SEJA MEU (02)

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Seja Meu
Capítulo Dois
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Acordo quando os primeiros raios de Sol começam a aparecer.

Levanto num salto, olho de um lado para o outro e já tem algumas pessoas na rua, apesar de ser muito cedo. Não deve ser nem seis horas. Atravesso a rua em direção á um bar do outro lado que é usado para pedir informações.

— Oi. — chamo a atenção de um cara do outro lado do balcão. — Qual o próximo ônibus pra Venda Nova?

— Em vinte minutos tem um. — fala sem me olhar. — depois só duas da tarde.

— Ok, obrigado. — agradeço. Se tem uma coisa boa que meus pais me ensinaram, foi ter educação.

Sempre me imaginei saindo daqui, mas nunca pensei que seria assim.
Não gosto e nunca gostei dessa cidade. Um bando de povo fofoqueiro que vive tomando conta da sua vida.

Se alguém grita no seu portão, o vizinho já quer saber se aconteceu alguma coisa. Chega ser engraçado... Também, se não cuidarem da vida dos outros, o que iriam fazer não é mesmo?

Se passam os vintes minutos e o ônibus chega, entro nele e parto sem olhar pra trás. Espero não voltar aqui nunca mais. Que assim seja!

Chego rápido na outra cidade. Desço, vou no banheiro. Jogo uma água no rosto e uso o sanitário. Saio de lá melhor um pouco.

E agora, pra onde vou? — penso.

Caramba!

Tenho três opções: Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro. É que estou tipo no meio, e essas cidades são as maiores e melhores pra ir.

Rio de Janeiro... sempre quis conhecer, nunca achei que seria assim. Mas... É pra lá que vou!

Chego no balcão e pergunto quando sai o próximo ônibus.

— Onze e meia. — ele sorri.

— Quanto tá?

— Noventa e sete e trinta centavos.

— Pode ser então.

— Indentidade. — ele pede.

E agora? O que eu faço?

— Poxa... esqueci. — falo triste mechendo na mochila.

— Só com a identidade.

Tava bom demais pra ser verdade! O que eu faço?
Me sento na cadeira e coloco a cabeça no meio das pernas.

Fico assim uns dez minutos e do nada senta alguém do meu lado.

Fico assim uns dez minutos e do nada senta alguém do meu lado

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— Ei garoto. tá fugindo de quem? — uma voz grave me assusta.

 tá fugindo de quem? — uma voz grave me assusta

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— De ninguém. — respiro fundo. — de onde tirou isso?

— Ouvi... — ele me olha de lado. — com esse rostinho de bebê e sem identidade, sinto muito por você. — ele suspira. — mas não vai longe não.

Olho bem pro teu rosto e analiso: Deve ter uns vinte e cinco anos, seu tom de pele é claro, com barba e boné.

Seria meu anjo da guarda?

Ate parece!

— Meu pai me expulsou de casa. — falo triste. — queria ir pro Rio de Janeiro... — falo. — mas mesmo entregando a indentidade não vai resolver, sou de menor.

— Realmente complicou. — ele balança a cabeça. — você tem duas opções: — ele me mostra dois dedos. — carona ou táxi. — não tinha pensado nisso. — eles estão afim de grana e nem vão querer saber sua idade.

Paro e penso:

Carona? — penso — Sem chances! Não tenho coragem de entrar em um caminhão de quem nunca vi. É muito perigoso, corro o risco de ser estuprado. Táxi? Pode ser...

— Onde consigo um taxista? — pergunto.

— Eu. — ele diz rindo.

— É taxista? — pergunto.

— Não, mas tenho carro. — ele se levanta. — coloca a gasolina e me dá uns cem conto que eu te levo lá. — ele me olha e pensa mais um pouco. — são quase quinhentos quilômetros de distância, deve gastar umas cinco horas e meia ate lá, agora são oito e meia da manhã... umas três da tarde, chegamos lá.

Eu o olho pra ver se está brincando. mas ele está muito sério.
O que será que se passa na cabeça desse cara?

— Você costuma fazer isso sempre?

— O que acha que fico fazendo aqui o dia todo? — me pergunta e nego. — com essa crise, cada um se vira como pode.

— Tem razão. — fico quieto por um tempo.

— Tá com medo? — ele indago e fico sem saber o que falar. — confia em mim, sou da igreja nunca faria mal a ninguém.

O que de mal pode acontecer? O máximo é ele me matar e roubar. Já tô ferrado mesmo...

— Vou confiar em você! — aponto o dedo no seu peito. — minha vida está em suas mãos.

— Relaxa! — ele me abraça pelo ombro. — Rio de janeiro que nos aguarde.

***

Depois de pegarmos a estrada, em poucos minutos estava dormindo. cansado pra cacete! Aquele banco acabou comigo.

Fizemos somente duas paradas pra não perdermos tanto tempo. Quase três da tarde, já estávamos entrando na linha vermelha. Paguei a ele um pouco mais de quinhentos reais e nos despedimos com ele me desejando Sorte.

Será que era mesmo meu anjo da guarda? — penso.

[Revisado]

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