Encarei seus olhos azuis antes de pensar no assunto. A curiosidade em seu timbre de voz me intrigou e isso fez uma certa onda de tristeza dominar meu ser. Respirei fundo e acariciei seu rosto levemente corado antes de responder aquela pergunta inusitada.
— É o escritório do papai - me ajeito em seu colo, repousando minha cabeça em seu ombro - Não entro lá desde o acidente.
— Imagino o quão doloroso é - o moreno beijou minha testa apertando seus braços entorno do meu corpo - Eu não conheci minha mãe.
— Sinto muito - falei deslizando meus dedos em seu braço.
Mais uma vez o telefone do tatuado tocou e dessa vez era o nome do seu pai que aparecia na tela. O moreno atendeu e eu pude ouvir a voz do Fugaku do outro lado da linha, chamando seu filho para assistir futebol.
— Vai ficar com seu pai - digo saindo do colo do tatuado que estalou a lingua fazendo um barulhinho.
— Se eu não tivesse prometido a ele hoje cedo, eu adoraria passar a noite com você - Itachi falou sorrindo de forma maliciosa e me beijou novamente, pegando-me de surpresa - Se cuida tá, te vejo amanhã.
Mais uma vez as borboletas pareciam voar dentro da minha barriga. O acompanhei até a porta e esperei o moreno montar na moto e dar a partida. Não contive o sorriso bobo quando o vi virando a esquina, segundos depois um carro preto com vidros escuros se aproximou e já estava para fechar a porta quando ele parou rente a calçada.
O vidro se abaixou e o rosto do Danzou surgiu com um sorriso estranho nos lábios. Pela luz no interior do carro, pude notar que trajava um termo branco com uma gravata preta. Me curvei em sinal de respeito enquanto o cumprimentava.
— Boa noite Yumi Mukami - sua voz soou firme na noite escura, e um arrepio me subiu pela espinha quando pronunciou meu sobrenome.
— Boa noite senhor - dou lhe um sorriso sem graça.
— Amanhã as oito estará livre? - perguntou pegando um cartão no porta luvas e assinou antes de esticar o braço para fora do carro - Quero que venha visitar a empresa, não precisa esperar pelo sábado.
— Claro - concordo pegando o cartão e olhando sua assinatura, procurando alguma semelhança com a caligrafia do pergaminho - Estarei lá.
— Ótimo. Estou ansioso para lhe mostrar nossas instalações - Danzou indagou passando a mão sobre o queixo - Tenha bons sonhos.
— Igualmente senhor - me curvo novamente e entro dentro de casa.
Fechei a porta e me encostei na mesma esperando que o carro desse partida. Girei a chave duas vezes me certificando de que estava mesmo trancada, não queria correr o risco de ter alguém invadindo minha residência. Encarei o pergaminho sobre a mesinha e em passos lentos cheguei até ele.
Infelizmente a caligrafia impressa ali não batia com a assinatura de Danzou, o que me fez questionar em quem havia deixado aqui pra mim. Claro que, a visita inusitada do CEO da empresa já tarde da noite me pegou de surpresa, o modo como ele falava meu sobrenome me fazia revirar o estômago junto de uma sensação ruim.
Deixei o cartão sobre a mesinha junto do pergaminho e juntei as louças sujas que estavam na sala. Também peguei a camisinha enrolada que estava no chão e por um segundo imaginei qual seria a reação dos meus pais vendo aquilo. Olhei para o quadro pendurado com o retrato deles e sorri sentindo as lágrimas se formando.
Espantei aquela tristeza repentina e na cozinha lavei tudo que estava sujo. Guardei o restante do yakisoba e subi as escadas depois de apagar as luzes. Parada no corredor, criei coragem para encarar a porta do escritório do papai, eu não tinha entrado ali e nem no quarto deles desde que se foram.
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Não Me Deixe (Itachi)
SonstigesA ganância gera poder e o poder causa a morte. Ela, filha do casal que morreu em um trágico acidente depois de se tornarem sócios de uma grande empresa de Tecnologia. Ele, filho do melhor amigo do empresário morto e líder de um grupo de assassinos...