A menina lisa e a goleadora

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São 7 e meia da manhã quando Perfuma e Entrapta deixam Scorpia e Catra na frente do centro de treinamento do Red Horde Athletics. Scorpia é a própria face da energia e animação, doida para introduzir sua nova amiga brasileira ao time, a qual no entanto poderia ter ficado mais uma três horas na cama facilmente. Pouco antes de entrar na recepção, Scorpia estaca e Catra tromba nela.
- Ai! Qual foi, mana?! – Scorpia tira o celular do bolso da jaqueta do time e digita algo rapidamente. Entrega para Catra. "Nosso treinador, senhora Weaver, é meio difícil de lidar, mas não se preocupe. Ela não é cruel, apenas extremamente rigorosa". Catra entrega o celular de volta depois de ler a mensagem, gesticulando para que deixe pra lá. Não está com paciência para utilizar esses métodos complexos de comunicação logo pela manhã.

Após passarem pela recepção, onde Scorpia cumprimenta a todos os funcionários como se fossem velhos amigos, as duas se dirigem ao vestiário, onde trocam suas roupas casuais pelas roupas de treinamento do time em vermelho e vinho. Algumas outras atletas também já estão lá. Elas conversam entre si, vez ou outra olham na direção de Catra, algumas vem falar com ela. A brasileira, ainda com sono demais pra lidar com esse monte de gringas logo pela manhã, apenas deixa Scorpia lidar com elas em seu lugar.

Finalmente, uma mulher bem mais velha, de pele quase cinza de tão branca e cabelos negros escorridos adentra o vestiário. Ela veste jaqueta e calças esportivas do time nas cores vinho e branco com o escudo da Red Horde no peito e segura uma prancheta, a qual encara atentamente. Aos poucos, as jogadoras se aquietam, apesar da treinadora parecer ignorá-las.
- Ué mano, por que tá todo mundo quieto? – ela sussurra para Scorpia, esquecendo-se de que ela não a entende. Scorpia faz sinal de silêncio para Catra e quando a brasileira torna a olhar para a treinadora, sente um calafrio percorrer sua espinha. Ela a encara de um jeito frio, quase... predatório. Sente que é uma ovelhinha prestes a ser assassinada pelo lobo mau.
- Parece que o incrível reforço que a nossa diretoria prometeu finalmente chegou – ela começa, enquanto anda na direção de Catra. As outras jogadoras permanecem em silêncio. É um tanto ameaçador, ainda mais pelo fato de Catra não fazer a menor ideia do que ela está falando – Ágata Catrina Macieira...
- Huh... Catra, plíse – ela pede, reconhecendo nada além de seu nome naquela frase.
- É que ela prefere ser chamada de Catra, professora – explica Scorpia, em resposta à expressão não muito amigável da treinadora frente à interrupção – ah, o inglês dela também não é muito bom... – Catra tem uma noção do que ela diz, então sacode a cabeça e agita os braços em sinal de negação, tentando reforçar a amiga.
- Yes, no íngliche.
- Muito bem, então. Espero que você esteja à altura das expectativas que certas pessoas criaram – a treinadora Weaver torna os olhos para cada uma de suas jogadoras, pausando por um momento a mais em Scorpia – como vocês já sabem, teremos a abertura da segunda fase do campeonato na semana que vem, contra a Royal Grayskull. Será o teste mais árduo da nossa temporada e uma partida decisiva. Agora, todas pra fora, 15 minutos de aquecimento e depois treino de passes. Menos você, Netossa, você fica. Scorpia, mande a novata ficar também.
- Huh... – Scorpia segura Catra pelo braço quando ela faz questão de se levantar e seguir as outras, e sinaliza apontando para o chão. Pelo olhar vago de Catra, ela não está entendendo.
- Cê quer que eu me abaixe? Me esconda debaixo do banco?

Quando sobra apenas Netossa no vestiário Scorpia aponta para ela, que conversa com a treinadora do outro lado do quarto, e depois para o chão, e repete a sequência de gestos várias vezes, esperando que a amiga entenda que é para ela esperar e falar com ela.
- Cê quer que eu pegue aquela estilosa ali? – se pergunta Catra – é pra eu foder ela aqui mesmo, no chão do vestiário? Não tô entendendo...

Quando Netossa termina de falar com a sua treinadora, ela vem até as duas companheiras com dificuldade de comunicação.
- Tá bom que ela é gata, mas eu nem chamei ela pra jantar ainda pô – Netossa se pergunta do que será que elas estão falando.
- Deixa comigo, Scorpia – ela oferece, liberando a amiga. Scorpia gesticula um agradecimento aliviado e segue pra fora do vestiário. Catra faz menção de seguir ela, mas Netossa a segura pelo pulso – calma lá, amiga. Teu inglês é realmente ruim, hein?

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde histórias criam vida. Descubra agora