Capítulo 6

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Capitulo 6

Não sei quanto tempo se passou, estou na cama olhando pro teto sem perspectiva alguma de continuar de cabeça erguida.

Me lembro que depois que eu cai, Mari me abraçou, eu gritei, e so lembro de ter gritado muito, chorado ate a cabeça doer ao ponto de achar que ela iria explodir.

Com um tempo depois o médico e a enfermeira me ajudaram a subir novamente na cama e depois que deitei eles me deram um comprimido, não sei o que era, acho que calmante, não sei, mas desde que tomei, eu não consigo mais chorar.

Eu perdi meu filho.

A minha única ponta de esperança de superar aquele desgraçado, a única coisa que ligava minha vida a dele acabou de morrer, não tenho mais nada com ele, na verdade eu nunca tive, o que eu estou dizendo?

Ele nunca foi meu, eu entreguei tudo que eu tinha pra ele e não recebi nada em troca, nem ao mesmo seu amor, como eu pude ser tão idiota.

Mas a partir de agora, eu jamais deixarei alguém me machucar como ele machucou, eu jamais entregarei novamente meu coração, alias que coração?

Ele morreu junto com meu bebê, se antes eu era calor, agora sou frio, se antes eu era amor, agora sou ódio.

— Cami — Mari se reaproxima da cama e como um robô programado eu viro apenas meu olhar para ela e a vejo engolir no seco — preciso te contar uma coisa — ela limpa a garganta e eu me sento devagar — quando você deu entrada no hospital eu liguei pro Joel e ele tá vindo pra cá provavelmente com o Chris — ela fecha os olhos e cobre o rosto com os braços — ué, não vai surtar? — apenas balanço a cabeça negativamente e respiro fundo antes de falar.

— Para mim pouco importa se ele vem ou não, mas fico feliz que Joel esteja vindo pra te ver — desvio meu olhar pra a tempestade que cai lá fora, nem sei em que momento começou a chover, mas gosto de saber que o tempo lá fora esta tão frio quanto eu e minha vida.

— Cami — ela segura minha mão me fazendo voltar meu olhar pra ela — eu sei que você tá sofrendo, não precisa se fazer de forte, eu não sei a dor porque nunca fui mãe, mas eu também queria esse pequenino tanto quanto você — puxo minha mão.

— Eu estou bem, e quando ele chegar faz o favor de deixar nós dois sozinhos, tenho muito o que falar — me viro novamente para observar a chuva lá fora — por favor, sai e me deixa sozinha — ouço quando ela se levanta e a porta do quarto se abre e logo em seguida se fecha.

Me deito e observo o cair da chuva, o céu negro, ate o céu está com pena de mim hoje, chorando junto comigo.

Não sei quanto tempo passou, perdi a noção do tempo, nem sei que horas são na verdade, se já não estiver de tarde, está perto. Mari volta pro quarto com dois copos de café, e me entrega um, aceito de bom grado.

— Obrigada — tomo um gole e está como eu gosto, café preto com pouco açúcar e quentinho.

Vamos ver se consegue esquentar minha alma. E como se o diabo resolvesse aparecer e capturar meus pensamentos ouço duas vozes invadirem o quarto, uma doce e que corre para Mari, a outra, faz meu peito acelerar, mas já não sei se é de felicidade ou raiva.

Observo Mari deixar o copo de café na mesinha ao lado da minha cama e abraçar Joel como se o mundo estivesse acabando e ele fosse a única maneira que ela tinha de se salvar, e parece ser reciproco.

Chris por outro lado se aproxima da cama lentamente, ainda não tive coragem de fazer contato visual com ele, mas quando o faço, eu sinto meu corpo quebrar outra vez, o olhar de preocupação em minha direção, o olhar carregado do que imagino ser pena porque eu sei que não é amo, ao que parece lágrimas.

O Lado Escuro Dos Sonhos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora