Avós, li agora um texto e não pude deixar de pensar em vocês. Em cada palavra, em cada virgula, em cada ponto final. Lá estavam vocês.
O texto falava de adiar um abraço, um beijo e de depois ser tarde. E foi isso que fiz convosco.
No dia em que partiste, avô, tinha imensa coisa para te contar, e queria mimar-te mas fui passear com uma amiga e esses mimos e essa conversa contigo ficou para o "amanhã". Um amanhã que não aconteceu.
Ia-te ver todos os dias, raramente falhava, mas naquele dia falhei. Falhei no último dia.
Falhei o último abraço, o último beijo, o último "amo-te". Falhei, e agora?
Agora, ficou para um dia que nem sei se chegará.
E tu avó, ia-te ver no domingo porque no sábado ia ficar a descansar. Era o meu último dia de férias. Quão surpresa fiquei quando um pouco antes de almoço recebo a chamada a dizer que tinhas partido.
Não podia acreditar. Como pude cometer o mesmo erro outra vez? Como pude deixar que a vida me pregasse outra partida destas?
A verdade, é que deixei, e não posso voltar atrás.
Não vos poderei dizer que vos amo uma última vez, abraçar-vos e dar-vos um beijo. Nunca me poderei despedir de duas das pessoas mais importantes da minha vida.
O provérbio "Mais vale tarde que nunca" não é muito certo, porque o tarde pode não chegar, tal como não chegou para nós.
"Nunca deixes para fazer amanhã, o que podes fazer hoje." Palavras sábias as tuas, avô, que desde pequena me ensinaste isso.
E mesmo assim, falhei-te, falhei-vos aos dois. Desculpa.
Desculpa por ter-vos deixado para o "amanhã". Perdoem-me.
Um dia, se nos reencontrar-mos, eu prometo-vos, que vou gritar tão alto o quanto vos amo, que o mundo inteiro ficará a saber. Vou vos dar tantos beijos, tantos abraços que sentirão os meus braços à vossa volta e os meus lábios colados às vossas bochechas para sempre, e nunca mais ficarão sozinhos.
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Um espécie de diário!
Teen FictionTentando viver, tentando sonhar, tentando ser feliz, tentando amar!