Não Me Deixe (Itachi)

Na Biblioteca

     

A aula havia demorado mais do que eu gostaria e tudo graças a um maldito trabalho que o professor Iruka havia passado de última hora. Biologia Molecular era uma matéria interessante mas fazer um seminário para daqui duas semanas era loucura, ainda mais que esse fim de semana havia o jogos da Universidade.

Mandei uma mensagem pro Kiba avisando que me atrasaria um pouco e que pra recompensa-lo ficaria até mais tarde. Meu celular vibrou pouco tempo depois enquanto guardava minhas coisas no armário. Peguei o aparelho e pela barra de notificação a resposta do castanho me deixou aliviada.

— Droga! Preciso ir na biblioteca antes que os livros acabem - suspiro derrotada indo para o prédio ao lado.

Já se passava do meio dia e todos tinham saído apressados do campus, haviam poucas pessoas sentadas na grama debatendo sobre trabalhos e o campeonato do clube de luta. Revirei os olhos recordando do momento no qual havia cedido ao pedido insistente de Itachi. Já não era nada legal ter que lidar com as crises da Sakura pelos corredores e levar essa rivalidade um tanto quanto infantil para outra Vila, seria mais do que insuportável.

Na biblioteca, o secretário Kakashi encontrava-se como de costume exibindo uma postura desleixada na cadeira giratória e o rosto enfiado no meio de um livro erótico, deixando em evidência somente a cabeleireira acinzentada amostra. Tudo estava estranhamente quieto, talvez fosse porque o lugar era extenso demais e cheio de grandes estantes de madeira maciça abarrotadas com livros de todos os estilos.

Passei pela pequena área de leitura e busquei a estante enumerada com os livros de biologia molecular, para minha infelicidade era a última da fileira no fundo da enorme sala. Pequenos ruídos iam ficando mais altos e audíveis a cada passo que dava. Pude distinguir os sons e meus olhos se arregalaram ao notar que não passavam de gemidos.

Agora de frente para a estante e tentei ignorar o pornô que rolava atrás dela. Busquei pelo livro que precisava fazendo uma careta com a voz estridente da garota... Espera ai, eu conheço essa voz!

Tentada pela curiosidade, puxei um livro qualquer revelando a cabeleireira rosa da garota que encontrava-se debruçada com os braços apoiados na madeira. Seus olhos fitaram-me e um sorriso malicioso esticou os lábios finos da garota.

— Isso...Ahhh Itachi eu vou gozar - Sakura gemeu revirando os olhos e um barulho de um tapa ecoou pelo lugar.

— Você é uma vadia Sakura - a voz grave do tatuado soou um tanto quanto autoritária enquanto puxava os cabelos da garota, aumentando o ritmo das suas estocadas - Gosta quando te como assim, não gosta?

O barulho de seu corpo se chocando com o daquela garota estava fazendo meu corpo esquentar. Eu não podia estar ficando excitada ouvindo ele transando, poderia? Larguei o livro e me xinguei mentalmente quando a capa dura do objeto fez um ruído contra os outros. Droga!

— Tinha que ser a empata foda! - Sakura exclamou irritada empurrando o livro o fazendo cair no chão.

— Eu não estou nenhum pouco interessada nessa sua gritaria exagerada - constrangida por ter sido pega, estiquei meus pés tentando alcançar o livro que estava na prateleira de cima da estante, onde eu infelizmente não conseguia alcançar - Pode continuar dando ai Barbie.

— Neko-chan? - Itachi indagou surpreso esgueirando-se pela lateral da estante, revelando sua face suada e avermelhada - Quer ajuda?

— Você não vai me largar aqui prestes a gozar para ajudar essa garota não é? - Sakura praticamente gritou soltando uma lufada de ar em desagrado.

— Pode deixar Itachi - falo sem graça notando algumas marcas arroxeadas em seu pescoço - Pode voltar pra sua diversão, eu pego o livro depois.

O tatuado me ignorou ajeitando a calça colada no corpo, fechando o botão e então entrou em meu campo de visão. Ver aquele abdômen definido com gotículas de suor fez meu íntimo pulsar. Meu rosto ficou vermelho e as bochechas arderam com meu repentino estado febril. Sem esforços ele pegou o livro de capa dura e me entregou com um sorriso sem graça nos lábios inchados e avermelhados.

