SEJA MEU (03)

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Capítulo 3

Quatro anos Depois...

Quatro anos Depois

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É só uma fase...

É só uma fase...
É só uma fase...

Quem eu quero enganar? Nem eu mesmo acredito nisso. Aqui deitado nesse sofá, se é que se pode chamar de sofá. Pensando na vida... pensando em  como vou fazer pra pagar o aluguel desse mês. Quatro anos se passaram desde que eu saí de casa. Quatro anos sem ver meus pais! Não que eles façam questão, eu acho. Mas não vou mentir, às vezes bate uma saudade... Tive que amadurecer muito rápido, aprender a me virar. Achei que seria mais fácil. Todos os dias penso em como irei sair dessa merda de vida que estou levando.

Me levanto e vou em direção a cozinha. Abro a geladeira em busca de algo para comer e só encontro um litro descartável de água, um pouco de arroz que fiz ontem e alguns tomates.

Ah vida... Porque é tão cruel?

Abro os armários só por desencargo de consciência. Eu sei que não há nada. Mas quem sabe um milagre não ocorre?

Trabalho em uma lanchonete e é lá que costumo comer alguma coisa. Moro em uma quitinete pequena no terceiro andar.

Quarto, cozinha e banheiro, caindo aos pedaços. não estou reclamando, pra mim que passei uns dias na rua, isso aqui é um luxo!

Hoje com quase vinte e um anos achei que minha vida estaria diferente. Os meus planos eram outros, mas hoje nem sonho mais... Só queria viver em paz, sabe? Sem me preocupar em ser despejado. A senhora está me ameaçando há dois meses. Pode parecer que sou caloteiro, que não quero pagar. Mas não é isso, é que não tenho mesmo, Nem pra comer!
Eu trabalho, mas o que ganho lá não dá pra nada. Um velho que adora explorar e que aproveita o máximo que consegue da gente. Gasto duas passagens pra chegar lá. No total quatro passagens por dia. O aluguel que pago já vai mais da metade, junto com as passagens vai quase o salário todo. Comer? Eu me viro. Sou Master chef em Miojo.

Hoje é minha folga e vou aproveitar pra espalhar um currículos. Quem sabe dou sorte de arrumar alguma coisa mais decente? — penso.

Troco de roupa colocando uma calça jeans surrada, uma camisa e tênis. Vou a pé mesmo, tô sem grana pro ônibus.

Ando o dia todo espalhando os currículos até onde não estão contratando. Quem sabe dou sorte?
A esperança é a última que morre!
A minha até que tá demorando...
Quatro anos e ela ainda está comigo.
Atravesso a rua em direção ao bar.

Como um salgado rapidinho e saio de lá. Antes de atravessar a rua ouço um barulho, parece alguém gemendo. Vou andando devagar em direção ao beco que tem do lado do bar. Quando olho, levo um susto.

Um cara mais ou menos da minha idade escorado na parede com o rosto ensanguentado agonizando em dor.

— Ei... tudo bem? — pergunto, mas me arrependo. Deve está achando que sou louco! O cara todo quebrado e eu perguntando isso.

— Tô ótimo! — ele ri. — não vê?

— Acho que viajei. — dou um sorriso sem graça. — foi mal.

— Relaxa... — ele geme quando encosta o dedo no olho. — não é sempre que se encontra alguém nesse estado, não é mesmo? — concordo.

— O que aconteceu com você?

— Um chifrudo! — ele ri. — veio tirar satisfações comigo e me pegou desprevenido. — ele me olha de cima abaixo. — porisso que tô assim. — ele resmunga. — imagina que eu iria deixar um frangote daquele me fazer isso?

— Quer ajuda? — Pergunto.

— Se me ajudar chegar em casa, te agradeço.

— Claro que ajudo. — Chego perto dele e me abaixo o segurando pelos ombros.

O cheiro dele é muito bom! Um pouco mais alto que eu, talvez uns dez centímetros. Cabelo claro, olhos claros e muito bem vestido apesar das roupas todas sujas. Ainda atravessando a rua ele retira uma chave do bolso e me entrega. Pergunta se sei dirigir e que o carro dele está logo a frente. Respondo que sim, apesar de não ter a carta. Quando ainda morava com meu pai ele me ensinou.

Chegando perto de um carro preto ele aciona o alarme e destrava.

Que carro será esse? Nunca vi, mas é lindo.

Ajudo ele a se sentar no banco do passageiro e me ajeito no banco do motorista.

— Onde você mora? — pergunto já saindo da avenida.

— Na minha casa. — responde rindo.

— Engraçadinho. — ele dá uma risada e fala o endereço.

Ele mora em um bairro de classe média alta, um dos mais caros da região. O seu apartamento não é  muito grande, mas muito bem decorado e bonito. No banheiro ajudo ele a tirar as roupas para o banho.

Que corpo! — penso coisas absurdas quando vejo os gominhos de sua barriga trincada.

Deixo ele lá enquanto vou no quarto da uma ajeitada na cama que está uma bagunça. Roupas em cima da cama, meias sujas, acho até uma cueca pendurada no abajur. Sem contar umas quatro camisinhas no chão. Esse fode ein? — penso. Quando termino ele sai do banheiro enrolado em uma toalha com o rosto limpo e mesmo machucado ele é de parar o trânsito.

— Qual teu nome? — me pergunta enquanto meche nas gavetas.

— Guilherme. — falo baixo e com vergonha.

— Prazer te conhecer Guilherme... — ele se vira com uma cueca na mão. — sou o Derek! — ele sorri pra mim.

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