SEJA MEU (01)

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Seja Meu
Capítulo Um.

Chorando é o que estou fazendo desde algumas horas atrás

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Chorando é o que estou fazendo desde algumas horas atrás.

Nunca na minha vida achei que eu ia Passar por isso.

Quando via alguém que passou por essa situação, ficava sentido, triste. Mas nunca pensei que iria acontecer comigo.

Esse é o mal das pessoas acharem que isso ou aquilo nunca vai acontecer com elas.

Acabei de completar dezessete anos tem poucos meses, acabando o colegial, mil e um sonhos a serem realizados. Mas que foram por água abaixo de um minuto para o outro. Simplesmente porque resolvi falar para os meus pais que minha preferência são meninos e não meninas como eles queriam.

Meu pai, o meu herói me tratou pior que lixo e disse que não teria um filho com essa doença em casa, que era pra eu virar homem e parar com essas besteiras.

Em que mundo que nós estamos? As pessoas acham que escolhemos? A partir de agora vou ser gay ou agora não quero mais ser gay, vou ser hétero?

Realmente não entendo. Parece que a partir do momento que descobrem sobre nossa orientação sexual deixamos de ser seus filhos, irmãos, primos, amigos... E o que a gente fez ou foi não interessa mais.

Continuamos a mesma pessoa! A diferença é o que se faz entre quatro paredes não se diz respeito a ninguém.

Minha mãe até que tentou me defender do jeito dela, apesar de ser de um jeito torto como:

— Calma Ricardo, vou conversar com ele. Amanhã ele estará normal novamente.

Bom... não posso dizer que ela não me defendeu né? Melhor eu pensar assim pra eu me sentir menos pior.

Sou filho Único.

Minha mãe tem trinta e seis anos, uma dona de casa mais que perfeita e que faz os melhores doces que já comi na vida! Sempre fez minhas vontades, sempre fez de tudo pra me agradar.
No fundo ela é uma boa mãe não tenho o que reclamar. Aliás, não tinha. Que culpa ela tem também? Meu pai disse que se ela não calasse a boca iria ser nós dois fora de casa.

Meu Pai tem quarenta e cinco anos.
É um ótimo advogado!
Era o meu herói, minha inspiração. Iria seguir os passos dele e me tornar também um ótimo advogado.

Só que agora nem sei onde vou dormir ou o que comer, quem dirá fazer uma faculdade.

Estou andando a horas em círculos sem parar. Moro numa cidade pequena, se eu andar em linha reta rapidamente vou estar na br.

Estou somente com uma mochila com algumas roupas, celular e documentos. Foi tudo que minha mãe pegou pra mim antes de sair. O que eu implorei pra ele deixar eu pegar por que nem isso ele queria fazer. Ele ia ter a coragem me botar pra fora sem um real no bolso e sem roupas ainda por cima.

Mas antes de eu sair minha mãe me abraçou, entregou a mochila e cochichou no meu ouvido:

— A mãe te ama apesar de tudo. Coloquei um dinheirinho nas suas coisas... Nem terminou de falar, meu pai a puxou com violência e me mandou sumir. Disse pra mim não aparecer nunca mais ali senão ele iria me arrebentar todo e me fazer virar homem.

Saí de lá chorando muito. Já se passavam das oito da noite e não tinha quase ninguém na rua.
Menos mal, não quero que sintam pena de mim.

***

Paro pra pensar e na verdade nem sei quanto ela colocou na minha mochila, se dá pra eu pagar um quarto de hotel ou pensão pra passar a noite. Na verdade aqui nessa cidade nem um nem outro existe. Só na cidade próxima, uns dezesseis quilômetros de onde estou.

Abro a mochila, agora estou mais calmo, parei de chorar. Do que adianta também? Se chorar resolvesse problemas, acredito que ninguém teria um.

Minha mãe colocou umas roupas, um par de chinelos, meu celular e o carregador. dois livros: A culpa é das estrelas e o pequeno príncipe. e um pouco mais de mil reais enroladinhos dentro de um bolsinho escondido dentro da mochila.

É mamãe... esse dinheirinho que irá me ajudar a não morrer de fome e frio. — penso.

Bom, já que não tenho pra onde ir me deito no banco da praça, seguro bem minha mochila e coloco meu capuz fechando os olhos.

Como não tem pensão ou hotel, e muito menos ônibus esse horário pra eu poder ir até a outra cidade, adormeço.

Na esperança que amanhã seja um dia melhor que hoje.

Mal sabia eu, que ainda iria passar por muitos perrengues. E fazer coisas que nunca imaginei na minha Vida, que faria.

[Revisado]

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