❥ Capítulo Doze - Tentáculos.

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As vezes eu acho que minha vida inteira é uma piada irônica, daquelas que são bem difíceis de entender. E quando a gente entende, também percebe que não tem graça nenhuma.

Me ergui vagarosamente. Meu corpo inteiro estava dolorido, e minha visão estava começando a se tornar turva.
Será que a marca está começando a fazer efeito?

Enquanto continuava tentando manter meus pensamentos em ordem, também tentei achar o melhor caminho para mim.

Eu continuava diante das três tubulações, sem fazer a mínima ideia para onde elas iriam, ou quais delas escolher.
Eu posso usar o melhor método para se fazer escolhas!

- Uni, Duni... Tê! - Recitava a canção enquanto meu dedo indicador deslizava sobre o breú do local.

Mas antes que o resultado saísse, eu escutei um breve sussurro vindo de um dos canos.
Eu não tenho total certeza, mas pode ser o Chuck!

Com meus calçados gastos e cheios de água, eu parti em direção da tubulação do meio.
A caminhada era difícil, mesmo não tendo o mesmo nível de água das outras vezes.
A lama na altura de meus tornozelos já era o bastante para me incomodar.
Eu realmente vou precisar de sapatos novos.

Parei por um instante, sentindo algo sobre meus pés.
Me atrevi a me abaixar, e tocar aquilo com uma de minhas mãos.
Era um instrumento pesado. Nada de tentáculos gosmentos por enquanto.
O objeto era uma picareta, daquelas utilizadas em escavações manuais.

Pode ser uma boa arma.
A retirei do chão, segurando o instrumento firmemente.
Enquanto isso, eu continuei minha caminhada, me arriscando em meio a escuridão do lugar.

- Chuck!? - Falei em um tom baixo, quase como um sussurro. Se ele estivesse ali, provavelmente me escutaria.

Não obtive uma resposta sequer.
É frustante... Essa sensação... É como se minha fé estivesse se esvaindo aos poucos...

- Max... - Escutei alguém me chamando em meio ao escuro.

Me virei rapidamente, tentando enxergar quem quer que seja.
Era uma voz masculina, não parecia ser a de Jaiden, ou muito menos a de Chuck.

Meus punhos apertaram o cabo da ferramenta.
Há probabilidade de ser uma armadilha também...
Mesmo com dificuldade, tentei examinar todo o perímetro apenas com os meus olhos.

Não tinha ninguém.
Eu sentia o tempo se esvaindo de minhas veias, a marca estava me possuindo cada vez mais.
Talvez fosse isso...
Pode ser que eu esteja delirando...

- Max... - Novamente, alguém havia me chamado.

Acelerei meus passos, dobrando mais uma esquina dos encanamentos.

- Quem é!? - Minha voz ecoava por metros. Mas nada de respostas.

Eu continuava a caminhar no mesmo ritmo, tomando um risco enorme ao adentrar cada vez mais naquele espaço asqueroso.
Eu estou sozinho...
Delirando...
Morrendo aos poucos...
E procurando alguém que provavelmente nem está mais vivo...
Não tem como piorar...

- Max! - Senti algo passar por mim, gritando altamente em meu ouvido.

- Caralho! - Golpeei o ar, tentando acertar quem quer que seja.

Mas não parei de maneira alguma, continuei caminhando.

E enquanto dobrava a outra esquina, eu pude vizualizar perfeitamente a silhueta de alguém a minha frente.
Era uma espécie de sombra, porém aquilo conseguia facilmente se destacar da escuridão.
Eu conheço aquela pessoa...

❥ 𝐌eu 𝐂oração 𝐏odre.Onde histórias criam vida. Descubra agora