» Capítulo 12

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NOAH URREA

Nossa, quanta neve! Geralmente, isso não me incomoda, é indiferente. Mas hoje está me

irritando. Se isso continuar assim, infelizmente vou falhar em meu fim de semana de teste antes de ele ter começado. Josh me disse para chegar às dezoito horas. Faltam apenas dez minutos e, diante da camada branca que se amontoa na estrada, certamente vou precisar de bem mais que esses dez minutos para estar lá na hora.

Já faz cinco minutos que ando e paro, ando e paro. O limpa-neve está três carros à minha frente. Já vou me conformando em ter de confessar meu fracasso por telefone quando meu celular toca. O nome de Josh aparece na tela. Ai... Nem vou poder negociar meu castigo cooperando com o adversário.

Atendo o telefone cerrando os dentes e disparo a falar antes que meu melhor

amigo tenha a chance de dizer uma única palavra.

– Josh, sinto muito, mas não vou conseguir chegar às dezoito horas. Mas, olhe, eu saí do

trabalho a tempo, trouxe minha mochila pronta para o trabalho para não precisar passar em casa, mas...

Josh desaba de rir. Talvez eu tenha alguma chance de me desculpar, finalmente. Mas são os barulhos por trás da voz dele que mais me surpreendem.

– Espere, mas onde você está? – pergunto a ele.

– Em meu carro, como você.

– Quê? Vocês já foram viajar? Deixaram Clara sozinha? Não, que imbecil – me corrijo

imediatamente. – No fim, vocês decidiram levar a Clara junto?

– O que é que você está dizendo? – Se admira Josh. – Não, não. Nosso programa não mudou em nada. Simplesmente, mesmo com toda essa neve, precisei fazer algumas compras urgentes antes de viajar e estou preso no trânsito como você! Porcaria de carro de neve!

– Você também está atrás de um limpa-neve?

– Estou dois carros atrás do seu, Einstein!

Eu me viro por reflexo, sem a menor preocupação com a marcha dos carros à minha frente.

Reconheço efetivamente Josh através do para-brisa do carro que nos separa e lhe faço um sinal. Ele me responde com sinais de farol. O motorista do carro entre nós faz um gesto engraçado de cabeça, mas finalmente compreende que não estou falando com ele.

– Bom, então estou salvo! – digo, me posicionando de frente para o trânsito para engatar a marcha.

– Sem dúvida! De todo modo, Heyoon está animada demais com a ideia de ter um fim de

semana apenas para nós dois, então não serão quinze minutinhos de atraso que vão levá-la ao desespero. Talvez a estrada, e ainda... liguei para a cabana onde vamos ficar, ainda não está nevando lá, a previsão é de neve durante a noite.

– Que bom! Assim vocês ficam mais tranquilos.

– Desde quando você tem problema com neve?

Minha resposta deveria ter sido imediata, mas ela fica girando pelo menos alguns instantes na minha cabeça antes de ser verbalizada. Acho que outra frase teria querido se intrometer no lugar, mas não consigo saber qual era.

– Meu melhor amigo e sua mulher saem pra viajar com um tempo desses, e eu vou ficar

cuidando da filha deles de menos de 1 ano. Você acha que tenho condições de adotá-la se algo acontecer a vocês?

I'm hereOnde histórias criam vida. Descubra agora