Cristo Redentor

10.8K 1.2K 1.1K
                                    

Kageyama era arrastado pelas ruas principais do Rio de Janeiro. Era apenas oito da manhã e Hinata quase corria com uma mão agarrada ao seu punho, enquanto se dirigiam ao ponto turístico mais famoso daquela cidade. Visitar o Cristo Redentor valia, com toda certeza, a empolgação do ruivo. 

Era o seu terceiro dia na cidade. Depois da situação um tanto constrangedora que passou com Pedro, Hinata decidiu que deveriam esperar o outro sair para a escola para terem um contato mais íntimo, já que o mesmo afirmou que as paredes do apartamento onde estavam eram finas, e muito provavelmente, Pedro iria ouvir tudo. Não é como se não concordasse com aquilo, já que cada vez que se lembrava do brasileiro pegando os dois um em cima do outro, tinha vontade de se encolher até sumir. Mas também, não era fácil suprimir seis meses de desejo quando Hinata estava dormindo consigo com um short curto, sem camisa e a bunda se esfregando constantemente no seu pau quando se mexia. 

Tobio considerava aquilo a pior das torturas. 

Mas felizmente, hoje era segunda-feira, Pedro iria ficar quase o dia todo fora e teriam a casa apenas para eles. Nunca tinha gostado tanto de uma segunda-feira na sua vida. 

Kageyama observava o sol saindo e iluminando a praia, enquanto andavam pelas ruas. Quase quis pegar um táxi, mas Hinata afirmou que ver o nascer do sol era uma das coisas mais bonitas, então por isso estavam indo à pé, enquanto admirava a beleza da praia, das calçadas e das pessoas saindo cedo para para trabalhar. 

Shouyou explicava um pouco do local, algumas ruas, curiosidades que ele mesmo havia pesquisado, e admitia internamente que estava gostando daquilo. O ruivo sempre foi a parte que lhe faltava na personalidade. Era mais alegre, um tanto hiperativo, falava mais do que ele, tinha mais curiosidade sobre as coisas, e apesar de ser o completo oposto, Kageyama amava quando Shouyou deixava sua personalidade livre. O contagiava como um sol nascendo, iluminando e esquentando uma cidade fria. Igualzinho ao nascer do sol naquela cidade. 

Andaram até certo ponto, pegando um táxi no começo da Estrada das Paineiras, subindo até o começo da Estrada do Corcovado, um trecho que não dava pra se fazer andando. Depois, começando ali, a conhecida caminhada até a estátua. 

Andaram devagar sem perder o contato das mãos, Hinata sempre falando pelos cotovelos.

A vista dali de cima, conforme ia-se subindo, ficava vez mais nítida e com um laranjinha do sol cada vez mais bonito e quando chegou ao topo, que olhou debaixo aquela enorme estátua, Tobio se sentou extremamente inferior.

— É enorme, não é?! — Hinata exclamou. — É a segunda vez que venho aqui, mas continuo de queixo caído com o tamanho. Mesmo não sendo um religioso, eu sinto que… sei lá, é uma sensação boa vir aqui. — Sua mão se apertou na de Kageyama, e o moreno estranhamente entendeu do que o outro falava. 

Talvez fosse o sol, a calmaria de não ter tanta gente naquele horário ou porque estava com a companhia de alguém que amava, mas era reconfortante estar ali. Era como se sentisse grato e abençoado por todas as coisas que tinha conquistado. Tobio sorriu, seus olhos pousando sobre a cabeleira ruiva do namorado, observando-o sorrir de forma espontânea e divertida. 

Era exatamente por aquilo que era grato.

— Quer tirar uma foto? — perguntou casualmente, fazendo Hinata sorrir até às orelhas. 

— É claro! — respondeu com empolgação, já pegando o celular do bolso, indo para a câmera.

Foi a primeira foto de muitas, mas com toda certeza, a sua preferida foi a que Tobio o beijava no rosto, com a enorme estátua atrás deles como paisagem. 

Hinata com toda certeza iria guardar com todo carinho do mundo ao lado da sua outra foto de cabeceira.

Depois de tanto admirarem a estátua, acabaram por se apoiar em uma parte da mureta que havia em volta do Cristo para apreciar a paisagem e ver toda Rio de Janeiro dali, as mãos grudadas em um carinho constante enquanto jogavam conversa fora. Só foram sair quando o movimento começou a ficar maior, indicando que começava a passar das dez da manhã. Decidiram descer a passos lentos, até porque, o fluxo de pessoas era bem grande. Não podiam demorar muito, já que teriam que lidar com a organização da casa e também o almoço. 

Estavam na metade do caminho quando Tobio sentiu um peso tocar na sua cabeça. Um toque suave quase sem peso. Seu cenho se franziu.

— Você viu se alguém tocou em mim? — Falou ele, olhando para trás vendo se alguém não tinha o tocado de alguma forma.

 — Não vi nada, não… — Hinata comentou, procurando com os olhos por alguma pessoa, até que acabou vendo algo interessante. Um bicho pequeno, de asinhas cinzas e que com toda certeza teria voado por ali aquela hora. Um sorriso se formou nos seus lábios, querendo segurar uma risada. 

— Tobio… — chamou, vendo o outro virar para si. — Abaixa a cabeça pra mim? 

O moreno olhou confuso. 

— Porque? 

— Só abaixa logo. — Hinata pediu, já imaginando o que seria o "toque misterioso". Pararam no meio da passarela com Kageyama se curvando para mostrar o topo da cabeça, e assim que Hinata viu, não segurou a risada. 

— Eu sabia! — riu ainda mais, sentindo a barriga começar a doer e uma lágrima rolar pelo canto do olho.

Tobio olhou confuso, endireitando a sua postura, não entendo o porquê do pequeno ter dado uma crise de riso enquanto apontava a sua cabeça. 

Lentamente levantou a mão para tocar nos cabelos, tateando com os dedos até que sentiu uma meleca gelada. Seus dedos saíram rápidos do cabelo para frente do seu rosto.

Era uma meleca branca. 

— Um pombo fez cocô na sua cabeça! — Hinata praticamente gritou, enquanto se abaixava para poder rir mais. 

Tobio não sabia se sentia vergonha, porque conseguia ver alguma pessoas rindo dele, porque mesmo que Hinata tivesse falado em japonês, não era difícil deduzir o que tinha acontecido quando seu cabelo estava com um cocô branco e tinha um imbecil rindo da sua cara. Ou se saia correndo pra casa pra poder limpar a merda do seu cabelo, literalmente falando.

Dias de Visita (KageHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora