» Capítulo 24

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noah urrea

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noah urrea.

O barulho de uma porta que bate no hall de meu andar me sobressalta. Abro os olhos com dificuldade e assim fico durante o tempo necessário para minhas pupilas se acostumarem à escuridão.

Num canto do aposento, o reloginho eletrônico marca 2:44. Ouço o murmúrio líquido da geladeira na cozinha, o zumbido de um ou dois carros lá embaixo na rua. Alguns sinaizinhos vermelhos brilham perto de mim. As reverberações alaranjadas da cidade fazem entrar um pouco de luz em meu apartamento.

Se eu não estivesse sentindo essa pressão esquisita no estômago, diria que se trata de uma noite normal, tranquila, na qual eu teria adormecido no sofá folheando um livro. Mas não vejo nenhum livro na mesa de centro da sala, apenas um cadáver de uma garrafa de suco de pera... deve fazer dois dias que não tomo um banho. Talvez três?

Empurro a velha coberta com os pés e me levanto. Minha cabeça gira. Acho que deve fazer um dia que não como nada. Desde quando exatamente me joguei no sofá?

Melhor não procurar a resposta.

Meu estômago se aperta ainda mais. Não consigo decidir se estou ou não com fome. De todo modo, seria bom comer algo.

Levanto meio sem jeito e vou para a cozinha. Minha geladeira até que está bem abastecida, mas as primeiras opções que vejo ou são desinteressantes ou estão com o prazo de validade vencido. Por fim, me decido por um hambúrguer e massa. A refeição do perfeito estudante, mas, quase às três da madrugada, é a única coisa que me apetece.

Ponho água para ferver, preparo a massa ao lado. A frigideira começa a esquentar e jogo ali o pedaço de carne. Tomo as últimas providências, a saber, pegar um prato, talheres e uma peneira, sem me concentrar em nada, depois me afundo numa cadeira.

Fiz tudo isso no escuro, tendo como única referência os fracos clarões que as reverberações da luz externa quisessem me dar. Não sei como seria comer numa penumbra dessas; o que sei é que não vou fazer essa experiência. Afasto minha cadeira para trás até alcançar o exaustor. Meu braço é longo o suficiente para ligar o pequeno interruptor. A luz amarela está atrás de mim, mas fornece claridade suficiente para eu distinguir meu ambiente. Vai ser o suficiente.

Outra luzinha, branca e piscante, atrai minha atenção na sala. Meu celular. Também foi deixado de lado faz dias, tanto quanto o telefone fixo. Cheguei a me dar o trabalho de mudar a mensagem da secretária eletrônica do fixo, dizendo que, no caso de algo realmente importante, deixassem uma mensagem e eu a ouviria. Caso contrário, bastava desligar. Lembro de ter ouvido minha mãe duas vezes, me perguntando como eu estava. Josh e Yoon também. Mas, depois do primeiro dia, mais nada.

No celular, nem toquei. Eu não ia enviar uma mensagem ao planeta inteiro explicando minha situação. Devo ter ali cerca de trinta mensagens diversas. Entre as mensagens de voz e os torpedos, terei do que me ocupar uma manhã toda. Sei que, entre as de minha mãe e as Josh, deve haver mensagens de membros da família e, pior ainda, sei que estarão falando da ceia de Natal, daqui a poucos dias. Meu primo também deve ter tentado me contatar desde o último sábado.

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