Tiara de Flores

460 68 44
                                    


As flores de Ume estavam ainda mais vermelhas nas mãos do mascarado e seus dedos se mantinham firmes envolta do ramo. Ele deu um passo a frente, chegando tão perto do meu corpo que podia sentir seu calor emanar para o meu.

Sua mão esquerda buscou a minha e um algo como um choque me fez arrepiar. Ainda não havíamos trocado uma palavra se quer e pelo jeito que as coisas iam, ele não diria nada tão cedo. Segurei o ramo cheio de flores e por instinto as levei até o nariz, sentindo o cheiro único que elas tinham.

— Você não vai dizer nada, não é? - insisti buscando os olhos do mascarado.

Ainda segurando minha mão por cima da sua, ele olhou para os ferimentos em meu braço, agora já estavam quase totalmente cicatrizados. Ele tocou ali, e foi como se pedisse desculpas por um crime que não cometeu.

— Não foi culpa sua - digo o deixando surpreso, seus olhos se moveram por detrás da máscara e com toda coragem que surgiu em mim, segurei sua mão - Eu não tive a chance de te agradecer, então eu só queria dizer obrigada.

— Para onde foi seu medo? - o Corvo perguntou me surpreendendo, mesmo que sua voz tenha saido um pouco abafada, me fez sentir um pouco nostálgica.

— Então você sabe falar - arqueei a sobrancelha e deixei o ramo de flores sobre escrivaninha - Por que está me seguindo? Me sinto como a personagem principal de um filme onde a mulher é perseguida pelo assassino o filme inteiro.

— Segurança - ele respondeu rápido brincando com pequeno anel que eu usava no dedo anelar - Não precisa ficar assustada com minha presença, se eu quisesse te matar, já teria feito.

— Posso estar errada ou até imaginando coisas mas, sinto que já te conheço - mordo o lábio e balanço a cabeça desacreditando que tinha mesmo dito aquilo - Obrigada pela flor.

Ele apenas concordou com um menear simples antes de deixar meu quarto. Fui até sacada e o procurei pela rua mas ele já não estava mais ali. Sorri abobada e peguei Salem no colo. O gatinho precisava de um banho e aproveitaria o momento para relaxar meus músculos.

(...)


Acordei de madrugada com as cortinas balançando violentamente dentro do quarto. Eu havia pego no sono sentada na cadeira enquanto fazia o seminário que o Iruka havia passado, não queria correr o risco de deixar para última hora e ficaria mais tranquila nesse fim de semana.

Levantei-me abraçando o próprio corpo na tentativa inútil de me aquecer. Eu tinha fechado as portas da sacada antes de entrar no banho mas, de alguma forma, elas estavam escancaradas de novo. Sobre o livro, mais dois ramos de flores chamaram a minha atenção. Havia um ramo de Fuji (Glicínia) e o outro de Sakura.

— Se a prodígio da medicina fosse delicada igual a flor eu não precisaria me estressar todos os dias - digo pegando os ramos e colocando-os junto ao de Ume que havia ganho mais cedo - Ele adora flores...

Um banho de manhã nunca havia sido tão gostoso, principalmente quando você acaba dormindo com a cara enfiada nos livros. Na cozinha, o desanimo tirou boa parte do meu bom humor depois de abrir os armários. Precisava fazer compras e definitivamente aquilo não era muito meu forte. Derrotada, enfiei o celular no bolso da calça e calcei o tênis eu havia deixado no canto ao lado da porta da sala.

O inverno estava chegando com força total, os ventos cortavam os céus e meu cabelo ia junto. Joguei o capuz da blusa sobre eles, tentando ao menos deixar minha visão livre dos fios rebeldes. Por um instante a figura do Corvo ocupou meus pensamentos no momento exato em que seus dedos seguraram meu cabelo e não pude deixar de sorri.

Era loucura, eu sabia muito bem disso. Deveria dar queixa na polícia, afinal de contas um assassino me visitava durante a noite porém, eu não tinha coragem de fazer tal ato e gostaria muito de descobrir o motivo.

Não Me Deixe (Itachi)Onde histórias criam vida. Descubra agora