— Você é ridícula garota! Eu odeio você! - Sakura falou saindo detrás da estante subindo o zíper da saia rosé que vestia.

— Cala boca Sakura - Itachi vestiu sua camisa - Trepo com você depois.

— É Sakura, não precisa ficar possessa só por não ter tido um orgasmo entre os livros - alfinetei apertando o livro contra o peito e comecei a andar em direção a saída - Obrigada Itachi - virei a cabeça rapidamente para agradecer o moreno que estava parado no meio do corredor com as mãos enfiadas no bolso da calça.

Andei o mais rápido que pude para o mais longe possível do prédio. Meu interior ainda estava agitado e a imagem do Uchiha sem camisa não saía da minha mente. Não que eu já não o tenha visto antes mas levemente corado e suado, ai já era outra história.

— Cheguei! - falo ao entrar no pet shop, atraindo a atenção do castanho que discutia de novo com Akamaru.

— Ah, Yumi-chan, estava preocupado - Kiba sorriu - Aconteceu algo? Você está vermelha.

— Não - menti! Na cara dura eu menti - Desculpa pelo atraso, o professor passou um trabalho de última hora e eu tive que procurar um livro.

— Não se preocupa, aliás, soube que terá o campeonato de luta - os dedos do castanho fizeram um batuque ritmado sobre o balcão - Você vai com o pessoal?

— Eu não iria mas, um amigo requisitou minha presença - faço careta.

— Você deveria mesmo ir! - Kiba soou divertido - Amigo é?

— É! - apressei-me em responder - Eu reponho o sábado perdido.

— Não precisa, você tem trabalhado aqui desde os seus treze anos. É como se fosse da família - Akamaru latiu me fazendo sorrir - Aliás, amanhã não precisa vir, fique de folga. Utakata assume a loja amanhã, programei uma viagem para o País das Fontes Termais com minha garota.

— Você merece Kiba - falo contente pelo meu amigo.

— Seu aniversário está chegando não está? - perguntou coçando a cabeleira castanha.

— É semana que vem, no sábado - suspiro fazendo careta.

— Vinte anos em mocinha? - ele sorriu - Seu presente será um aumento de salário. Desde que você pois os pés aqui, os clientes saem satisfeitos com seus pets sendo muito bem cuidados.

— Sua mãe vai matar você por ficar me dando um aumento a cada ano - brinquei pegando uma das caixas de areia mais simples que tinha na loja e um saco de areia para gato - Desconta do salário.

— Nada disso, eu disse que você poderia levar mas depois do ocorrido acabou esquecendo - Kiba falou se levantando da cadeira - Já comeu? - neguei - Vou buscar nosso almoço então.

Deixei minha mochila abaixo do balcão e corri para colocar a blusa do uniforme. Quando Kiba voltou, almoçamos e ai pude começar o trabalho. Quando acabei de secar o último cachorrinho que faltava, o castanho apareceu na porta dizendo que eu já podia ir embora.

O sol estava se despedindo no horizonte e os últimos raios alaranjados cintilavam sobre as copas das árvores mais altas do Jardim, realçando as cores vívidas daquele lugar de paz. Joguei a mochila nas costas e segurei a sacola com as coisinhas que havia ganho do Kiba para o Salem.

A rua estava estranhamente quieta e do alto das lojas e casas, uma sombra se movia depressa, me acompanhando. Intrigada, apressei-me para chegar em casa. Desviei o olhar da rua no momento que a sombra saltou parando a minha frente.

Recuei alguns passos e comecei a correr em direção a minha casa, por sorte estava perto e o chaveiro de gatinho já estava na minha mão. Pela primeira vez acertei o buraco na fechadura estando a beira de colapso nervoso. Encostei minhas costas na porta e me assustei com Salem miando em direção ao meu quarto.

Larguei a mochila na sala como de costume junto com a sacola e subi as escadas pulando os degraus de dois em dois. Receosa, entrei no quarto dando de cara com o Corvo. Em sua mão direita, havia um pequeno ramo de Ume (Ameixeira).

— Você de novo?!