I love you

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Catra passa seu primeiro "jogo" pela seleção inteiro sentada num banco de reservas.

Okay, não inteiro. Nos quinze minutos finais, sua treinadora a mandara ir se aquecer junto com várias outras, que acabaram não entrando no jogo. Não que Catra realmente esperasse que teria alguma chance de estrear com sua camisa verde-e-amarela disputando vaga com Marta, mas no fundo do seu ser, havia se permitido torcer por pelo menos uns cinco minutos, no finalzinho do jogo, quem sabe?

A partida foi contra a Nova Zelândia, e terminou num apertado 2 a 1, de virada, com um gol de Debinha e outro de Bia Zaneratto, ambos em jogadas começadas por Marta. Catra sempre se orgulhou de sua técnica, sua capacidade de driblar, dar passes bonitos, se virar em espaços apertados, mas só de ser colocada ao lado de Marta, se sente pequena, como se toda sua habilidade polida em 19 anos de vida fosse insignificante. Ela é boa nessas coisas todas quando comparada com jogadoras mais comuns, não a foderosa rainha do futebol. Um quê de instinto covarde no fundo de sua mente lhe grita que vá logo para o McDonald's mais próximo pedir o emprego de atendente que merece. Uma outra parte da sua mente ainda a lembra das Olimpíadas de Tóquio, dali a poucos meses.

Simplesmente não existe a menor possibilidade que um dia ela possa superar Marta, é o pensamento que a domina.

Sua partida ocorrera apenas algumas horas depois do jogo de Etéria contra a Bélgica, e como se quisesse retribuir, Adora lhe enviara mensagem logo após o jogo.

Adora

Hey, parabéns pela vitória!!!!

Catra

Por quê?

Eu nem joguei

Adora

Claro né!!! Sua primeira vez na seleção menina apressadinha ^^'

Mas foi um jogo bonito

E vc conseguiu chegar lá

Daqui 2 ou 3 anos vai ser titular absoluta, anota minhas palavras u3u

Catra se pergunta se Adora observou o esquema tático que o Brasil está usando. Se pergunta se observou que Marta não está jogando como centroavante, e sim como meia-atacante. A garota de 19 anos ainda não consegue lidar com o fato de estar sendo colocada para substituir a maior estrela da história do futebol feminino. Cada vez que começa a refletir sobre isso, sente um vazio no estômago, sua pressão baixa, começa a suar frio.
- Em que estás a pensar? – Camila pergunta, sussurrando no pé do seu ouvido. A respiração dela tão perto do seu pescoço chega a fazer cócegas.

É o dia seguinte após a estreia do Brasil na Algarve Cup, quase meio-dia. Catra se encontra deitada de bruços na cama de Camila, com a própria Camila deitada sobre ela e ocasionalmente beijando suas costas, pescoço, rosto, mas a brasileira já não tem reagido há algum tempinho.
- No treino.
- Uhum – Camila beija a parte alta do pescoço de Catra e vai descendo até os seus ombros, enquanto com uma das mãos massageia os seus seios – e o treino é mais interessante que eu?

Catra não responde, nem reage aos toques da outra. Camila suspira fundo e se senta na cama, recostada à parede. Em reação a isso, Catra se vira e se senta onde está, de frente para a garota. Completamente nua, Catra descobrira que ela também possui uma tatuagem de um gatinho na parte alta d'um dos seios. Normalmente se distrairia com isso, mas não agora.
- Um ano e meio atrás eu tava jogando no campeonatinho da escola, tá ligado? E agora eu tô aqui.
- É uma grande mudança – concorda Camila.
- Eu nem tinha que tá frustrada, saca? Na minha cabeça era preu tá limpando chão da casa de burguês agora, e no fim eu que virei a burguesinha. Sei lá. Nem sei na real que que tá me incomodando. Eu tava nem aí até outro dia.
- Com o tempo deves aprender a lidar com isso – supõe Camila, desviando o olhar de Catra para checar as próprias unhas. A brasileira tem a impressão de que ela não está muito interessada nessa conversa. Não a culpa.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde histórias criam vida. Descubra agora