II

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Mais um fim de ano onde tudo acaba dando errado

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Mais um fim de ano onde tudo acaba dando errado. Estava começando a dar razão ao meu pai, talvez ele realmente estivesse certo, e eu não servisse nem para me virar sozinha.

— E agora que fui demitida, o que irei fazer? — Passo a mão pelo cabelo, como sempre fazia ao me sentir ansiosa ou preocupada com algo.

— Calma Aurora, você vai conseguir outro emprego logo logo, vê se relaxa. — Minha amiga insistia em tentar me acalmar, com toda a sua plenitude de sempre.

— Relaxar? Como irei pagar minhas contas agora? Logo estarei até sem o que comer.

— Nossa, você está exagerando. Eu te empresto um dinheiro, não tem problema, e posso falar com o meu pai, talvez ele saiba de algum emprego, ou até mesmo um amigo que esteja precisando.

— Esqueça, talvez eu devesse voltar para a casa do meu pai em Michigan mesmo. Odeio admitir, mas ele me avisou que seria assim.

— E dar a ele o prazer de dizer que estava certo? Não mesmo!

— Quem se importa? Eu nem ligo mais.

— Que se foda aquele velho narcisista! Vai dar tudo certo, eu estou com você. E sei bem o que irá te animar em um dia como esse. — Ela me olhava sugestiva.

— Não, não estou afim. — Já me adianto, antes que ela concluísse sua fala, pois já sabia exatamente o que a mesma iria sugerir.

— Isso não foi uma pergunta, querida. Vamos, nem precisa trocar de roupa, essa está ótima. E nem adianta negar, você sabe que esse é o nosso escape sempre que tudo à nossa volta está uma merda.

Ela estava certa, não tem coisa melhor para se fazer quando está na merda, do que encher a cara até se esquecer de como se volta para casa. Ivy sempre conseguia levantar o meu astral em momentos como esse, não sei o que seria de mim sem ela, talvez já tivesse até voltado para Michigan.

Depois de ser quase arrastada para uma festa super lotada, tinha que admitir, odiava estar no meio de tanta gente assim, mas depois de algumas bebidas podemos enfim ir se esquecendo que eles estão lá e só queremos curtir o momento.

Já eram quase três da manhã e Ivy já havia "desaparecido" Com um cara fortão. Era sempre assim, ela não perde tempo. Fiquei por mais alguns minutos apenas bebendo, já que na pista de dança esses machos não desgrudavam por um instante. Não é porque dançamos da forma que queremos na pista, que estamos afim de treparmos com qualquer um que apareça.

Mandei uma mensagem para a minha amiga, avisando que eu iria embora para a mesma não ficar preocupada e enfim saio para fora daquela boate.

— É... Acho que irei a pé mesmo. — Concluo, depois de ver a rua deserta. Seria impossível achar um táxi agora.

Mas não teria problema, já que eu morava próximo daqui. Vantagens de se morar no centro da cidade, por mais que fosse uma cidade pequena. Me perco em pensamentos enquanto andava pela rua deserta, e como era bom o silêncio, e esse vento que soprava sobre mim era tão relaxante.

Escuto passos distantes atrás de mim que aos poucos iam se aproximando. Não olho para trás, apenas continuo meus passos, só que um pouco mais rápido, afinal todo cuidado é pouco. Conforme eu andava, podia sentir meus batimentos aumentarem, mas ainda assim, tentava manter a calma.

Calma Aurora, deve ser coisa da sua cabeça. Pode ser qualquer pessoa... Pode ser qualquer pessoa!

Apresso ainda mais meus passos e em poucos segundos eu já estava correndo desesperadamente. Não ouvia mais os passos que me seguiam, desacelerando os meus.

— Viu só? Passou vergonha, correndo atoa! — Falo para mim mesma, sorrindo, ainda sentindo toda a adrenalina que corria em meu corpo.

Olho finalmente para trás ainda andando, percebendo o quanto fui tola em não ter olhado antes. E quando volto a atenção para a minha frente me choco em algo, ou melhor, em alguém.

— Desculpa ai. — Falo já me afastando para continuar meu trajeto, mas o cara segura o meu braço firmemente.

— Calminha ai. — Ele me olhava com um sorriso nojento no rosto.

— Está louco? Me solta!

— Olha só, a gatinha precisa ser adestrada. — Me puxando, ele me joga contra a parede, me fazendo bater as costas e a cabeça.

— Desgraçado! Saia de perto de mim! — Falo já gritando e ataco o seu rosto com minhas unhas enormes. Nem que eu morresse tentando, mas não daria a chance desse desgraçado fazer nada comigo.

— Sua puta imunda! — Acertando um tapa no meu rosto, ele se defende, o que faz meu sangue ferver na mesma hora.

Com muita dificuldade, ele consegue me imobilizar, me virando, deixando meu rosto contra o muro áspero daquele corredor, e então rasga com brutalidade a saia que eu usava.

Eu prefiro morrer... Prefiro morrer do que ser tocada por essas mãos nojentas desse ser do inferno. Nunca Imaginei passar por uma situação como essa, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu não seria uma vítima.

Mesmo tendo me imobilizado, colocando meus braços para trás, eu me virei com tudo, dando um grito alto, dessa vez de dor, e com a força que ainda me restava, corri o mais rápido que pude até sentir minhas pernas falharem, e minha vista começar a ficar turva devido a forte dor. Ao certificar que havia finalmente me livrado daquele demônio asqueroso, me sentei no chão ainda agonizando pela grande dor que sentia.

Eu havia quebrado o meu braço, mas pelo menos me sinto "bem" Por ter conseguido fugir antes que algo pudesse me acontecer.
Sentia minha vista escurecer cada vez mais, e aos poucos fui apagando, a dor aguda estava me fazendo apagar, mas não antes de ver um homem se aproximar de mim. Consigo ver seus cabelos, será que ele era um anjo? Será que havia chegado a minha hora?

Sou tão nova para morrer...
 


Abro a boca para tentar falar, mas já não me restava mais nada de energia no corpo, me rendendo finalmente a seja lá quem fosse que estivesse se aproximando de mim.

ZeusOnde histórias criam vida. Descubra agora