Companhia Noturna

483 71 36
                                    

Por um mísero instante achei que podesse estar vendo coisas por causa da noite turbulenta que tive. Contudo, ele estava mesmo parado ali, fitando-me de um modo intenso. O ar pareceu mais rarefeito naquele momento enquanto obrigava minhas pernas a me obedecer. Arrastei meu pé sobre o chão de madeira, me deixando mais próxima das portas duplas da sacada.

Respirei fundo como se o ar que pairava dentro do quarto estivesse carregando de coragem. Sem pensar muito no que estava fazendo e se aquilo era o certo a se fazer, deixei que meus dedos envolvessem as maçanetas feitas de um metal frio pintadas de dourado.

Puxei as portas devagar as trazendo pra mim, fazendo um ruído singelo ecoar pelo quarto. A corrente de ar veio forte bagunçando meus cabelos, jogando alguns fios sobre meus olhos. Ainda temendo e ponderando sobre cada movimento que eu fazia, retirei os fios que cobriam parcialmente minha visão.

Os olhos do homem por trás da Máscara de Raposa caíram sobre os cortes em meu braço. Em um movimento quase imperceptível de sua parte, pude notar que seus dedos apertaram com força o beiral da sacada. O silêncio era torturante mas o medo de dizer qualquer palavra era ainda maior.

Minha boca se abriu e fechou diversas vezes. As palavras tinham sido engolidas e formula-las de novo estava sendo torturante. O vento soprou mais forte e mais uma vez minha visão fora ocupada por meus cabelos. Eu me mantinha em uma distância segura até aquele momento. Para minha surpresa ele se moveu, a luz da lua parecia agraciar seus passos mesmo que fossem curtos e na minha direção.

Por reflexo fechei meus olhos com medo de que ele fosse enterrar aquela katana em meu peito, assim como fez com aquele homem. Esperei pelo som da espada ser retirada da sua bainha, mas não aconteceu. Nenhum sinal de dor ou a sensação do sangue escorrendo por minha pele.

Tudo que eu senti naquele momento foi a textura do látex que envolvia os dedos do mascarado. Abri os olhos minimamente e a bandagem negra agora tinha os fios rebeldes do meu cabelo sobre elas. Os dedos do homem definitivamente alto a minha frente, fizeram pequenos movimentos segurando as mechas escuras da minhas madeixas.

Assustada e ao mesmo tempo surpresa com aquele ato inesperado afastei-me batendo as costas no portal de madeira. Ele ergueu a mão direita e tocou minha face mais uma vez, de um jeito tão cauteloso, como se eu fosse uma porcelana frágil e ele pudesse me quebrar a qualquer instante.

As pontas de seus dedos cobertos dedilharam pela minha pele e o choque de temperatura fez meu corpo inteiro se arrepiar, o vento era frio, mas meu corpo estava quente de tal maneira e eu não sabia se era bom ou ruim. Ele contornou as maçãs do meu rosto, depois o contorno do meu nariz e por último meus lábios.

Seu toque permaneceu ali por um tempo, deslizando por eles e os puxando levemente para baixo. Seus olhos se mantinham fixos nos meus, mesmo que eu não consegue vê-los com nitidez por estar escuro e por causa da máscara.

Agora de perto, pude reparar em cada detalhe daquela máscara branca com formato de raposa. Havia marcações em vermelho, contornando os olhos e fazendo riscos grossos nas laterais. Não era nada aterrorizante, pelo contrário, parecia uma obra de arte.

Ele desceu um pouco mais a mão, seus dedos agora traçavam um caminho seguindo uma linha pelo meu pescoço, indo pela minha clavícula, ombro, braço e mão. Seus dedos contornaram meu pulso em um aperto firme. Sem dizer uma só palavra, ele caminhou para dentro do meu quarto, forçando-me a acompanha-lo.

Me fez sentar na beirada da cama, ainda relutante me ajeitei sobre o colchão macio. Observando cada movimento que ele fazia. Suas mãos foram de encontro com uma pequena bolsa cinza da mesma cor de suas roupas e retirou de lá algodão e um frasco com um líquido que não consegui identificar.

Ele arrastou a cadeira rente a escrivaninha colocando-a na minha frente. Seu corpo fora acomodado pelo assento e suas costas se mantiveram longe do encosto. Ele estava perto, muito mais perto que antes, podia ouvir sua respiração por detrás da máscara.

