(N/A: antes que esse capítulo comece quero avisar que os pontos de vistas serão intercalados, mas irei avisar! Aproveitem )
NOAH URREA
Me desliguei de tudo o que estava acontecendo ao meu redor. E me concentrei totalmente nela.
Todo o meu corpo é administrado por reflexos ou então meu cérebro literalmente se dividiu em duas tarefas: tentar me livrar do controle de Lamar e olhá-la, olhar para ela.
Se ela parar de respirar, acho que paro com ela.
Agora que parei de me debater, ouvem-se apenas grunhidos, respirações, murmúrios. Algum choro também. Talvez eu faça parte disso. Pouco importa. Mas a totalidade desses sons é ritmada pelo bip lento, terrivelmente lento do monitor.
A curva luminosa me hipnotiza. Vou da curva para Any, consciente de que, pela primeira vez, posso ouvir sua respiração sem assistência eletrônica alguma. Ela parece tão lenta, tão frágil.
Com todas essas pessoas em volta me vigiando, não ouso nem abrir a boca. Tenho vontade de dizer tantas coisas a Any. E, ao mesmo tempo, tudo poderia ser reduzido a poucas palavras.
Relaxo meus ombros de uma vez, o aperto de Lamar vai se suavizando progressivamente.
– Você tem de deixá-la partir, cara.
Minha cabeça pula e meus olhos se enchem de lágrimas. Minha boca repete em círculos o nome de Any, sem ir além do murmúrio, depois recupero minha voz numa última esperança.
– Any, mostre a eles!
Sinto todos os olhares se voltarem para mim. O bip continua sua pulsação decrescente. Meus punhos estão tão apertados que minhas mão já devem estar sem sangue. Em minha cabeça, começou uma contagem regressiva. Dez... Nove...
Any, acorde... Oito... Sete... Vamos, eu sei que você está me ouvindo... Seis... Você reagiu quando... Cinco... Quatro...
– O que é...?
A voz da moça com quem já cruzei me faz perder a contagem. Acho que é a irmã de Any.
Mesmo que elas não se pareçam muito, pude descobrir certa semelhança de traços.
– Parece que o ritmo cardíaco dela está aumentando...
Levanto a cabeça. A irmã tem razão, os números no monitor estão mais altos do que os últimos que eu tinha observado. Viro os olhos para os médicos à minha esquerda.
Reconheço um deles; é o que me explicou como funcionava todo o aparato eletrônico de Any. Os dois parecem perplexos, mas posso jurar ter visto um clarão de esperança nos olhos do médico-residente. Seu superior faz que não com a cabeça, cochichando alguma coisa. O médico-residente se volta para a família.
– Aleatório.
É a única coisa que ele diz. Não quero nunca mais na minha vida ouvir essa palavra.
ANY GABRIELLY
Só mais uma vez. Uma vez mais. Só mais uma. Isso se apodera da menor parcela ativa de meu cérebro. Não ouço mais nada. Desejo só uma coisa.
Quero virar a cabeça e abrir os olhos.
NOAH URREA
Meu coração para de bater no ponto em que o dela acelera. Mergulho naquele olhar que vi apenas uma vez. Meus lábios se entreabrem em uma respiração comum a todos os que estão no quarto. Tudo suspenso.
Eu sei que os ponteiros do meu relógio continuam girando, mas a imobilidade total de todos os que me cercam, inclusive de Lamar, me causa o efeito de parada no tempo. Tenho a impressão de ser privilegiado, eu sou o único a me aproximar dela.
ANY GABRIELLY
Fecho as pálpebras. Luz demais aqui! Começo a reabri-las lentamente e, nesse momento, ele está diante de mim.
Não vou dizer que o preferia como um arco-íris, porque meu cérebro ainda não consegue interpretar todas as cores visíveis. Tudo o que sei é que consegui, e que as palavras dele ecoam meu pensamento.
– Você está aqui, Elly - ele fala
Sim, Noah. Eu estou aqui
FIM
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I'm here
Romancenoany +| ❝ eu nunca vi o seu sorriso, muito menos seus olhos, mas sua voz foi suficiente para me mostrar que eles são lindos ❞ Em um dia tumultuado, Noah entra no quarto errado do hospital e encontra Any dormindo, em coma. E por um sentimento que el...