I

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— Como assim, Poseidon está na terra? Com os humanos? — Levanto-me rápido, já sentindo a raiva me consumir

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— Como assim, Poseidon está na terra? Com os humanos? — Levanto-me rápido, já sentindo a raiva me consumir.

— Pelo o que parece, ele está atrás de "aventuras". — Hades enfatiza, dando de ombros.

— Aventuras? Que infernos ele quer com os humanos? — Poseidon sempre foi o mais inconsequente, mas dessa vez ele estava indo longe demais.

— Não sei, Tártaro! Não sou a sua babá, ele sabe muito bem o que faz. Apesar de seus feitos não serem lá essas coisas.

— Terei de ir atrás dele, antes que faça alguma besteira, como sempre acaba fazendo.

— Relaxa maninho, ele já é bem grandinho, não acha?! Devia fazer como eu, finja que não está acontecendo nada, assim, não ficará aborrecido o tempo inteiro, como você sempre fica.

— Poseidon, sempre passando dos limites! com os humanos? Sério? — Como sempre, fugindo de suas responsabilidades.

— Com o caos que está aqui também... Não posso julgá-lo tanto assim.

— Exatamente! Ele deveria estar aqui! — Bato nervosamente com os punhos na parede, afim de aliviar um pouco da raiva que sentia.

— Calma aí Zeus, ou vai acabar causando terremotos lá embaixo. — E como se não bastasse todo esse inferno, o dono dele ainda insistia em tirar ainda mais a minha paciência com suas piadinhas.

— Que se dane!

— Isso tudo é por Poseidon ou pelo fato que não poderá mais ter o seu tão sonhado herdeiro?

— Não entendo o que aconteceu. Todas as mulheres estéreis... Estamos passando por uma terrível maldição, e irei encontrar quem a rogou!

— Boa sorte então. Bom, já que não precisa de mim, voltarei para o submundo então. Ironicamente, as coisas por lá estão mais calmas que por aqui.

— Faça isso. Não trabalhamos bem juntos mesmo. — Pra falar a verdade, não sei nem o que ele veio fazer aqui, já que só abre a boca para me aborrecer.

— Vê se relaxa, esse estresse todo deve ser falta de sexo. — Ele diz com seu sorriso presunçoso no rosto.

— Vai para o inferno! — Altero o tom de voz mais uma vez, me arrependendo amargamente do dia em que o salvei

As vezes acho que minha vida seria mais fácil se eu simplesmente os tivessem deixados na barriga daquele velho maldito, vulgo nosso pai. 

— Estou indo agora. — Ainda sorrindo de forma cínica, Hades sai, me deixando enfim sozinho.

— Senhor? — Um dos guardas entra assim que o meu irmão sai, me fazendo dar um longo suspiro em achar que finalmente teria um pouco de paz.

— Fale. — Já estava sem paciência para qualquer outro problema que surgisse, esperava que não me trouxesse outro.

— Há uma ninfa querendo falar com o senhor.

— E onde ela está?

— Estou aqui. — Ignorando todo o protocolo de segurança ela entra, sem autorização.

— E o que quer? — Eu não perderia mais a minha cabeça brigando com a tal ou com os guardas por deixarem-na passar assim, então só relevei.

— Podemos conversar a sós?

— Saia! — Dou ordem para que o guarda saísse, nos deixando sozinhos. — Então?

— Como você já deve estar sabendo, todas as mulheres estão impossibilitadas de terem filhos.

— Veio aqui para me falar isso? — Me sento novamente, já me arrependendo de ter começado essa conversa.

— Como eu ia dizendo... Essa maldição, praga, ou qualquer coisa que tenha sido, foi jogada sobre o ar, por isso circulou tão rápido.

— Alguma idéia de quem foi? Caso tenha sido uma maldição, quero dizer.

— Infelizmente não, mas se eu estiver certa... Essa maldição é irreversível.

— O que? Você só pode estar louca em dizer isso.

— Queria estar, porém, tudo indica que não.

— Céus... — Esse seria o fim para várias linhagens que ainda viriam por aí. O Olimpo viraria um completo caos, caso essa ninfa estivesse certa.

— Mas, se me permite, eu tenho uma alternativa.

— Fale de uma vez!

— Não sei se vai gostar muito da ideia, mas, talvez a única alternativa que temos agora é essa, os humanos.

— Sem chances. Uma humana não sobreviveria a isso, e é uma humana! — Como ela pode me sugerir um absurdo desses? Não há nada que eu odiasse mais do que essa praga de bichos indefesos.

— Isso é possível, mas é claro, mantendo o seu controle.

— Isso é ridículo. — Deixo uma risada escapar de tamanha loucura que ouvia.

— Sei que não gosta dos humanos, prometeu é a prova viva disso e não nos deixa esquecer. Mas essa é a sua única alternativa agora, e talvez a única que terá.

Tudo pelo bem da minha linhagem, e de Olimpo... — Me diz o que eu tenho que fazer.

Se essa fosse de fato a minha única alternativa, então, teria que fazer esse sacrifício.

— Me garanta que não irá contar isso para ninguém, pelo menos, não por agora. — Falo, após ela ter me dado uma breve explicação de como os humanos funcionam.

— Como quiser.

— Ótimo. Pode ir agora, preciso pensar, ou minha cabeça irá explodir a qualquer momento. Se essa fosse a minha única alternativa, teria que fazer esse sacrifício. Por mais que eu detestasse do fundo do meu ser toda essa ideia medíocre e humilhante. Eu sou a droga do deus do Olimpo, e agora a minha única alternativa seria copular com uma humana que eu já odiava sem sequer conhecê-la.

Só espero que isso dê certo, caso contrário, seria capaz de matar todos os descendentes daquela ninfa traiçoeira.

ZeusOnde histórias criam vida. Descubra agora