Nova canária

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São dez horas da noite. Catra havia passado a tarde toda no The Grasshopper, na companhia de Melina. Descobriria que a garota, além de um enorme talento para preparar drinques (ao menos não-alcoólicos) também possui uma presença leve, atitude descontraída, senso de humor afiado, e o sotaque... ela consegue ser incrivelmente sexy apenas falando despretensiosamente.
- E aqui? – pergunta Melina, beijando Catra na base do pescoço e a fazendo ofegar. Odeia ser dominada. Não pode deixar assim.
- Caralho – ela deixa escapar, sentindo-se cada vez mais molhada.
- Hm, você é sensível aqui também... ­– a mexicana provoca, e Catra revida chupando a base do pescoço da outra, começando de forma suave e se intensificando gradualmente, arrancando gemidos da mulher.

É como duas tops brigando pela dominância, recostadas à parede bem ao lado da porta de entrada da quitinete de Melina. Elas mal puderam esperar depois de entrar para começar a se agarrar.

Catra não consegue se importar o suficiente com seu celular vibrando no bolso da bermuda a cada 2 minutos. Seja quem for, eles que esperem: está no meio de algo importante agora. E esse "algo" é agarrar a barra da camisa de Melina, pedindo espaço para tirá-la. A estrangeira rapidamente entende e levanta os braços, permitindo que Catra remova aquela camisa social branca e revele seu sutiã de bojo de cor verde-água. Catra toma cuidado para não amassar sua camisa, a depositando cuidadosamente sobre o sofá perto das duas. Melina observa todo o movimento com um sorrisinho curioso no rosto, e quando Catra volta a atenção a ela, Melina solta uma risadinha.
- O que foi?
- You're cute.

Catra ouvira aquela frase da boca da outra várias vezes no dia de hoje.
- Hm, é mesmo, é? – ela sussurra, pousando uma mão em cada seio da mulher e os massageando lentamente, enquanto Melina sorri radiante e puxa Catra para mais perto de si – cê também é quíute.

Melina ri, aquela sua risada leve, gostosa de se ouvir, e as duas se beijam intensamente.

[...]

Catra acorda no dia seguinte com o Sol que escapa entre as frestas da cortina de Melina batendo na sua cara. Resmungando, ela se senta na beirada da cama, espreguiçando-se. Sorri de canto de boca ao ver a garota completamente nua deitada ao seu lado, lembrando-se da noite anterior. Admira sua tatuagem no braço esquerdo antes de se levantar, veste suas roupas debaixo e procura seu celular no bolso da bermuda. Encontra dezenas de mensagens de Scorpia e logo as copia para o google tradutor, sem paciência para tentar entender essa língua complicada logo ao acordar. As mensagens perguntam onde ela está, dizendo estar preocupada, perguntam se volta ainda hoje. Nas últimas, Catra ri baixinho vendo o drama da amiga, que implora para os sequestradores a deixarem ir. Uma mensagem de Perfuma enviada uns vinte minutos depois da última de Scorpia diz que ela conseguiu acalmar a namorada e para não se preocupar. Catra troca para a aba do whatsapp e dá uma rápida passada de olhos pelas mensagens. Aquela garota da sua época no São José continua a mandar emojis de coração, mensagens contando de forma resumida o seu dia e perguntando como ela está, e fotos dos seus bichinhos. E mais uma vez, Catra apenas visualiza. "Quando essa mina vai desistir, mano? Sé loco", ela pensa. Aquela conversa com Netossa há alguns dias volta à sua mente e a força a refletir se não deveria fazer algo mais em relação a isso. Se sente incomodada, fora da sua zona de conforto, pensando numa coisa dessas. Estará desrespeitando essa garota por ignorá-la? Mas ela só quer ser deixada em paz. Quer que ela entenda que acabou, e que nunca tiveram nada sério de todo jeito.

Nunca foi uma pessoa romântica, e nunca soube lidar com as garotas com quem se relacionava depois de perder o interesse nelas, muito menos o que fazer quando ouvia uma das variações daquela temida frase: "eu acho que te amo". "Eu estou apaixonada por você". Nunca conseguiu sentir claramente nada além de tesão ou uma apreciação, mais em forma de amizade do que romântica, por aquelas garotas. Não sabe dizer nem mesmo se alguma vez na sua vida esteve apaixonada. Vez ou outra, quando gostava mais de alguma daquelas garotas, decidia aceitar seus pedidos de namoro, mas mesmo assim nunca sentiu nada parecido com o que suas amigas, seus irmãos ou sua mãe descreviam, muito menos o que vê na televisão. Nunca conseguiu ver nenhuma delas como mais do que amigas com benefícios, ou pessoas legais com quem tinha alguma conexão, a quem poderia considerar genuinamente em seu coração sem amá-las romanticamente. E sempre terminou em mágoa, quando Catra se cansava de tentar se fazer retribuir os sentimentos delas, ou quando tentava explicar o que sentia, que não era capaz de retribuir com sinceridade quando faziam aquelas declarações de amor ultra-românticas dignas de filmes, ou mesmo quando simplesmente o relacionamento acabava de forma natural, algo que parecia acontecer pelas próprias garotas se cansarem de Catra não retribuí-las.
- Meu santo caralho imaginário – Catra deixa escapar, ao se tocar de que horas são – O TREINO, PORRA!
- Hm... – Melina grunhe na cama e se remexe, parecendo que vai acordar com o grito de Catra, mas não acorda.

Gringa Grudenta - (Catradora)Onde histórias criam vida. Descubra agora