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"If you never bleed you're never gonna grow. And it's alright now."

Calum Hood


Café era meu maior vício. Maior que o cigarro. Isso porque o cigarro me consumia só em momentos em que eu estava em extrema ansiedade, enquanto o café era aquilo que eu tomava todos os dias. Nenhum deles se comparava ao vício que eu tinha pelo amor da Olivia.

Eu me viciei nela sem nem perceber. E, naquele momento, quando eu soube que não tinha mais volta, a abstinência me atingiu como um caminhão em alta velocidade.

Eu estava em meu corredor, a caminho da recuperação daquele vício. Olivia não ia voltar. Eu tinha certeza. Ela não ia bater na minha porta de novo e pedir pra gente não desistir da gente. Eu tinha certeza porque vi aquilo em seus olhos cheios de lágrimas. Eu vi que ela estava sofrendo, mas ela era forte. Ela era forte pra caralho.

Olivia tinha quase perdido a pessoa que ela mais amava no mundo. Ainda jovem demais ela passou por tanta coisa. E eu sabia que o fim de nós dois seria doloroso para ela. Mas eu sabia que ela iria se recuperar.

Eu não queria me recuperar. Eu não queria ficar melhor se aquilo significasse deixá-la para trás. Eu não queria que Olivia fizesse parte da minha jornada, mas que não fosse o meu destino final. Eu não queria acreditar que não éramos pra ser. Talvez eu a encontrasse em seu corredor da recuperação algum dia.

Nada fazia sentido.

Olivia aliviou a dor e a falta que eu estava sentindo dela, mas no final eu ainda estava sozinho, sem ela, e ansiando, mesmo sabendo que era inútil, pelo momento em que aquilo se repetisse e que eu pudesse melhorar outra vez. Eu precisava melhorar. Eu não ligava se depois ela fosse embora outra vez, se fosse para tê-la comigo por mais uma noite.

Eu não queria dizer adeus. Não podia ser um adeus. Nós precisávamos nos resolver.

Eu ainda estava parado no batente da porta e havia perdido a noção do tempo. Olivia havia ido embora há alguns minutos, ou horas, eu não seria capaz de contar. Minha cabeça projetava todos os nossos momentos como um filme doloroso. Era um adeus. Era o fim. Era aquilo.

Liv não ia voltar. Nós não iríamos nos resolver, pois já estávamos resolvidos. A resolução foi o adeus. Não existíamos mais.

Olivia não era mais a minha Olivia. Ela não era mais a minha raridade. Eu não era mais seu Calum. Nós não éramos mais nada.

Nada.

Saí porta a fora. Não conseguia voltar para aquele apartamento naquele momento. Havia muitas emoções e memórias ali. Havia felicidade e tristeza. E eu não era capaz de lidar com aquele misto de sentimentos naquele momento. Então, saí.

Por horas, vaguei pelas ruas para escapar dos meus problemas e dos meus sentimentos, assim como os ladrões fugiam da polícia.

Naquele dia eu precisava externar tudo de alguma maneira. Eu precisava preparar a minha cabeça para aceitar o fim. Nunca havia sentido a dor de perder alguém daquela maneira. Não era apenas rejeição, mas sim um sofrimento cortante.

Algum dia aquilo iria passar, eu esperava que sim. Em algum momento eu iria entender e aceitar. Mas como se Olivia houvesse se transformado em um fantasma, eu precisava viver aquele sofrimento para que aceitasse que em algum momento eu a encontraria. Talvez em outra vida ou em outro lugar. Mas, eu precisava me conformar em algum momento. Não éramos mais. Nada.



Olivia Jones •

coffee & tea • c.t.hOnde histórias criam vida. Descubra agora