Chave

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Três dias haviam se passado desde o que aconteceu entre o Corvo e eu, e por mais que eu soubesse que era loucura, no fundo me sentia bem. Na segunda recebemos a noticia de que Suiya, a filha do policial Yamato havia sido encontrada morta em frente a um restaurante no centro de Konoha e tudo estava ligado a Anbu.

Com isso, a universidade acabou suspendendo as aulas pelo resto da semana e eu poderia finalmente me concentrar em estudar para as provas que estavam por vir.

— E seu estágio? - Kiba perguntou debruçando no balcão enquanto eu varria o chão - Vai mesmo entrar naquela empresa?

— Eu preciso - digo pensando nos meus pais - Eu já me imaginei tantas vezes indo encontrar meu pai em sua sala na empresa para almoçarmos juntos, mas isso nunca aconteceu e não vai acontecer.

— Yumi isso me preocupa - Kiba falou fazendo bico e Akamaru latiu concordando - Todas as mortes que teve nos últimos anos fora relacionados a essa empresa, veja bem, o policial responsável pelos casos perdeu a filha e eu não duvido nada que tenha sido por isso.

— Isso me faz pensar que meus pais não morreram em um simples acidente - sinto meu estômago revirar - Se eles foram assassinados eu preciso saber quem foi e o motivo.

O castanho deixou o corpo cair sobre a cadeira rente ao balcão e me olhou com cara de tédio. Eu entendia o seu lado, sua preocupação de certa forma não era desnecessária mas aquilo tinha que ser feito, e por mais que eu tenha que reviver um passado doloroso, eu tinha que saber o que realmente aconteceu.

Ao encerrar o expediente, parei na barraca de dangos e para sustentar meu vício pedi três para viagem. Eu sempre encontrava Fugaku ali mas desde domingo não o vi. Assim como o pai, também nao vi Itachi, a última vez foi na segunda quando fomos chamados no auditório para o anuncio do falecimento da Suiya.

Me deixava chateada não poder falar com ele, ou ao menos receber uma carona. Sentia falta do seu perfume e de ouvir sua voz quando me chamava de "Neko-chan". Andava com os pensamentos a mil olhando o sol se despedindo no horizonte. Uma sombra passou por mim, quando parei em frente a minha casa.

Abri a porta rapidamente e quase pisei em um pequeno pergaminho devidamente enrolado e preso com uma pequena tira azul. Tranquei a porta e deixei o pergaminho sobre a mesinha da sala, não ia me preocupar com isso agora, pelo menos não quando tinha alguém me esperando no andar de cima.

Ao subir as escadas, vi o Corvo parado na porta do meu quarto e Salem estava em seus braços. Havíamos ficado próximos e ele vinha me fazer companhia todas as noites desde que voltei de Sunagakure. Soltei a mochila dos ombros e ele largou o gato no chão, pegou o objeto que eu segurava e o jogou nos pés da cama antes de me pegar no colo.

— Como foi seu dia? - ele perguntou apertando minhas coxas.

— Ainda estou abalada com a morte da Suiya, embora eu não tivesse uma afinidade com ela - digo acariciando os ombros largos do Corvo - O que é a Anbu?

— Somos uma pequena organização que faz um certo tipo de trabalho - ele falou acariciando meu rosto - Recebemos as ordens e cumprimos, apenas isso. Mas não quero te envolver nisso.

— Eu sei - digo saindo do seu colo e indo até o guarda roupas - Preciso de um banho, vai estar aqui quando eu acabar?

— Acha que eu vou perder a oportunidade de te ver tomar banho? - falou cruzando os braços e se levantando da cama - Entra logo embaixo daquele chuveiro ou vou enlouquecer só de imaginar seu corpo molhado e cheio de sabão.

Sorri travessa e entrei no banheiro sendo seguida pelo mais alto. Me despi ja sentindo minhas bochechas arderem, ainda me sentia envergonhada por já ter ficado nua a sua frente e eu ainda não tinha visto seu rosto.

— No que está pensando? - a mão direita do Corvo espalmou em meu bumbum e ele logo tratou de tirar meu sutiã depois disso - Espero que não seja no Uchiha!

— Você não gosta dele, não é? - o encaro pelo espelho enquanto deslizo a calcinha por minhas pernas.

— Digamos que sim - ele se aproximou e sentou-se sobre o vaso sanitário, me olhando fixamente enquanto entrava no box e ligava o chaveiro - E você? Gosta dele?

— Itachi é... Eu sinceramente não sei - suspiro e enfio meu corpo embaixo da água morna - Ele é meu amigo, eu acho...

— Acha? - ele parecia enciumado e aquilo me fez sorrir.

— Está com ciúmes? - pergunto ensaboando meu corpo - Eu gosto de você! Mesmo não sabendo quem é por detrás dessa máscara.

— Gosta? - O Corvo pareceu surpreso e se levantou as pressas - Diga de novo?

— Eu gosto de você! - falo puxando a porta de vidro e ficando frente a frente com o mascarado.

— Fecha os olhos - ele pediu e assim o fiz, esperando pelo o que viria logo a seguir.

Em questão de segundos senti seus lábios no meu. Era assim todas as noites desde que quase transamos. Ele vinha e ficava até eu dormir, me fazia carinho e companhia. Ele se separou e quando abri os olhos a máscara já estava cobrindo o rosto de novo.

— Preciso ir - ele suspirou - Desculpe não poder ficar com você hoje.

— Tudo bem - sorri voltando para a água que ainda caia do chuveiro - Fico feliz por ter vindo.

Ele acenou e saiu do banheiro me deixando sozinha. Sorri e minha barriga roncou, precisava fazer algo pro jantar e encarar os livros, teria provas na próxima semana que queria me sair bem. Desliguei o chaveiro e me vesti, encarando o reflexo embaçado no espelho.

Desci as escadas e vi o pergaminho sobre a mesa de centro. O peguei e puxei a pequena tira que o prendia vendo o nó ser desfeito. Desenrolei o papel e letras em uma caligrafia impecável apareceu formando frases que me fizeram revirar o estômago.

" O destino está por vir e uma nova vida está para começar. Durante anos guardei um segredo e para você eu quero contar...  um chave e com ela, a verdade a tona virá"

Soltei o papel sobre a mesa quando meu corpo saltou do sofá com o som da campainha. Meu corpo estava trêmulo e havia um pavor desconhecido remexendo em meu interior. Caminhei relutante até a porta a abri dando de cara com Itachi Uchiha.

Não Me Deixe (Itachi)Onde histórias criam vida. Descubra agora