III

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Não me contendo onde eu estava, e levado pelo estresse e impaciência, decido ir atrás daquele insolente

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Não me contendo onde eu estava, e levado pelo estresse e impaciência, decido ir atrás daquele insolente. Poseidon estava passando dos limites, e não era de hoje, ele sabe que não pode simplesmente ficar passeando pela terra sempre que quisesse, como se fizesse parte deles, afinal, quem em sã consciência iria querer ser como aquelas formigas covardes e indefesas?

Quando saí do Olimpo, já era noite, o que era bom, já que tudo o que eu não queria era chamar atenção para mim, não é todo dia que se vê alguém com o dobro do tamanho deles andando tranquilamente por aí. Os guardas reuniram algumas informações que pedi, e me disseram lugares onde Poseidon provavelmente passou ou anda frequentando, mas até agora não havia sequer rastros dele em nenhum lugar citado.

Ah Poseidon, quando eu te achar...

Essa cidade é horrenda, poluição, sons altos, pessoas alteradas na rua.

Como ele pode gostar de um lugar como esse? Tudo o que aquele insolente merecia agora era ser deserdado. Preferir viver no meio dos ratos que como deus do mar, chega a parecer piada, uma piada de muito mal gosto.

Mas andando por uma área um pouco movimentada, pude entender um pouco do que ele deve fazer por aqui, conhecendo o meu irmão como conheço, as mulheres da terra são diferentes, o corpo, as roupas, o jeito de agir, ele sempre foi mulherengo, e agora vendo por esse lado, não me surpreendo nem um pouco com a sua falta de sensatez.

Desisto! Irei voltar, já está tarde, não tem mais nenhum movimento nas ruas. E nem sinal dele. Quando ele voltasse para o Olimpo teríamos uma longa conversa.

Ando mais um pouco à frente, ouvindo sons vindo a distância, um grito, e em seguida do outro lado da rua vejo uma mulher correr desesperada.

Intrigante. Devo segui-la?

Não devia me importar, mas movido pela curiosidade, caminho em direção ao corredor onde ela havia entrado, a encontrando já caída no chão, chorando de... Dor? Acho que sim. Olho para o seu braço e o mesmo estava fora do lugar, os olhos da mesma começavam a se fechar e eu, aproveitando o momento, me aproximo.

— Você é... Um anjo...? — Ela pergunta sussurrando com um fiasco de voz que ainda lhe restava.

Um anjo? Estou bem longe disso mortal.

E por fim, ela apaga. Me abaixo em sua frente e toco o seu braço, fazendo-a mesmo desacordada, estremecer de dor. Aproveito para observá-la melhor, ela tem cabelos negros como a noite, pele branca, não era muito alta, e o seu corpo era bem desenhado, até onde pude ver.

Chega! Pare de olhá-la assim.

Toco em sua testa afim de deixá-la o mais desacordada possível, e depois, em um movimento rápido, coloco o seu braço de volta no lugar, não estava quebrado. Isso já havia acontecido comigo quando eu era adolescente, e eu mesmo resolvi o problema. Mais um ponto comprovado de como os humanos são fracos e quebradiços.

O que eu faço agora? Não posso deixá-la aqui desse jeito, mas também não sei onde iria deixa-la. Lutando contra meus próprios pensamentos de apenas ignorar e ir embora, eu resolvo construir uma barreira invisível na entrada daquele corredor, assim ninguém veria ela do lado de lá, e ficaria segura até o amanhecer.

×××

Depois que voltei para casa, a única coisa que conseguia pensar era naquela humana, havia algo nela que me chamou atenção, só não sabia o que era. Talvez fosse só o meu lado piedoso querendo saber o que de fato havia acontecido com ela, e se ficaria bem sozinha naquele lugar em que a deixei. De qualquer forma, isso não era problema meu, e sim de quem os criou, tão fracos e sensíveis.

Pra mim foi a coisa mais patética que Prometeu poderia ter feito foi tê-los criado, mas hoje, pela primeira vez, analisei a uma humana de perto. eles parecem tão fracos e quebradiços, continuo achando patéticos, umas formigas que se alto destroem por qualquer coisa. Mas se eu quisesse achar uma mortal para gerar o meu herdeiro, teria que começar a olhar melhor essa raça medíocre, assim como a ninfa havia me orientado.

Talvez esse seja o maior pecado que irei cometer contra mim mesmo, ter que procriar com uma humana, raça cuja eu nunca me interessei. Mas em uma coisa o ingrato do meu irmão estava certo quando disse que, com grandes poderes, também vem grandes responsabilidades. Não sei onde ele ouviu isso, mas ele tinha razão, por mais que não seguisse esse conselho, se tornando um grande hipócrita.

Eu tinha que me sacrificar, por mais que odiasse do fundo do meu ser essa ideia absurda, precisava relevar tudo o que eu já fui contra um dia, para assim, conseguir o meu objetivo, o meu herdeiro, a quem irei ensinar a ser forte, guerreiro, e persistente, igual a mim. Só espero que o seu lado humano não o impeça de nada disso, mas isso seria impossível, se tratando do filho de um deus como eu, o deus dos deuses.

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