Curiosidade

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Quando Catra acorda no dia seguinte, dá com a loira malhada e tatuada mais gata que já encontrou na vida, deitada seminua no seu sofá, apenas de top e calcinha, encolhida com os braços cruzados sobre o peito e o corpo virado para o encosto do móvel. O vestido de cetim branco que ela usara para a cerimônia de premiação no dia anterior se encontra dobrado em cima da mesa do escritório.
- Uau – ela deixa escapar, um tanto desconsertada. Pega o seu lençol e leva até Adora, cobrindo-a, e se sente culpada por não ter lhe dado coberta alguma na noite anterior, nenhuma roupa para dormir, um espacinho na sua cama. Por que ela dormiu ali, afinal? Catra se lembra delas duas terem ficado jogando videogame até tarde, mas não lembra bem do que aconteceu depois disso. Quando se vira para ir à cozinha, Melog a está encarando com aqueles seus olhões amarelos que parecem dois faróis, de cima da bancada que separa a cozinha da sala-quarto. E pra variar, ela dá aquele seu miado longo e insistente de gata mimada – ei, sua chata! Desce daí, você não vai me comprar com fofura de novo!

Catra coloca uma vasilha de Whiskas para a gata e começa a preparar seu café da manhã. Se pergunta se Adora vai demorar muito para acordar, senão já deixaria comida pronta. Não tem ideia de que horas a loira foi dormir, nem de qual é a sua rotina matinal, ou se isso ao menos faz alguma diferença, já que tecnicamente agora estão de férias pelo menos até as Olimpíadas. Catra sente o coração errar uma batida quando lembra que é hoje que anunciarão as 18 convocadas para a disputa dos jogos olímpicos. Sua pressão vai ao chão por um momento e ela tem que se apoiar na bancada da cozinha para respirar.

Ela come um sanduíche e bebe um copo de suco, e então vai se sentar no chão – visto que Adora ocupa o sofá – para escolher um jogo novo para começar. Ela se lembra daquele "God of War 4" que havia visto na store no dia que comprou o console. Costumava jogar o primeiro na casa de um colega da época da escola com quem fazia alguns trabalhos. Ela fica curiosa, acessa a store e compra o jogo.

Já faz algumas horas que ela se distrai com aquele mundo incrível de deuses nórdicos e um protagonista com cara de viking – ela jurava que God of War tinha a ver com deuses gregos – quando Catra sente uma movimentação de leve às suas costas.
- Bom dia... – ela ouve a voz sonolenta de Adora.
- Hey, Adora.
- Nossa, que horas são? – a loira se pergunta, enfiando a mão na bolsinha aos pés do sofá para pegar seu celular – meu deus do céu, 10 e meia!
- O que foi? – Catra pergunta, sem tirar os olhos da televisão, enquanto Adora se põe de pé e se lembra que não tem roupa nenhuma para vestir além do vestido do dia anterior.
- Como assim, o que foi?! Já é 10 e meia e eu ainda não fiz nada...! Ué? Desde quando você gosta de caras bombados? – pergunta Adora, olhando para o personagem na televisão. Catra vira para a loira com um olhar de incredulidade.
- Você tá louca? – e Adora ri, deixando claro o seu deboche. Catra revira os olhos, chamando a outra de "loira odonto safada" em pensamento.
- Você não teria algo pra eu vestir não, teria? – Catra pausa o game e se levanta.
- Quer roupa? Eu... puta que pariu, não sei falar "emprestar" – reclama resmungando, se dirigindo ao seu armário. Ela pega uma bermuda e camisa regata aleatória e entrega à loira – não precisar devolver. Eu tenho muitas.
- Que isso, é claro que eu vou devolver – replica Adora, já se vestindo ali mesmo, na frente de Catra.
- Vem, vou te fazer um... misto-quente – ela solta, sem paciência para tentar deduzir como chamar o sanduíche em inglês. Adora assente, se perguntando o que será que essa palavra quer dizer.

Ela aceita de bom grado o sanduíche de presunto, queijo e manteiga oferecido por Catra.
- E então, o que tem para fazer hoje? – pergunta Adora, sorrindo gentilmente.
- Olimpíadas... cacete, tipo... seleção?
- ­Ah, a convocação? A treinadora Beifong anunciou a nossa há uns três dias!
-
Nossa, nem imagino quem será que foi convocada – replica Catra em tom irônico. Embora Adora não entenda o que é dito, recebe a mensagem pela voz e expressão corporal da outra, que faz gestos teatrais de quem se pergunta algo.
- O que foi? Tá com inveja? – debocha a loira, rindo.
- De quê? Da medalha de prata que você vai ganhar? Porque o ouro é nosso – a loira joga a cabeça para trás, gargalhando.
- Sua boba.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde histórias criam vida. Descubra agora