A jovem Catherine sonhava em viver um romance, mas ela desiste de conquistar o amor da sua vida quando o mesmo parte para outro país. Um reencontro seria capaz de provocar uma mudança nos sentimentos dela?
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Mesmo preferindo ficar em casa, Catherine entrou na carruagem, até porque lhe fora prometido que estariam de volta antes do almoço. Ela usava um vestido simples que Edith escolhera, um azul claro com pequenos babados brancos nas extremidades.
Chegaram em poucos minutos, um mordomo magrelo abriu a porta e os guiou até a sala de visitas, em seguida saiu para chamar a duquesa.
A residência era ainda mais luxuosa do que a de Catherine. Ficava a afastada do centro agitado de Londres, possuía um gramado gigantesco ao redor, um córrego artificial feito especialmente para Lady Amélia, jardim e estufa. Havia a especulação de que pelo menos duas casas foram derrubadas para que a duquesa pudesse ter um espaço verde tão invejável.
Cath se levantou do sofá floral onde estava sentada assim que a duquesa chegou à sala.
— Oh meus queridos! — Disse a duquesa com um pouco de pesar na voz — Eu sinto muito pelo incomodo, eu sentia muita falta da minha amiga, mas estou tão indisposta... não saí de casa a semana inteira. Espero que já esteja melhor no dia do baile do conde de Kersey.
— Todos nós esperamos o mesmo — Respondeu madame Charlotte abraçando a amiga. — Nos conhecemos desde a infância e não me recordo de tê-la visto sequer com um leve resfriado — Ah, querida... não somos mais tão jovens. Já temos filhos em idade de casar — Apontou para Catherine.
— A propósito, onde estão lorde James e Lady Amelia? Soube que ele retornou ao país há alguns dias.
— Oh, sim — a duquesa se animou ao falar sobre os filhos, — Amelia está visitando uma das minhas irmãs. James está no escritório com o duque e com Sir Phillip.
Phillip era o irmão mais velho de Catherine, herdeiro do marquesado e melhor amigo de James. Era um jovem alegre, simpático, muito bem-educado e muito bonito, assim como James. Em apenas uma característica eram o completo oposto, Phillip era um libertino desapegado, enquanto James era um virgem, tímido e romântico.
— O meu Phillip está aqui?
— Sim. A propósito, Harry pediu para que os senhores — apontou para Charlie e para o pequeno Abraham — o encontrassem no escritório. Eu gostaria de mostrar a Charlotte alguns dos cômodos que foram reformados recentemente.
— Eu gostaria de ir à biblioteca, se me permite, milady — Catherine pediu.
— Sim! Claro, querida. Pedirei a uma das criadas para acompanhá-la. Sinta-se à vontade.Catherine acompanhou a criada até a biblioteca e entrou sozinha. O cômodo espaçoso e bem iluminado tinha as paredes cobertas por estantes cheias de livros com escadas móveis para facilitar a busca, uma mesa e três poltronas.
Não precisou procurar muito para encontrar um livro que a interessasse. Assim que o pegou, ela saiu da biblioteca e seguiu para o jardim, agradecendo por não encontrar o "herdeiro babaca". Catherine sempre via o primogênito da família quando era criança e ela gostava dele, mas depois de ouvir rumores de que o duque tinha escolhido viajar para não a cortejar no próprio debute, ela mudou completamente a visão, passando a odiá-lo.
Atravessou todo o jardim, até encontrar um carvalho na lateral da casa, onde ninguém a incomodaria. Qualquer outra dama se sentaria embaixo da árvore para ler, ou talvez outras damas sequer pegariam um livro, mas Catherine sempre agia de forma indecorosa e por isso, quando se certificou de que ninguém a veria, se esforçou até conseguir subir na árvore. Lá ela se acomodou e começou a sua leitura, tranquila.
Depois de muitos minutos mergulhada no romance, um ruído se sobressaiu ao canto dos pássaros, ela olhou para baixo e procurou de onde o barulho vinha e logo descobriu que eram passos. Ao perceber que havia alguém embaixo da árvore, Catherine tentou se esconder apesar de não haver necessidade, aquela era uma árvore robusta. Encontrá-la ali seria uma tarefa árdua. Ninguém mais subirá aqui, pensou e abriu o livro novamente, voltando a ler tranquilamente. Poucos minutos de leitura e logo fora interrompida novamente, dessa vez sentiu o galho onde estava sendo puxado para baixo. Ficou paralisada desejando que quem quer que estivesse lá desistisse de vez de subir.
Logo foi possível ver os cabelos negros do "invasor", por sorte ele olhava para o outro lado e não vira Catherine. Ele se sentou no mesmo galho que ela, apreciando o ar puro que havia ali; com os olhos fechados ele começou a girar a cabeça na direção em que ela estava. Quando abriu novamente os olhos viu uma coisa grande e azul do seu lado.
Olhou em direção à moça e aquela visão o deixou boquiaberto. Catherine estava recostada em outro galho, quase deitada confortavelmente na árvore, seus longos cabelos castanhos caíam no ombro em uma trança, a pele clara levemente corada, os lábios rosados entreabertos e os olhos, que, arregalados pelo susto evidenciavam as brilhantes bolas castanhas.
— Catherine? — Ele perguntou incrédulo.
— James... — Foi tudo que ela conseguiu falar.
O rapaz estava igualmente assustado com a presença dela ali. Ele havia mudado bastante - estava muito mais bonito, na verdade, - desde a última vez que se viram há pouco mais de cinco anos. Havia passado de um menino franzino para um homem forte e encantador. Ele havia sido o único amor de Catherine, e a decepcionou tanto a ponto de encher o coração da moça de ódio sempre que pensava nele. Passou até a acreditar que as fontes não tinham poder nenhum e que tudo aquilo não passava de uma história que os adultos contavam para mantê-la entretida.O vento balançou os cabelos negros de James e toda a sanidade que restava em Catherine se foi ao ver o movimento dos fios ondulados e macios, seguido por um piscar de olhos, olhos negros e joviais, logo depois ele pressionou os lábios finos e rosados e engoliu a saliva, prendendo toda a atenção dela em seu pomo de Adão.
— James! — Phillip gritou do chão. — Sua mãe está procurando por você.
Ambos continuaram em silêncio.
— Para onde diabos esse homem foi? — Resmungou baixo.
Catherine levou o dedo indicador aos lábios, quase implorando para que não contasse nada a ninguém. Ele acompanhou esse movimento com os olhos, com vontade de tomá-la para si - de forma respeitosa, claro.
Porém, ele se desequilibrou e caiu de costas, tentou se segurar em vários galhos pequenos, o que causou um grande barulho, em vão. Ao vê-lo caído com as costas no gramado e com expressão de dor, Catherine se assustou e cobriu a boca com a mão livre, o rapaz soltou um suspiro e tentou levantar-se. Ela, vendo que ele não estava machucado, abafou o próprio riso.
— Ai! Ai! — James gritava enquanto Phillip o levantava.
— Você é louco! A sua mãe odeia que você suba em árvores. Sabe como é o temperamento dela. Se machucou?
— Não. Estou bem.
— É bom que esteja! A propósito, você viu Catherine?
— Não — James respondeu depois de hesitar por um momento, se lembrando da beleza da moça.
Phillip praguejou por não conseguir encontrar a irmã e logo levou James de volta para casa.Catherine esperou até não conseguir mais vê-los, desceu do carvalho com cuidado e foi em direção à casa.