Epílogo

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01 ano depois...

Victoria

   Ergui-me do chão, sacudindo a saia de meu vestido, na tentativa de retirar a terra presente nele.
Passei a mão na testa, esvaindo-me do suor. Até mesmo Longsford chegava a ser quente no verão.

    Coloquei as mãos na cintura, observando satisfeita, o resultado de meu árduo trabalho. À minha direita, ouvi passos pesados vindos na minha direção. Virei o rosto, e vi James, com um enorme regador sob as mãos.
As mangas de sua camisa estavam arregaçadas - e assim como meu vestido, completamente sujas de terra.

Ele deu um longo suspiro, conferindo o resultado de três horas de dedicação.

   — Até que não ficou tão ruim, afinal.

Fiz cara feia.

   — "Não ficou tão ruim"? Está brincando, não é? — apontei para o jardim —, ficou perfeito!

De fato, o novo jardim da propriedade Calangner estava irreconhecível. Nem dava para acreditar que era o mesmo jardim de alguns dias atrás. Depois de 01 ano morando naquela casa, finalmente o frio havia cessado, justificando o motivo de apenas agora, estarmos recuperando o jardim.

    O novo jardim era rodeado de plantas e flores silvestres. Dentre elas, estavam é claro, os narcisos; visualizar aquele ambiente deixava mais perceptível o quanto as coisas haviam mudado desde que James e eu havíamos nos casado.

    Assim que me tornei - oficialmente- a duquesa de Calangner, fiz como minha primeira ação, dar uma repaginada naquela mansão inteira. Agora, suas cores eram mais vivas, e os cômodos que antigamente costumavam estar sempre fechados e escuros, estavam agora, sempre abertos e arejados.

  — Milorde, Milady, —reverenciou-nos, Marilyn —, vocês tem visita: Lorde Harold White e Lady Josephine White.

James bufou.

    Agora que era oficialmente o duque de Calangner, dentre as responsabilidades de James estavam sempre convocar assembléias e reuniões, com alguns membros da alta sociedade de Longsford. - o que era, na opinião dele, realmente desagradável. Assim que possível, James solicitava a presença de seu pai, que fazia o possível para ajudá-lo.

James deu uma última regada no broto de narciso à sua frente, antes de sair do canteiro, com o intuito de ir ao encontro de seus pais. Continuei no canteiro, admirando abismada, como aquele local estava lindo.

   Não foi necessário que James se deslocasse até a sala de visitas, já que seu pai e sua mãe, vieram exatamente ao jardim. Ambos estavam de braços cruzados.

Olhei atentamente para minha sogra: de fato, sua aparência parecia estar cada vez melhor, assim como seu estado mental; desde que passara à morar em Londres, ela e seu marido vinham visitar-nos com frequência, e era óbvia a melhoria em seu estado de saúde. Não estava totalmente curada, mas havia apresentado uma melhora significativa de uns tempos para cá. - pelo menos foi isso o que o médico informou.

Josephine abriu um largo e terno sorriso, assim que viu seu filho.

  —  James! — disse ela, com evidente carinho.

James foi imediatamente ao encontro de sua mãe, dando-lhe um apertado abraço. Harold veio até mim, com a testa franzida, esbanjando surpresa.

   — Não acredito que vocês conseguiram consertar o jardim!

Abri um sorriso presunçoso.

  — Sim, conseguimos. Está muito belo, não achas?

Ele assentiu, passando seus olhos céticos por cada uma das flores e plantas colocadas junto à terra.

  — Então papai —, disse James, enquanto caminhava de braços dados com sua mãe até nós —, convoquei-lhe hoje, para poder fazer um anúncio muito importante.

Harold estreitou os olhos, alternando-os entre mim e seu filho. Josephine parecia mais interessada nas novas plantas do jardim.
James e eu compartilhamos um olhar repleto de cumplicidade.

Harold arqueou uma sobrancelha.

  — Então...? Que anúncio seria este?

James pigarreou.

  — Bom, apenas que resolvi atender seu desejo.

Harold piscou, parecendo confuso.

Prendi uma risada.

  — Um desejo...? Que desejo seria este? — perguntou Harold.

James suspirou.

  — Um que há muito tempo, vêm pedindo-me.

Harold fez uma careta, parecendo realmente pensar no assunto.

  — Eu terei um sobrinho! — gritou uma voz extremamente familiar, à nossa frente.

Suspirei. Já era de se esperar que Verônica Jones, não iria aguentar guardar um segredo por muito tempo.

À apenas alguns metros de nós, estavam papai e Verônica, que traziam consigo, alguns utensílios de jardinagem.

Harold arregalou os olhos.

  — U-Um neto... E-Eu terei um neto...?

James passou por ele, vindo até mim. Suas mãos tocaram levemente a minha barriga.

  — Sim, papai. Victoria está grávida.

Ao invés de pular ou gritar de felicidade como pensei que meu sogro faria, ele fez o impensável: chorou.
Uma grossa lágrima escorreu de seu olho esquerdo.

James pôs-se imediatamente até seu pai, dando-lhe um abraço consolador.
Josephine estava agora, junto de Marilyn, que apresentava-lhe cada uma das flores do jardim.
Já papai e Verônica, uniram-se à James e seu pai, comentando eufóricos sobre os preparativos para a chegada do bebê.

Olhei para a minha barriga – onde já se era possível notar uma pequena protuberância.
Acariciei-a levemente, pensando em como estava contente pelo rumo em que minha vida havia tomado.

Não sabia ao certo que futuro aguardava meu bebê, mas sabia que seja qual fosse, estaria à seu lado, guiando-o da melhor forma possível. Rogava para que o fruto de meu amor com James, pudesse ser tão feliz quanto eu e ele éramos.

Fechei os olhos, sentindo a brisa atingir-me e virei-me, unindo-me ao aglomerado de pessoas que discutia à todo vapor, possíveis nomes para meu bebê.

Naquele momento, tive a total certeza de que nunca na minha vida, havia sido tão feliz...

Aceite meu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora