Estávamos um pouco mais de meia hora na cachoeira, fazia anos que eu não esvaziava tanto a mente e ria com tanta frequência.
— Parece que aqui é nosso mundo, — Ela saiu cachoeira, se sentou nas pedras, ela vestiu sua calcinha e minha camisa — aqui parece que não tem nada ruim.
— Isso é muito gay, mas é verdade. — Sai da água também e vesti minha cueca, sentei ao seu lado.
— Estou com fome.
— Quer voltar?
— Não, agora não.
— Então, vem comigo. — Levantei, vesti minha bermuda e calcei meu chinelo.
— Vamos onde? — Perguntou curiosa.
— Você pergunta demais, só me segue. Confia, eu não vou te sequestrar. — Falei e acabei rindo da situação.
— Não de novo né?! — Ela forçou um sorriso.
Segurei em sua mão e fui andando, passamos por pequena trilha e chegamos a uma casa de madeira, era bem pequena, na realidade foi eu mesmo que construí. Abri a porta, e tudo estava um pouco cheio de poeira, fazia muito tempo que eu não coloca os pés aqui dentro. Soltei sua mão e entrei, havia apenas dois cômodos, um banheiro pequeno, e o outro era maior, tinha um sofá cama, uma televisão pequena que provavelmente não funcionava mais e na parede havia um fogão, uma geladeira pequena. Na geladeira provavelmente não tinha nada, e se tivesse não estaria nada bom para comer. Abri o pequeno armário que ficava ao lado do fogão. Tinha miojo, alguns biscoitos,e algumas coisas industrializadas.
— Vai um miojo? — Perguntei e ela assentiu.
— Como descobriu isso aqui?
— Foi eu que fiz.
— Você?! — Perguntou surpresa.
— Sim eu, dá para o gasto.
— Precisa só de uma pintura, mas é bem legal. — Ela olhava ao redor.
— Se quiser me ajudar a pintar. — Brinquei.
— Eu ajudo, quando?
— Está falando sério?
— Estou.
— Vou comprar umas tintas, e te aviso.
— Eu nunca te vi tanto tempo de bom humor. — Olhei para ela de relance.
Não respondi. Porque sinceramente também não, eu sempre me estresso com tudo por pouca coisa. Lavei a panela que estava guardada, por incrível que pareça aqui tinha água, não era o encanamento certo, mas tinha água isso que importa. Obviamente não tinha gás, mas sou inteligente, dei um jeito de fazer o miojo com o álcool que tinha.
— Nossa, está pronto para acampar. — Kaila brincou e eu sorri. Comemos nosso miojo, Kaila parecia esquecer dá merda que fiz na vida dela e estávamos nos tratando como se fossemos dois amigos.
— Qual seu sonho?
— Como assim?
— Qual Leonardo, todo mundo tem um sonho, qual o seu?
— Bom, — Parei para pensar. — quando eu era criança, eu falava que ia ser médico.
— Então esse é o seu sonho?
— Não tenho sonhos Kaila. Isso era coisa de criança.
— Lógico que não, você só tem 21 anos, tem muita vida pela frente.
— E você, qual o seu sonho?
— Ser uma estilista famosa. — Os olhos dela chegava a brilhar. Eu acabei ficando com um sorriso embabacado no rosto. — Que foi?
— Nada não. — Balancei minha cabeça, querendo voltar ao normal. — É melhor voltarmos.
— Melhor não é, mas infelizmente temos que ir mesmo.
— Infelizmente?
— É, infelizmente.
— Achei que odiasse minha companhia.
— Das opções que eu tenho de companhia, é uma das menos piores.
— Nossa! — Botei a mão no coração fingindo estar magoado.
— Dramático.
Ela tirou minha camisa e me entregou, vesti a mesma, ela vestiu sua roupa. Saímos da casa, fechei a porta, e voltamos todo o caminho que fizemos, quando chegamos perto nos separamos, falei para Kaila ir na frente, e fiquei dando um tempo fazendo nada. Depois de uns trinta minutos entrei em casa, meu pai havia me dado instrução de que não era para levar a Kaila junto com as meninas, não entendi muito bem o porquê disso, mas assim fiz. Perto das meninas saírem ele ligou dizendo que não poderia vir hoje, que só viria amanhã. Estava cada vez mais foda de esconder essa porra de gravidez da Catarina, ela ficava vomitando pela casa, ou então ela ficava desmaiando.
— Leonardo eu não aguento não, deixa eu ficar hoje. — Catarina havia acabado de suas crises de vomito.
— Não Catarina, toma algo pra enjoou, eu já estou te ajudando demais já.
— Se fosse para Kaila, não pensaria duas vezes né?!
— O que você ta querendo dizer como isso?
— Nada Leonardo, nada.
— Então vaza daqui, some da minha frente.
Fiquei intrigado, será que ela viu alguma coisa? Mas não tem nem o que ver. No banheiro, será que ela viu? Enfim, foda-se, ela não tem nada para falar, e meu pai também não acreditaria nela. Estava na cozinha caçando algo para comer, achei um macarrão ao molho branco, que estava com uma cara ótima, na certa foi a Júlia que fez. Botei um pouco no prato, e botei para esquentar no microondas, separei uma garrafa de vinho. Microondas apitou, peguei meu prato, e um copo, sentei à mesa, botei um pouco de vinho no copo, estava muito bom, tão bom que repiti. Ouvi alguns passos se aproximando da cozinha.
— Deixou para mim? — Era um voz feminina, que sim, eu já conhecia. Eu apenas dei um sorriso torto.
Ela esquentou para ela e se sentou na minha frente.
— Me dá um pouco disso. — Ela estava se referindo ao vinho. Virei um pouco no copo e entreguei-a. — Não gosto de bebida, mas até que esse um pouco doce, não é tão ruim.
Els bebeu mais um pouco e estava ficando bem animadinha já.
— Melhor parar né?! — Tirei a garrafa de perto dela.
— Me deixa. — Sua voz estava começando a ficar arrastada. — Que hoje eu estou de bobeira, de bobeira. — Ela cantou e logo após começou ri, o que consequentemente me fez ri.
— Vamos dormi, vem. — Levantei da cadeira, e a segurei pela mão.
Puxei a mesma, até o quarto. Ela estava muito engraçada, falava muitas coisas sem sentido. Assim que chegamos ao seu quarto, ela tirou o short e se jogou na cama. Saí do quarto rindo, fui para o meu, tirei minha bermuda e minha camisa, e me deitei na cama, fiquei lembrando de hoje, e por alguns minutos pensei que a vida fora disso aqui tinha mais sentindo do que eu achava, que eu poderia ser melhor. Esses pensamentos nunca fizeram parte de mim, eu só pensava em como agradar meu pai, e hoje eu to pensando em algum futuro que eu possa ter se eu deixar tudo isso. Pensamento é algo que você não manda, então deixei me levar por eles, fiquei algum tempo nisso, mas o sono bateu e me entreguei.
E por hoje é so;) Ja tenho 5 cap. preparados mas n sei se vou postar todos !! Ate amanha:) AMO-VOS <3
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Proibida para mim
RomantikDizem que a frieza é uma saída para quem já sofreu demais. Talvez seja por isso que Leonardo seja assim, talvez seja isso o motivo que ele não nutri sentimentos. Ele talvez possa ter se transformado nisso, depois que sua mãe morreu ou pode ter sido...