Número Desconhecido

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Meu celular ainda vibrava agora dentro do bolso da calça. Ainda dentro da cabine esperei impaciente para que o tatuado passasse pela porta de saída. Eu queria ir embora dali o mais rápido possível e o arrependimento de ter vindo a essa maldita viagem estava agora estampado em minha face.

Sentei-me no vaso e chorei em silêncio, mordendo a manga da camiseta para evitar que ele pudesse ouvir. Foi só quando ouvi a porta de vidro sendo arrastada que pude soltar o choro, sem restrições de barulho pois estava sozinha ali.

" Yumi não me atrai! "

Minha cabeça estava pesada, meus olhos e a ponta do nariz avermelhados, entregando minha crise de choro a qualquer um que me olhasse naquele momento. Limpei as lágrimas e mais uma vez joguei a mochila nas costas. Meu reflexo me mostrava o quanto eu estava acabada, e eu ainda não entendia o motivo. Itachi era meu amigo, apenas isso, certo?

Lavei meu rosto e deixei o vestiário, por sorte nao havia ninguém no ginásio além de um senhorzinho que limpava o chão cheio de marcas de pés e melados de refrigerante. Apertei a alça da mochila e deixei o campus com a cabeça baixa, não precisava de ninguém me olhando com pena.

Graças a um mapa da vila que ficava fixado na entrada da Universidade, pude memorizar o caminho até a estação de trem, a viagem de volta seria bem mais rápida do que de ônibus. Enquanto fazia a contagem de ruas em minha mente, vi o nosso motorista se aproximar com um sorriso nos lábios sujos de maionese.

— Precisa de ajuda? - perguntou o senhor Okumura bebericando um pouco do suco que carregada na mão esquerda.

— Só queria saber um caminho mais rápido para a estação de trem - suspiro e ele concorda.

— É só voltar pelo caminho que viemos, quando chegar na bifurcação vira a esquerda, depois é só continuar em linha reta - ele falou com calma sem questionar o motivo de eu querer ir embora sem esperar pelos meus "colegas".

Agradeci com um menear de cabeça e apressei os passos por entre os ônibus, quanto mais eu andasse escondida mais fácil seria de evitar qualquer pessoa indesejada. Em meu bolso o celular ainda vibrava, e eu só o peguei para ver se não tinha nenhuma mensagem do Kiba.

Havia tantas ligações perdidas do mesmo número e quando desbloqueei o aparelho, a notificação de uma nova mensagem piscou na tela. Mordi o lábio e deslizei o dedo pela barra de notificação.

"Aonde você está Neko-chan? Estou preocupado, me liga por favor!"

Guardei o celular e continuei andando, eu não queria vê-lo, não queria ouvi-lo e muito menos sentir seu perfume. Nunca pensei que fosse me aproximar do Itachi e o pior, me apaixonar por ele. Isso estava fora de cogitação e eu não ia admitir isso tão facilmente.

— Pare de pensar besteiras Yumi! - falei a mim mesma dando leves tapas nas bochechas, ignorando qualquer cidadão da vila que me olhava com curiosidade.

Já havia passado alguns quarteirões quando encontrei a bifurcação. Fiz como senhor Okumura disse e virei para a esquerda. Como se não bastasse ter que andar em linha reta por mais alguns quarteirões, uma tempestade de areia começou me tirando do trajeto. Afim de me proteger, entrei na pequeno restaurante dando graças a Kami por não ter ninguém ali.

— As tempestades de areia estão cada vez mais frequentes - uma senhora me chamou a atenção e pelo avental, ela era dona do estabelecimento - Você veio para os jogos?

Não Me Deixe (Itachi)Onde histórias criam vida. Descubra agora