Capítulo 18

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Durante os próximos dias, a cor voltou ao rosto de Catherine, sua alimentação se normalizou e ela já tinha força suficiente para cavalgar nos fins de tarde e até mesmo para jogar críquete com os rapazes e alguns empregados – apenas Josephine fora ...

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Durante os próximos dias, a cor voltou ao rosto de Catherine, sua alimentação se normalizou e ela já tinha força suficiente para cavalgar nos fins de tarde e até mesmo para jogar críquete com os rapazes e alguns empregados – apenas Josephine fora poupada.

A jovem sequer tentava esconder que sua rápida recuperação fora motivada pela presença constante de James, que decidiu não voltar para Londres com Phillip na quinta-feira.

Passaram juntos todo o tempo possível. A alma da moça deleitava-se com os sorrisos e olhares dele enquanto ela tocava piano, com sua voz suave quando ele lia para ela no alto de uma colina ou na biblioteca, com suas poses exageradas e engraçadas quando ela pedia para desenhá-lo, com as piadas durante o jantar e quando via-o cavalgando sob o poente.

Thomas sempre fazia questão de levar Josephine para longe assim que James aproximava-se da amiga, dando todo o tempo que precisavam para acalmar seus corações antes do casamento.

Catherine até mesmo esquecia-se com frequência de que seu amado estava noivo de outra dama, de que deveria organizar a cerimonia de Thomas e Jo na capela de sua propriedade e àquela altura, já havia se esquecido da carta que Phill lhe entregara com a condição de que a lesse apenas quando retornasse a Londres – carta esta que estava guardada entre a bagagem que levaria de volta.

A semana seguinte chegou depressa e logo estavam todos na carruagem a caminho de Londres, os quatro desejando ficar no campo, mas os rapazes tinham negócios a tratar e não poderiam ficar por mais tempo.

Antes mesmo de chegarem à cidade, a viagem foi interrompida por dois criados do marquês, pai de Catherine, que viajavam para o campo, a fim de trazerem a moça o mais rápido possível. O motivo não fora revelado e o caminho até sua casa, fora de agonia para ela, que temia que todo tipo de mal a esperasse em casa.

Foram recebidos pela governanta, que, como sempre, não expressava nenhuma emoção. Olhou com severidade para o grupo e logo os levou até a sala de visitas, onde a marquesa recebia madame Agatha.

— Ah, querida — madame Charlotte levantou-se e agarrou as mãos da filha com pesar, tinha um lenço nas mãos e os olhos estavam vermelhos, — você deve me perdoar por trazê-la de volta quando sua saúde está tão frágil, mas não tive escolha. Temi que meus nervos não suportassem se eu permanecesse sozinha nesta casa.

— O que houve, mamãe? — Catherine a levou para um sofá, ainda segurando suas mãos.

— Meu Phillip, Catherine. Meu Phillip desapareceu.

Cath sentiu uma pontada no estomago, seguida por náuseas, e pensou que jazeria ali mesmo.

— Não o vemos desde a manhã de sábado.

— Mas hoje é segunda! Por que não fui avisada antes?

— Não queríamos preocupá-la, querida — a marquesa voltara a chorar. — Seu pai me prometeu que o encontraríamos logo.

— Onde o papai está agora? — O coração de Catherine estava acelerado.

— Ele saiu ontem à tarde — respondeu madame Agatha, — meu marido foi com ele e levaram alguns empregados. A última notícia que tivemos foi de que Phillip foi visto a caminho de Northamptonshire ontem à noite.

— Vamos ajudar a procurá-lo — informou Thomas, já puxando James pela manga do paletó.

— Claro — concordou o outro. — Mamãe, peça a Amelia e Jeannie para fazerem companhia para Catherine; ela ainda não está totalmente recuperada.

— Claro, filho, mas Jeannie está em Derbyshire, visitando a mãe da falecida madame Maria que está enferma.

James pensou por alguns segundos, mas nada disse e antes que pudesse sair, Catherine se levantou e disse:

— Eu vou com vocês.

— Não, você não vai — disse Thomas, com expressão séria.

— Não tente me impedir. O meu irmão está desaparecido e eu não suportaria ficar em casa esperando por notícias.

Os jovens se entreolharam e em seguida fitaram a roupa que ela usava – um vestido de viagem, com uma longa e volumosa saia roxa e um espartilho mais apertado do que uma jovem recém recuperada deveria usar.

— Neste caso — ponderou Thomas, inclinando a cabeça — aconselho trocar de roupa.

Catherine correu para o seu quarto e adentrou pela porta adjacente que dava no quarto de vestir, onde sua bagagem estava intocada em uma mesa.

Ela abriu uma das caixas listradas onde seus vestidos mais simples e confortáveis estavam guardados e começou a tirar a própria roupa apressadamente. Mal percebeu quando Josephine surgiu ao seu lado, ajudando-a com os muitos botões nas costas enquanto ela pegava um vestido verde claro na caixa aberta.

Assim que tirou o vestido de dentro, a carta que Phillip lhe entregara caiu no chão à sua frente. Ela se vestiu o mais rápido que conseguiu e mirou a carta por um segundo, decidindo se deveria ler antes de partir.

Pegou-a e desceu apressadamente até a sala de visitas. As senhoras já se despediam dos rapazes, dando-lhes todas as bênçãos e desejando, de coração, que encontrassem Phillip com boa saúde.

— Estás certa de que está em condição de nos acompanhar? — Perguntou James, puxando Catherine para o canto da sala.

— Sim. Eu não suportaria tamanha agonia vendo todos partindo e eu permanecendo aqui, impotente.

— Tudo bem. Vamos na minha carruagem, Thomas se separará de nós em algum momento.

Em instantes, já estavam na carruagem, partindo para Northamtonshire. Ninguém falava uma única palavra e Edith retorcia as mãos sobre o colo, nervosa por acompanhar lady Catherine em uma viagem pela primeira vez.

A jovem hesitou antes de abrir a carta, as mãos tremiam tanto que o movimento não passou despercebido.

— O que é isto? James a encarava de frente.

— Uma carta que Phillip me entregou quando partiu de Hanley Park. Disse que eu só deveria ler quando eu retornasse para Londres.

— Pode haver alguma resposta para este sumiço.

— Certamente — Catherine lutava para abrir o sigilo, mas seu nervosismo a impedia. — Acha que foi planejado?

— Me dê isto — Ele pegou a carta das mãos dela e habilmente partiu o selo ao meio, devolvendo-lhe o envelope. — Phillip é um homem feito e em perfeito juízo, mas temo que tenha tomado alguma decisão tola.

Enquanto James falava, Catherine pelejava para desdobrar o papel levemente amassado.

Quando finalmente conseguiu, encarou as palavras por meio segundo antes de olhar novamente para lorde James. Estava confusa e preocupada com o rumo que aquilo tomaria.

— Essa não é a caligrafia do meu irmão. Não foi Phillip quem escreveu essa carta.

As Fontes de Hanley ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora