Tomei um banho rápido. E me apressei ainda mais quando escutei a melodia infernal de todas as minhas manhãs; Last Friday Night.
Jaiden me poupou o trabalho de desligar o aparelho.Quando sai de meu banheiro, pude encontra-lo deitado de bruços sobre a minha cama. Quem diria que em algum dia meus lençóis iam conhecer o corpo gostoso do senhor Harrison?
Ele aparentava estar cansado. Eu também estaria se tivesse virado e desvirado um morto-vivo na mesma noite.
Escolhi uma roupa simples de meu guarda-roupa; um moletom cinza e uma calça jeans. Calcei os mesmos sapatos de sempre, amarrei meus cabelos, e sai do quarto.Chegando próximo a escada, eu pude sentir o aroma das panquecas. Minha mãe fazia as melhores panquecas do mundo. Desci, e me direcionei até a cozinha.
Enquanto Dine estava no forno, trajando seu clássico avental de todas as manhãs, Sadie e Finn, os gêmeos; pareciam brincar ao redor da mesa.
E George, o atual marido da minha mãe, bebia café e lia os jornais.- Bom dia, Max. - Disse ele.
- Bom dia. - Respondi de maneira seca.
George era mais bem mais velho que minha mãe, também era pai dos gêmeos, e ex melhor amigo do meu pai. Não dá pra continuar sendo melhor amigo de uma pessoa que te espera morrer pra tomar o seu lugar.
Ele trabalhava escrevendo artigos para o Jornal da cidade. Seu passatempo favorito era ler e reler incansáveis vezes as matérias que ele mesmo havia escrito e publicado. Geralmente, são coisas fúteis e nada interessantes. Uma vez ele até fez uma pesquisa que insistia em afirmar que as pessoas nativas de Bellsville eram mais burras do quê pessoas nativas de outras cidades.
Ps: Ele quase foi apedrejado.Assim que vizualizei o prato de panquecas em cima da mesa, coloquei um pouco de calda de chocolate, e o agarrei, Saindo da cozinha com ele em mãos, junto de alguns talheres.
- Max! Isso aí não é só pra você! - Minha mãe gritou, enquanto George resmungava.
- Quero saber até quando ele vai ter esse tipo de comportamento, Dine. - "Dine" era o apelido de minha mãe, meu pai sempre a chamou assim. E logo depois que ele morreu, George se apoderou disso também.
Subi as escadas, e voltei até o meu quarto. Jaiden continuava largado na cama, talvez tenha tirado um cochilo.
Escutei alguns toques em minha porta, abri uma pequena brecha e vi Kat. Ela também já estava pronta, usando um macacão bege, os cabelos soltos com uma pequena trança, e um par de sandálias. Sandálias!? Quem usa sandálias hoje em dia!?- É, Oi! Eu tava precisando mesmo falar contigo... - Falei meio constrangido. Como eu ia explicar aquilo pra ela!?
- Então... Porque não me chamou? Os nossos quartos não são tão distantes assim... - Até parece que Kat sempre está disponível! Sem falar do longo histórico de decepções que temos em relação a ausência dela.
Ps: Quando eu tinha doze anos, ela me esqueceu em um dos supermercados mais movimentados de Seattle.A puxei para dentro, e seus olhos se arregalaram assim que ela viu Jaiden.
- Aí meu deus! - Ela disse, em um tom alto, o que acabou despertando ele.
Mas antes, se remexeu em meio aos meus lençóis, ele era tão grande, que seus pés ficavam para fora da cama.
Arqueou seu corpo pesado e se sentou na beirada.- Bom dia... - Ele sorriu.
Ela ignorou totalmente a fala de Jaiden, e cochichou em meu ouvido de uma forma indiscreta.
- Eu distraio ele, e você pega as armas. - Acho que até o próprio Jaiden conseguiu escutar aquilo.
- Hola, muchacho! Sabes hablar español? - Disse Kat, de uma forma alta e nada convencional.
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❥ 𝐌eu 𝐂oração 𝐏odre.
Paranormal"Morto-vivo", palavra usada para designar seres mitológicos que apesar de já terem perecido fisicamente continuam em meio aos vivos. Enquanto adolescentes normais bebem bebidas alcoólicas, vão a festas nos finais de semana, e dão uns amassos por aí;...