me desesperei. Não, não era possível. Eu não faria aquilo. Faria? Levantei-me meio sem jeito, cambaleando pelo cômodo até o banheiro, onde tinha escutado alguns barulhos.

Abri a porta, mal me importando que eu estava apenas de roupas íntimas, encontrando Michelle escovando os dentes. Ela me olhou por uns dois segundos, cuspindo a pasta na pia e enxaguando a boca antes de me olhar devidamente.

– Bom dia, Bela Adormecida – brincou. – Como você está? Pela sua cara, não muito bem – abriu o espelho do banheiro, tirando de lá uma aspirina e me entregando. Peguei o comprimido, um pouco desconfiada. Eu nem me lembrava de ter sequer conversado com Michelle na noite anterior. O que ela estava fazendo naquele quarto que eu nem sabia de quem era?

– Michelle, o que aconteceu? Por que eu tô... – gesticulei para mim mesma, em desespero. – Assim? – Michelle apenas me encarou e riu da minha cara.

– Relaxa, nada aconteceu – se escorou na pia, de braços cruzados. – Você só passou um pouquinho do ponto ontem e como estava todo mundo meio alterado demais e eu não, o Mitchy me pediu ajuda. A gente só te trouxa pra cá e você capotou – explicou.

– E por que eu estou de roupa íntima? – indaguei ainda confusa.

–Você disse que estava com calor, no meio da noite. Arrancou suas roupas e dormiu de novo – ela riu. Que diabos tinha naquela cerveja?

– Bom, pelo menos, não dei nenhum showzinho. Né? – a encarei, preocupada.

– Não,você foi do tipo colaboradora. Bebeu, deitou e dormiu – passou por mim, voltando a se deitar. – Muito melhor do que muita gente que eu conheço – riu da própria piada e se virou de costas. Neguei com a cabeça, recolhendo minhas roupas e entrando no banheiro para me vestir e passar um enxaguante bucal para tirar o hálito de cerveja.

Saí do quarto, percebendo que estava no andar de cima da mesma casa da noite passada. Desci as escadas, indo direto para a cozinha. Estava doida por um copo de água gelado, minha garganta estava seca e eu morta de sede.

Mitchy estava sentado em um banco, de frente para a entrada da cozinha, e sorriu assim que pôs os olhos em mim.

– Bom dia – falou. – Como está sua cabeça? Você bebeu bastante ontem – se recostou na cadeira.

– Melhor – sorri. – A Michelle me deu uma aspirina lá em cima – desviei o olhar para a geladeira. – Posso pegar uma água? Eu estou morta de sede – perguntei. Parecia que eu estava caminhando há dias por um deserto escaldante.

– À vontade – Mitchy gesticulou para o eletrodoméstico. – Não te expulsando de casa, você é mais que bem vinda aqui – sorriu. – Mas, imagino que esteja querendo tirar essa roupa e tomar um banho decente – olhei para ele, concordando. Eu morreria por um banho gelado naquele momento. – Você tem como voltar para casa?

coffee & tea • c.t.hOnde histórias criam vida. Descubra agora