noah urrea.
– Saia da frente!
Eu me grudo na parede do corredor, porque o tom imperioso do enfermeiro basta para me fazer entender que ele estava sem tempo para ser bem educado. Não sei o que está acontecendo, mas o quinto andar está em polvorosa. Enfermeiros e médicos correm de uma maneira certamente organizada, mesmo que, para mim, tudo pareça em total desordem. Deve ter acontecido algo, mas não estou muito interessado no que possa ter sido.
Meu espírito estava bem longe. Em algum lugar entre meu corpo e meu coração. Eu nunca tinha feito uma declaração em situação parecida. Ao mesmo tempo, desafio qualquer um a me mostrar uma situação similar.
Vou pela escada porque os elevadores estão todos ocupados pelo caso urgente que parece estar levando pânico à metade do quinto andar. Quando chego ao térreo, a agitação já tinha se propagado. Saio do prédio me esgueirando pelas paredes para não atrapalhar as pessoas de jaleco que se precipitam para o lado de fora. Percebo um grupo de médicos a uns trinta metros. Isso deve ser a razão da confusão.
Alcanço meu carro, com meus pensamentos sempre presos no quinto andar em torno do corpo frágil do quarto 52. Corpo que eu queria apertar em meus braços. Mas quando vi aquelas pernas tão finas e tão frágeis depois de meses de imobilidade, achei que meu desejo era egoísta e me contentei em me sentar ao lado dela antes de vir embora. Tive muito medo de quebrar alguma coisa.
Chego em casa vinte minutos depois sem ter visto o trajeto que fiz. Me acomodo no sofá, todos os meus sentidos adormecidos. Meus gestos são apenas reflexos e hábitos. Uma ideia vai tomando corpo lentamente em mim ao mesmo tempo em que beberico um copo de suco de pera.
Amo uma pessoa e essa pessoa sabe disso.
Dou um profundo suspiro e mordo meu lábio inferior para segurar, em vão, um sorriso. Qualquer pessoa que me pedisse para explicar a situação me classificaria de louco. Rejeito esse pensamento dizendo a mim mesmo que se eu a tivesse encontrado e amado antes de ela entrar em coma, a situação teria sido um pouco diferente.
A campainha de meu telefone me obriga a me levantar do sofá e de meu sonho desperto.
– Alô? – digo num bocejo.
– Já cansado a essa hora?
– Josh... agora não tenho nem mais o direito de bocejar?
– Não quando sou eu que estou ligando.
– Bom! E você está me ligando por quê?
Meu melhor amigo me joga em cima um pequeno questionário sabiamente preparado por sua esposa a respeito do batizado de Clara. Se eu já tinha pensado naquilo e naquilo outro, que eu não podia esquecer tal outra coisa, que eu tinha de fazer isso durante a cerimônia e sei lá mais o quê.
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I'm here
Romancenoany +| ❝ eu nunca vi o seu sorriso, muito menos seus olhos, mas sua voz foi suficiente para me mostrar que eles são lindos ❞ Em um dia tumultuado, Noah entra no quarto errado do hospital e encontra Any dormindo, em coma. E por um sentimento que el...