Ainda estava de pé na sacada segurando o edredom com força em meu corpo. O vento bagunçava meus cabelos um pouco desgrenhados, dando liberdade aos fios escuros. Minha mente estava em conflito, um turbilhão de sentimentos estava me deixando enjoada.
— Itachi - sussurrei sozinha tocando a testa enquanto lágrimas de surpresa escorriam pela minha face.
Voltei para dentro do quarto em passos lentos, uma sensação estranha me deixava inquieta e intrigada, mas como ele estava em dois lugares ao mesmo tempo? Itachi estava comigo mas, o Corvo também. Me deitei na cama sentindo tudo rodar, era estranho e nostálgico ao mesmo tempo.
Ouvi a campainha tocando e pulei da cama com o coração acelerado. Vesti meu blusão e a calcinha as pressas antes de descer as escadas gritando um "Já Vou" um pouco estridente. Quando abri a porta apenas o suficiente para conseguir ver quem estava do outro lado, fui surpreendida pois não havia ninguém, apenas uma caixinha vermelha com um pequeno bilhete.
Peguei a caixinha e fechei a porta atrás de mim logo a trancando. Coloquei a caixinha sobre a mesinha de centro e me sentei no sofá. Não sei ao certo quanto tempo perdi olhando para a cor exuberante que revestia todo o papelão mas, não foi o suficiente para ver o que havia dentro.
— Qual é Yumi - disse a mim mesma, encorajando-me a remover a tampa.
Respirei fundo e assim a fiz. Retirei a tampa e havia outro pergaminho enrolado, junto dele os brincos de pedras vermelhas que minha mãe usava no dia do acidente e uma pequena chave dourada. Com os dedos trêmulos segurei o pergaminho expondo a mesma caligrafia perfeita assim como a da primeira vez.
" Eu guardei esse segredo a muito tempo e agora está na hora de saber a verdade. Me encontre amanhã a noite no Jardim Konoha.
Obs: Feliz Aniversário Pequena Yumi "
Larguei o pergaminho sobre a mesinha da sala e peguei a chave nas mãos. O choque causado pelo metal frio em minha pele quente me fez pular do sofá e ir correndo até o escritório do papai. Conforme ia me aproximando da porta, parecia que o corredor ia ficando cada vez mais extenso.
Respirei fundo e girei maçaneta, revelando os móveis escuros e o quadro preso na parede. Bati a mão no interruptor e cruzei o pequeno espaço ficando frente a frente com a mesa do meu pai. Encaixei a chave no buraco e o som da trava ecoou pelo cômodo silencioso. Puxei a pequena gaveta e um envelope amarelado estava cuidadosamente guardado com meu nome escrito com a caligrafia do meu pai.
Segurei o envelope e retirei o selo, expondo um pequeno papel também amarelado pelo tempo. Me sentei no chão e Salem veio se deitar no meio das minhas pernas, como se me desse forças para ler o que estava escrito ali.
" Minha pequena Yumi
Eu vejo que você cresceu e se tornou uma pessoa forte. Eu quero iniciar essa carta dizendo o quanto eu sua mãe e eu lhe amamos muito.
Perdoe-nos pela minha forma egoísta de pensar que te deixando, estaria lhe protegendo. E pensar que perdi todos os seus passos desde a infância até a adolescência.
Queria estar agora sentado no sofá com você, comendo pipoca e assistindo um bom filme, levar você e sua mãe para fazerem compras, brigar por usar roupas curtas e dizer que te amo todos os dias antes de dormir.
Seu aniversário está chegando e eu lamento não estar ai para apagar a vela com você, de comprar muitos presentes e de fazer suas vontades. Sim minha princesinha, papai foi egoísta a tal ponto de deixar-te só.
Deixei esse papel que com o tempo se tornará amarelado e com a tinta borrada apenas para lhe dizer que esse ano, você ganhará o presente que será importante para seu futuro. Peço que encontre o Fugaku Uchiha, o homem que foi mais que um amigo, um verdadeiro irmão.
Peço que quando souber de toda a verdade não o odeie e sim que o perdoe, da mesma forma como eu perdoei.
Feliz Aniversário minha pequenina
Ass: Papai "
Lágrimas escorriam desenfreadas de minha face e morriam sobre os pêlos de Salem que se mantinha quieto em meu colo. O que eu temia parecia ser verdade, meu pai fora assassinado naquela noite e sua morte foi dada apenas como um acidente trágico.
Desnorteada, corri até meu quarto enxugando os rastros molhados em minhas bochechas e liguei para o primeiro contato que apareceu na tela. O nome Kiba preencheu a tela iluminada e não demorou muito para que sua voz ecoasse com preocupação do outro lado da linha.
— Yumi-chan? Você está bem? - Kiba perguntou as pressas e eu respirei fundo tentando controlar aquele turbilhão de emoções que faziam minha cabeça rodar.
— Está ocupado? - mordi o lábio aflita - Eu descobri algo Kiba, pode vir até minha casa?
— Akamaru e eu estaremos ai em dez minutos - Kiba desligou o telefone e eu encarei as portas abertas da sacada.
Deixei Salem no quarto e fechei as portas para evitar uma tragédia já que Akamaru viria junto com Kiba. A casa estava silenciosa e fria agora que parcialmente meus pais haviam sido assassinados e de alguma forma, Fugaku parecia estar envolvido.
A campainha tocou e eu me assustei, não ia negar que agora, um certo pânico me rodeava. Caminhei confiante e abri a porta o suficiente para ver Kiba e Akamaru me olhando com preocupação. O castanho passou pela porta as pressas e eu o abracei sentindo as lágrimas voltando a cair, molhando o peitoral do mais velho.
— O que houve? - seus braços rodearam meu corpo, envolvendo-me em um abraço apertado.
— Parece que fui enganada a minha vida toda - digo tentando controlar os soluços - Eu achei uma carta do meu pai, tenho certeza de que ele foi assassinado.
— Aonde você achou isso? - ele segurou meus ombros e obrigou-me a olhar para ele.
— Eu recebi um bilhete com os brincos da minha mãe - ele enxugou minhas lágrimas - E junto, haviam a chave que abria um gaveta na mesa do escritório do papai.
Entreguei o papel amarelado que ainda segurava por entre os dedos ao Kiba e me sentei no sofá. Akamaru deitou a cabeça sobre meu colo e ouviu seu dono ler a carta com a voz baixa. O lugar vago ao meu lado fora ocupado pelo corpo másculo do castanho e um suspiro fora deixado em surpresa.
— O que eu vou fazer agora? - pergunto olhando para um ponto fixo qualquer no piso de madeira brilhante.
— Chamar a policia? - o castanho tocou meu ombro - Vão ter que reabrir o caso...
— Policia não Kiba - me pronunciei buscando seus olhos - Vou recorrer a outra justiça.
— O que? - o castanho arregalou os olhos e Akamaru soltou um ganido em resposta.
— Vou procurar o Corvo! - digo decidida - Ele vai ter que ajudar!
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Não Me Deixe (Itachi)
RandomA ganância gera poder e o poder causa a morte. Ela, filha do casal que morreu em um trágico acidente depois de se tornarem sócios de uma grande empresa de Tecnologia. Ele, filho do melhor amigo do empresário morto e líder de um grupo de assassinos...