» Capítulo 15

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any gabrielly

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any gabrielly.

Uma nova voz. Luminosa. Virgem de toda impureza. Como a neve quando acaba de cair. Um floco dourado que se aproxima de mim. Quase o som mais maravilhoso que já ouvi na vida, depois da voz mais grave que murmura em meu quarto. Um arco-íris e um floco, não sei realmente como isso pode coexistir do ponto de vista da meteorologia, mas coexiste aqui no quarto.

Uma lembrança viva repercute em mim. Sim, já vi algo assim. E claro que foi numa geleira.

Nevara durante a noite, e a neve estava se derretendo no momento em que o sol se levantou em um céu límpido. A água corria nos regatos, essas correntes sinuosas da fusão do gelo que seguem o mesmo traçado de uma serpente. Um pequeno obstáculo na geleira gerava uma mini cascata, o suficiente para fazer surgir um arco-íris diante dos olhos de quem se posicionasse no lugar certo.

A neve e um arco-íris juntos. Portanto: possível!

Tenho vontade de sorrir. Pela minha recordação. Pelo presente maravilhoso que Noah acaba de me dar, trazendo essa pessoinha consigo.

De repente, tudo desaba.

Noah traz um bebê consigo. Meu cérebro se aciona e resolve no mesmo instante todas as equações associadas à situação. Meu moral desaba imediatamente vinte metros abaixo do gelo.

Acho que vou sufocar.

Começo a entrar em pânico. Minha mente acredita que estou outra vez enterrada sob a avalanche de neve de julho. Tudo faz pressão em torno de mim e, como naquele verão, não tenho como gritar meu terror. Em minha cabeça, tudo é tempestade e aflição. Faz dez dias que não tenho pesadelos durante o sono. Estou vivendo a soma de todas essas exceções em estado de vigília.

Terror em estado puro.

No meio dessa tempestade, de muito longe, ouço um som, abafado pelo urro do vento que me transpassa por todos os lados. Tento me concentrar nesse som, dar a ele uma cor, uma textura, um sabor, qualquer coisa que me faça escapar dessa prisão de angústia.

Tento concentrar toda a minha atenção afastando as lembranças de meu acidente. Mas mal consigo fazê-las se afastarem, e elas voltam rapidamente, ainda mais violentas. Grito mentalmente para alguém que possa me salvar e, de repente, tudo para.

– Any! Any! Meu Deus, o que está acontecendo?

Meu arco-íris vacila. Suas cores tremem. Noah está literalmente aterrorizado. O bebê começa a chorar. Esse novo tumulto de sons poderia ser insuportável para mim, especialmente tão perto de meu ouvido, mas, não, ele me conforta mais que tudo no mundo.

Ouço os cliques de um relógio que vai e vem, uma carícia em meus cabelos, um murmúrio permanente.

– Any. Any. Any.

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