—"Those cool kids stuck in the past."—Jesse pulava no palco. Eu estava incapacitada de sentir qualquer célula do meu corpo. Aquilo não podia estar acontecendo.
"Your love is scaring me.
No one has ever cared for me as much
As you do, uh, yeah
I need you here."
Payton dançava e pulava ao meu lado. Cantávamos com todo o ar de nossos pulmões.
Estava quente, e eu poderia desmaiar a qualquer momento. Mas não podia deixar aquilo acontecer. Eu estava no show da minha banda favorita. No show da The Neighbourhood. Na primeira fila. Aquilo só podia ser um sonho.
Eu sentia todas as notas da música passarem pelas entranhas do meu corpo, me causando todos os tipos de arrepios. Olhava para Jesse, com toda sua autenticidade que podia ser percebida de longe. Mas eu não estava longe dele. Estava perto. Muito perto.
O homem, em seus vinte e poucos anos, começou a se aproximar, dando suas mãos aos fãs da plateia. Eu já não estava mais respondendo por meus atos. Ele estava ali. Bem ali.
Ouvi, de longe, o canto dos passarinhos, seguido de freios de carros, buzinas, e, de repente, já ouvia até o bater de pratos que meu pai fazia na cozinha, no andar de baixo. Mas meu pai nunca acordava antes de mim. Desde meus dezesseis anos sempre fora eu quem o chamava para levantar. Lentamente, abri meus olhos, percebendo que a luz da janela incidia não só sobre toda a minha cama, mas também sobre meu quarto.
Apalpei a cama ao meu lado, procurando por meu celular, que todas as noites carregava na tomada próxima à cama. Eu sei, eu sei. Não devemos deixar aparelhos eletrônicos ligados à energia perto de nós, pois podemos levar choque. Meu pai mesmo vive me mostrando fotos de pessoas acidentadas que faziam isso. Mas o que eu poderia fazer? Era mais forte do que eu. Não podia correr o risco de fazer o caminho da minha casa até a faculdade sem bateria no celular para ouvir minhas playlists favoritas. Ao menos, perdi o péssimo hábito que tinha de dormir com os fones nos ouvidos – isso, só porque acabei estragando um fone. Pobrezinho, foi esmagado por mim no meio da noite. Eu precisava de uma trilha sonora para meus devaneios pré-sono. Pra falar a verdade, eu andava tão cansada que quando começava o próximo episódio da minha "Ilusão Diária", já havia caído no sono.
Desbloqueei a tela do meu celular, dando de cara com uma foto em preto e branco de Jesse Rutherford. Então, lembrei-me do sonho. Puta que pariu! Sete horas. Eram sete horas da manhã? Que porra eu havia feito?
Dei um pulo. Sete horas. Eu nunca, nunca mesmo, em hipótese alguma, conseguiria chegar na aula em tempo acordando às sete horas. Que merda havia acontecido? Por que meu pai não havia me chamado? Cacete. Joguei o celular em qualquer lugar, e em milésimos de segundos, eu já estava em pé. Não era possível. Procurei por meu celular novamente para me certificar mesmo de que havia olhado certo. Sete horas e um minuto. Porra, eu havia perdido um minuto naquela enrolação.
Acendi a luz do meu quarto. Não que precisasse, já que o sol das sete da manhã já iluminava todo o cômodo. Abri a porta, a deixando bater atrás de mim. E segui para o banheiro. Acendi a luz, dando de cara comigo mesma no espelho. Minha franja estava toda desajeitada, exatamente como acordava todas as manhãs. Peguei a chapinha rapidamente e a liguei na tomada. Eu iria acabar ficando sem cabelo, mas não tinha muito o que fazer, já que a chapinha era a única capaz de conter todo aquele frizz. Escovei meus dentes na velocidade da luz, e então, corri para meu quarto novamente.
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coffee & tea • c.t.h
FanficApós um grande acontecimento em sua vida, Olivia Jones precisa assumir grandes responsabilidades, se privando de tudo à sua volta. Porém, com a chegada de Calum Hood em sua vida, ela verá que tudo pode ser diferente e que a vida pode ter dois lados...