Dezenove

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James

   Dei mais um gole em minha bebida, antes de voltar a atenção à moça sentada à apenas alguns metros de mim.

    — Ora, ora, poderias pelo menos disfarçar, James.

Olhei para o lado, onde Troy Stiffers – um velho conhecido –, jazia. Estávamos à apenas algumas horas em sua propriedade e durante todo o período, minha noiva acabou por chamar a atenção de todos, devido à sua elegância e bons modos.

   — A quê refere-se, Troy?

Ele riu, bebericando a taça de vinha que tinha sob as mãos.

   — Estou referindo-me ao fato de que desde o momento em que chegou, não tirou os olhos de sua noiva. Inclusive, não deu atenção à nada do que lhe foi dito.

   — Perdoe-me, se o ofendi Sr Stiffers...

   — Não é para tanto, meu jovem! Está tudo bem, afinal, não o julgo. — olhou para Victoria —, ela é encantadora.

Assenti, dando mais um gole em minha bebida.

   Victoria estava sentada próxima às outras mulheres daquele local; eram elas : Aileen Stiffers, Brenda Stiffers e Frida Stiffers.  A Esposa, filha e sogra, de Troy. – respectivamente. Era incrível a forma como Victoria parecia sentir-se a vontade com aquelas mulheres que nunca havia visto; senti-me mal de imediato, com a  constatação de que a havia mantido solitária, desde o dia em que foi morar em minha casa.

À meu lado, Troy estreitou os olhos, tornando-os aguçados e atentos. Seu olhar estava fixo em minha noiva.

   — James, aquela jovem é realmente muito semelhante à Elsa. — olhou para mim —, sua Elsa.

Pigarrei.

   — Sim... Foi tudo ideia de meu pai. Ele pensou que talvez se encontrasse uma mulher semelhante à Elsa, eu...

   — Seu pai é realmente um homem muito esperto, James. E como esperado, seu plano deu certo, tendo em vista a forma como você olha para aquela moça.

Desviei os olhos para a taça – já quase vazia – sob minhas mãos.
Troy fez-me lembrar de como havia sido injusto com meu pai. O homem que nunca desistiu de mim e tampouco mediu esforços para reerguer-me. Há apenas alguns dias atrás, havia recebido uma carta de meu pai, alegando que permaneceria por mais alguns dias em Londres.

Parecendo notar minha linha de raciocínio, Troy pôs sua taça sob a mesa diante de nós e deu um leve soco em meu ombro.  

   — Não faça esta cara, rapazinho. Tenho certeza de que sua mãe deve estar em ótimas mãos, lá em Londres.

Suspirei.

  É claro que Troy deveria estar á par de nossa vida pessoal, afinal, ele era o melhor amigo de meu pai e ambos, contavam tudo um para o outro.

   — De todo modo — continuou Troy —, não devo negar que estou realmente surpreso por você estar melhor. Digo, nunca pensei que você fosse capaz de superar a perda de Elsa.

Nem mesmo eu, pensei que fosse; mas a verdade era que ter Victoria comigo, foi a melhor coisa que me aconteceu em dois anos; ela me ajudava à apaziguar a dor; sua presença era reconfortante.

Troy soltou um longo suspiro.

   — Espero apenas que Dathanian seja como você, e encontre logo uma esposa.

Dathanian Stiffers era o primogênito de Troy, e era alguns anos mais jovem do que eu; lembrava-me perfeitamente de como Troy costumava reclamar com seu filho por conta de seu mal comportamento; Dathanian detinha de um comportamento compulsivo por mulheres; uma não era suficiente para ele.

Aceite meu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora