Doze

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Victoria

   Contei mentalmente até três, dando um longo suspiro, antes de reunir coragem para bater na porta diante de mim. Mais cedo, Marilyn acabou por  confidenciar-me que Harold White havia regressado de sua viagem na noite anterior;

   Já fazia um dia, que havia ido morar com os White e precisava saber como as coisas sucederiam com relação ao arranjo. Estava fazendo o possível para não sair correndo dali ou  estapear James White; precisava saber que meus esforços não estavam sendo em vão. Ademais, minha família precisava do dinheiro o quanto antes e por isso, precisava falar com Harold White.

Bati na porta uma, depois duas e por fim, três vezes, até que liberassem minha entrada.

  — Entre! — disse uma voz que identifiquei como a de Harold;

Alisei a saia de meu vestido e obedeci seu pedido, abrindo a porta e adentrando no cômodo;

Harold arregalou os olhos, assim que viu-me diante de si.

  — Ora, senhorita Jones! A quê deve-se a honra de sua ilustre presença?

Ergui o queixo e ajustei a postura.

  — Preciso conversar com o senhor sobre a valor estabelecido pelo arranjo.

Ele franziu as sobrancelhas.

  — Bem, nós já havíamos conversado sobre isto, senhorita. A quantia será ofertada no momento em que você e meu filho se casarem.

O quê?

  — Deve haver algum mal entendido, senhor. Pelo que recordo-me, o arranjo oferecido seria cedido no momento em que o noivado fosse firmado!

Harold franziu a testa.

   — Não, querida. Estou certo de que você ou seu pai devem ter escutado errado.

Engoli em seco, caminhando até a mesa de mórmon em que o duque apoiava seus braços. Inclinei-me e pus as duas mãos sob a mesa, ficando cara a cara com o duque de Calangner.

  — O senhor não entende, milorde! Minha família precisa do dinheiro o quanto antes! Caso contrário, meus familiares serão despejados!

Harold recostou-se na poltrona atrás de si, suas mãos passando por seu queixo anguloso.

  — E o que propõe que eu possa fazer, senhorita? O combinado foi que...

  — Sem ofensas, milorde, mas estou morando na sua casa, sendo tratada feito lixo por seu filho! O mínimo que podes fazer é acelerar o processo e ceder de uma vez, a quantia destinada à minha família!

Harold ergueu-se da poltrona, rodeando a mesa e vindo até mim, com uma expressão dura no rosto.

Engoli em seco.

  — Espero que a senhora meça suas palavras antes de direcioná-las até mim!

   — E eu, espero que o senhor honre com o acordo e com a sua palavra!

Harold desviou os olhos para algo detrás de mim, e de repente, seu semblante mudou completamente: as sobrancelhas franziram ainda mais e seus olhos fitaram-me severamente.

  — A senhorita está insinuando que sou desonesto?!! Como atreve-se?!

Harold ergueu uma de suas mãos, tornando evidente sua intenção de agredir-me.

Fechei os olhos e virei o rosto instintivamente, em antecipação pelo golpe.

Entretanto, alguns segundos se passaram e nada. Hesitante e lentamente, abri os olhos, em completa confusão pelo que estava ocorrendo.

Aceite meu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora