A Confusão - Livro 1 | Off Campus (COMPLETO)

Capítulo 29

DYLAN

Hoje era o dia de Ian me acompanhar até a psicóloga. No começo, nas consultas, eu ficava meio paralisado e não sabia o que falar, o que resultava na doutora Sasaki falando a consulta toda, acho que foi assim que comecei a me soltar mais nas consultas e interagir mais. Sasaki é incrível, toda vez que era minha consulta, ela preparava o ambiente inteiro para mim. O que antes era uma sala, nas cores gelo e verde pastel, se tornava em um pequeno ringue de hóquei. 

Ela sempre afastava a mesa e a cadeira dela para o fundo da sala, dando espaço para colocar um mini gol vermelho no fundo da sala e outro na porta. Os ursos de pelúcias – Sasaki disse que alguns adultos se sentem mais confortáveis, quando estão num ambiente cheio de pelúcias, eu particularmente me assusto – se tornavam em nossa plateia. E ela era minha adversária. Os tacos de hóquei foram obtidos por meio de Nicholas, que deu dois antigos dele. Não tinha gelo, apenas o tapete felpudo branco enorme, que ela comprou.

— Fácil demais – me gabei, depois de marcar outro ponto na doutora Sasaki. Já estava de sete a zero. 

— Claro, você é um atleta de hóquei – ela frizou, espremendo os olhos pequenos na minha direção. — Se você não ganhasse de uma pobre asiática de quarenta e… – mais uma vez não escutei a idade inteira dela, Sasaki tinha essa mania. — Você seria o pior jogador de todos – ela apontou o taco de hóquei na minha direção.

— Para seu azar, sou o melhor jogador da história – sorri, convencido. Se tem duas coisas que eu me garanto são: hóquei e sexo. Ah, também sou um ótimo namorado. 

Já estou começando a sorrir bobo, só pelo nome de Julie ter passado pela minha mente. Coloquei o taco de hóquei no chão e me apoiei nele, sorrindo. Estava tendo um flashback de todas nossas cenas de sexo, e também de todos os momentos que a gente fazia carinho um no outro. Já estou com saudades dela. Morrendo de saudades dela – antes, eu achava que era impossível, mas agora que estou apaixonado, sei bem que é possível. Saudades dói demais.

— Para o melhor jogador da história, você me deixou marcar esse ponto fácil fácil – Sasaki riu, olhei para trás, o disco estava no meu mini gol. 

— Doutora Sasaki roubando… – neguei com a cabeça, estalando a língua. — Esperava isso de todos, menos de você.

— Roubando não – ela disse. — Apenas sendo mais inteligente, que o bobão apaixonado na minha frente – ela riu. Para quem estava nos quarenta e pouco, Sasaki poderia passar por uma mulher de trinta anos. O cabelo escuro não tinha uma mecha sequer branca. O rosto? Não tinha uma ruga. 

— Dá pra ver tanto assim? – perguntei, rindo.

— Claro que dá – ela disse, se sentando num urso de pelúcia rosa enorme.

— Ouch. Nosso público – falei, e me sentei no coelho verde enorme do lado dela.

— Ainda é a mesma garota? – assenti.

Sasaki negou com a cabeça e riu.

— Sabia que ia terminar assim.

— Sério? – perguntei, surpreso.

— Última vez que ela veio aqui, vi o jeito que ela te olhou – ela disse.

— Ela tá caidinha por mim, não tá? – perguntei, meu sorriso estava maior do que nunca com o comentário de Sasaki. 

— Tá sim – ela riu. — Mas agora você… – ela olhou para mim, de cima para baixo. — Querido, você tem um precipício por essa garota – dei de ombros.

— Claro. Julie é a garota mais incrível e maravilhosa de todas – falei. — Depois da minha mãe – acrescentei, rapidamente. Sasaki riu. — Sabia que eu não sei o teu primeiro nome? – falei. — Só sei o segundo. Qual o seu primeiro nome? – perguntei, curioso.