49 • california

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— "If you come back to America, just hit me up. 'Cause this is crazy love, I'll catch you on the flipside. If you come back to California, you should just hit me up." —

• Olivia Jones

Depois de escutar um leve sermão dos meus pais e do Ethan, afinal, aquela era a função deles, pude finalmente voltar ao meu quarto. Minha família estava certa. Eu havia sido muito imprudente. Muita coisa poderia ter acontecido se eu não tivesse sorte, e nunca, em hipótese alguma, eu poderia repetir aquilo. Era final de tarde de sábado e eu me sentia tão vazia.

Quando eu era adolescente e me sentia angustiada, costumava planejar momentos para colocar meus sentimentos para fora. Combinava uma hora do dia para enfrentar tudo aquilo que enchia meu peito de tristeza. Talvez se eu tivesse feito aquilo mais cedo, não teria surtado naquele nível.

Fechei a porta do quarto, seguindo para a minha cama e ali me deitei. Fechei meus olhos e deixei que as lembranças me tomassem como uma enxurrada de memórias. Eu precisava seguir o conselho dos meus amigos, precisava colocar tudo aquilo para fora e enfrentar a realidade. A realidade era o que eu sentia muito mais falta dele do que eu gostaria.

Quando Calum me pediu em namoro, eu questionei-me se era possível nós dois sermos almas gêmeas. Naquele momento tive certeza. Não importava quanto tempo se passasse, e eu sabia que em algum momento precisaria seguir em frente, mas sempre iria levá-lo comigo. Uma parte de Olivia Jones sempre pertenceria a Calum Hood, de alguma maneira. Sempre estaríamos ligados, e eu precisaria aprender a conviver com aquele fato. No momento, era doloroso saber daquilo, mas eu iria fazer nossa lembrança se tornar algo bonito.

Não queria mais sentir mágoas de Calum. Talvez nós não fossemos pra ser e seria mais fácil pra mim se eu acreditasse naquilo. Era bem provável que ele estivesse seguindo em frente no Canadá. Talvez ele ainda pensasse em mim, mas não deixasse aquilo tomar conta dele como estava tomando conta de mim. No fundo, eu tinha certeza de que Calum não havia me abandonado por completo.

Eu ia superar. Mas, por hora, deixei o sofrimento tomar conta de mim e as lágrimas me invadirem.

Peguei minha caixa de fotos e me permiti ficar mal naquele dia. Eu iria sangrar até que as feridas secassem. Eu precisava passar por aquilo.

A primeira foto que vi foi uma que tirei de Calum deitado na minha cama em uma daquelas manhãs frias de janeiro. Estávamos apaixonados e, naquele dia, resolvi registrá-lo enquanto ele cochilava mais dez minutos como sempre implorava para fazer. Lembrei-me de como era bom amar todas as versões dele. Calum não precisava ser mais forte do que ele realmente era quando estava deitado em meus braços. Ele era apenas ele. Em sua mais pura essência e transparência. E, porra, como eu queria ser capaz de tê-lo ali. Não importava onde ele estivesse, eu esperava que Calum pudesse ser ele mesmo.

Eu esperava que ele estivesse bem.

A próxima foto era uma de nós dois na praia. Senti minha garganta embargar com os soluços enquanto me lembrava de como era bom ser amada por ele. Eu o buscaria em qualquer lugar se ele me prometesse que iria voltar. Eu ainda o amava. Duvidava que um dia eu fosse parar de sentir aquilo.

Nós poderíamos fazer o que ele quisesse. Poderíamos viajar para o mais longe possível. Nós poderíamos visitar todos aqueles lugares que visitamos em seu aniversário. Poderíamos fazer uma festa, dançar até o amanhecer. Se ele voltasse para a Califórnia.

A terceira foto era uma que eu havia tirado dele em sua cozinha antiga. Calum segurava uma xícara de café e sorria feito uma criança. Eu jurava que poderia sentir estrelas em seus olhos. Ele sempre me encarava daquele jeito, como se eu fosse a coisa mais preciosa da sua vida. Como se eu fosse sua raridade.

coffee & tea • c.t.hOnde histórias criam vida. Descubra agora