Quando o algodão úmido e frio tocou as feridas abertas em meu braço, grunhi fazendo uma careta. A ardência me fazia soprar sobre o ferimento. O Corvo pendeu a cabeça para o lado e voltou a limpar o sangue acumulado. Era tão calmo e delicado, passando a ideia de que talvez ele não fosse tão ruim assim.

" Já se passava das duas e meia da manhã quando ouvi passos em meu quarto. Rolei pela cama abrindo os olhos devagar, acostumando-se com a luz do abajur, sem saber ao certo quando havia pego no sono.

A figura encostada na porta do meu guarda roupas me fez erguer o corpo, apoiando-o pelos cotovelos. Com a postura ereta e as mãos soltas ao lado do corpo, encurtou a distância que nos separava.

O colchão afundou recebendo seu peso. Seu joelho esquerdo buscou apoio no meio das minhas pernas e suas mãos tocaram minhas coxas por cima da calça jeans. O calor percorreu pelo meu corpo como uma corrente elétrica, chegando até meu íntimo.

As grandes mãos apalpava-me sem escrúpulos e sem pudor. Tudo estava ficando cada vez mais excitante, e um gemido involuntário escapou por entre meus lábios agora abertos. Por debaixo da minha blusa, os dedos hábeis buscaram meus seios e um aperto foi deixado ali.

Joguei a cabeça para trás apoiando-a no travesseiro. Seu rosto ainda coberto aproximou mais do meu enquanto inda apertava minha carne. Uma mão deslizou pelo coz da minha calça, abrindo o botão e descendo o zíper. Mordi o lábio inferior com força quando seus dedos afastaram o tecido grosso e afundaram para dentro da minha calcinha.

— Eu quero você! - exclamei arqueando as costas sobre o colchão.

Gemi quando movimentos circulares foram feitos em meu clitóris inchado pelo desejo. Busquei os olhos do mascarado e ele retirou a mão do meu seio. Inquieta e tentada pela perversão, deixei-me levar pelo movimento frenético de seus dedos. Ofegante e levemente suada senti o coração disparar quando o Corvo retirava sua máscara."

Acordei assustada com Salem miando contra meu travesseiro. Sentei sobressaltada e passei a mão pelos meus cabelos ainda úmidos do banho. O desconforto entre minhas pernas me fez levar a mão por cima do tecido fino da calcinha vermelha. Eu estava molhada e meu íntimo pulsava e se contraía. Eu havia sonhado com o Corvo.

(...)


Havia se passado dois dias desde o incidente na loja do Kiba. Minha rotina parecia mais normal que nunca, ou pelo menos quase. Na Universidade, estava cada vez mais insuportável respirar o mesmo ar que aquela Barbie de cabelo rosa. Sakura me implicava a cada vez que nós nos encontrávamos pelos corredores.

Insultos e provocações marcavam nossas manhãs, e eu tinha que me controlar para não fazer o corredor virar um ringue de luta. Como se não bastasse ser rival da rosada por privilégios no campus, tinha o ser tatuado que tirava o fôlego de todas as garotas daquele lugar.

— Você vai, não é? - Itachi perguntou segurando minhas mãos em frente a minha sala.

— Itachi sua namorada vai estar lá e seus amigos também - digo soltando um longo suspiro. Aquela era a segunda vez que ele insistia para que eu fosse até a Vila da Areia, no clube de luta entre as Universidades, era como jogos que serviam para unir as outras Vilas.

— Não é a mesma coisa! E eu quero minha amiga comigo - falou soltando minhas mãos e em seguida enfiou as suas nos bolsos da sua calça jeans escura e colada - Vamos Neko-chan. Preciso da sua torcida.

— Ta bom, eu vou - falo revirando os olhos, cedendo claramente ao pedido do tatuado.

Como sempre, murmúrios e fofocas me rodeavam, apenas ignorei e caminhei sem ânimo até minha carteira. A aula começou e mesmo tentando me concentrar era inútil. Eu havia passado a sonhar com o Corvo desde o nosso contato sem palavras. Talvez eu precisasse mesmo me distrair um pouco e sair de Konoha poderia não ser uma ideia ruim.

Não Me Deixe (Itachi)Onde histórias criam vida. Descubra agora