A jovem Catherine sonhava em viver um romance, mas ela desiste de conquistar o amor da sua vida quando o mesmo parte para outro país. Um reencontro seria capaz de provocar uma mudança nos sentimentos dela?
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Catherine sentiu a brisa na pele antes mesmo de abrir os olhos, respirou fundo e sentiu o cheiro da chuva molhando o solo. Virou-se lentamente, o corpo dolorido com alguns hematomas, a mente dolorida com algumas lembranças.
Gemeu baixo ao se sentar, estava cansada e fraca. Sorriu ao ver uma bandeja com seu desjejum sobre uma mesinha. Apenas Josephine estava no quarto.
— Perdoe-me, milady — começou Josephine, agitada, — eu deveria ter fechado as janelas. O chão já está um pouco molhado.
— Deixe assim, Jo — Catherine interrompeu a jovem criada enquanto esta já fechava uma das janelas. — A brisa me faz bem e eu posso limpar o chão depois. Você tem se alimentado bem?
— Sim, senhorita.
— O bebê está bem? Gostaria de ter acompanhado você na consulta com o médico, mas durante essa semana a minha alma tem estado bem longe do meu corpo — Riu da forma mais triste que conseguiu, já sentada à mesa para comer.
— Estamos bem, milady — Josie sorriu ao acariciar a barriga que ainda não estava aparente, — mas como a senhorita está?
— Estou bem. Já estou me conformando, mas vez ou outra ainda penso que eu não deixaria de ser uma beldade se passasse o resto dos meus dias trancada numa propriedade escura junto com outras beatas.
Cath bebeu um pouco do chá, já não estava tão quente quanto gostaria.
— Não diga isto, senhorita. Eu não suportaria não poder vê-la nunca mais.
— De qualquer forma — a jovem olhou para sua dama — já não nos veremos mais. Na verdade... creio eu que seria ainda mais fácil vocês me visitarem no convento do que na minha própria casa depois deste casamento. Se eu achar alguma graça aos olhos daquele porco do meu noivo, talvez mamãe, papai, Phill e Abe possam ir me visitar um único dia em todo o ano.
— Depois do que eu vi e ouvi ontem à noite, eu não posso duvidar da senhorita.
— Eu devia ter tido um filho do lorde James enquanto podia — disse, pesarosa, enquanto olhava com carinho para a barriga de Josephine.
— Ah, querida, não diga algo assim — Cath sorriu ao ouvir Jo chama-la de querida pela primeira vez. — Não imaginas o meu sofrimento neste momento. Temo matar mamãe com a notícia.
— Não é com a sua mãe que você deveria se preocupar. Você se casará e terá a mais perfeita condição de alimentar e educar bem o teu filho. Se eu fosse você, me preocuparia com a marquesa, mãe de Thomas... temo que ela mate vocês quando souber.
Uma batida leve na porta interrompeu a conversa das duas, em seguida, uma senhora um pouco mais velha entrou no quarto, era a governanta.
— Milady — fez uma breve mesura, — o sr. e a sra. Newell desejam vê-la. Estão na sala de desenho.
— Obrigada. Não demorarei.
Catherine vestiu um vestido bege claro simples, com mangas até a altura dos cotovelos e passou as mãos pelo cabelo liso, tentando arrumá-lo.
Ao passar pela porta do quarto do irmão mais velho, deu duas batidinhas, sem resposta. Respirou fundo, alimentando a esperança de que Phill a esperasse junto com os pais – não que ele tivesse algum poder sobre eles.
Quando abriu a porta da sala de desenho, a mãe mal a olhou, apenas deixou a xícara de lado e fitou as próprias mãos. O pai, sentado em uma poltrona próxima do sofá onde lady Charlotte estava, lhe abriu o mais discreto dos sorrisos, lhe lançou um olhar compreensivo e voltou ao livro que lia. Abraham estava de pé, debruçado sobre uma mesinha no canto e espalhava tinha por toda a superfície de um papel.
— Abraham — disse a mãe, severa, — vá brincar no jardim.
A criança, que não era boba e conhecia a mãe o suficiente para saber que não devia lhe desobedecer, correu e despareceu pela porta apressadamente.
Catherine deu um pequeno passo à frente.
— O que foi que deu e você ontem à noite, Catherine? — Perguntou a marquesa, mirando a filha com fúria.
— Eu não podia voltar ao baile, então eu vim para casa — respondeu a jovem, a voz tão baixa que parecia que era ela a culpada, não Timothy.
— E, como sempre, você julgou ser uma boa ideia entrar na carruagem de um jovem solteiro — vociferou a senhora.
— Eu não tive escolha, mamãe. Meu vestido estava coberto de lama e eu...
— Me deixe adivinhar! — Interrompeu a mãe — Você estava no jardim com o seu amado James, brincando de sabe Deus o que, quando escorregou e arruinou o vestido que custou uma fortuna a mim e ao seu pai?
Catherine não respondeu, apenas virou-se um pouco e levantou com cuidado a manga esquerda do vestido. A marquesa deixou escapar uma exclamação de surpresa ao ver o hematoma roxo perto do ombro da filha, enquanto o marquês tencionou todo o corpo, começando pelo maxilar.
A moça se virou para o outro lado e levantou a outra manga, revelando a marca de mão que havia ali, esta era uma mancha alguns tons mais clara do que a outra, mas ainda assim era possível distinguir sua forma.
— Eu disse que você não devia duvidar do seu próprio filho, Charlotte — lorde Charlie encarava o braço da filha, furioso.
— Ora, mas quem poderia imaginar que um rapaz tão polido como lorde Timothy seria capaz de...
— Ele é o seu filho! — o marquês gritava. — Phillip estava desesperado no baile, contou toda a história com lágrimas nos olhos e... quando foi que você viu aquele homem chorando, Charlotte? Ele nos avisou! Tentou nos convencer a desistir do casamento a todo custo, mas você não deu ouvidos a ele.
— Desculpe-me, querida — todos choravam àquela altura da conversa. — Ah, perdoe-me por favor!
— Tudo bem — Catherine respondeu. — Estou bem.
— Não está tudo bem — vociferou o pai, — vamos acabar com este noivado agora mesmo.
— O quê? — Lady Charlotte parecia horrorizada com a sugestão. — Não podemos desfazer um noivado tão vantajoso. Eu posso conversar com a...
— Quando foi que você começou a valorizar a fortuna de outra família mais do que o bem-estar dos próprios filhos?
— Eu me importo com o bem-estar dos meus filhos e é exatamente por isso que eu não vou desistir até vê-la casada com o herdeiro da família Mowbray.
— Catherine — o pai chamou em voz baixa.
— Sim? — Ela desviou o olhar do carpete para o rosto do pai.
— Você quer se casar com Timothy Mowbray?
— Não seja tolo, Charlie Newell! — Interveio a marquesa.
— Eu exijo respeito! — O senhor não gritou, mas foi severo e direto o suficiente para fazer a esposa murchar cerca de quatro centímetros de sua arrogância recém conquistada. — Catherine, por favor.
— Não, papai — Ela finalmente conseguiu sussurrar. — Eu não quero.
— Então eu darei um jeito de conseguir um marido decente para você. Acho que ainda dá tempo... lorde James ainda não está oficialmente noivo.