dois.

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uns dias depois...

Toronto — Canadá
Akasha
Já tinha uns sete meses que eu estava aqui no Canadá, mas sabe quando você começa algo por pura empolgação e depois ver que não é bem aquilo que você desejava? Então, foi exatamente assim, nessas últimas semanas eu estive bem pensativa e até cheguei a conversar com alguns de meus professores e todos me aconselhavam a voltar para o Brasil e pensar mais sobre se é mesmo meu desejo me formar e trabalhar como biologa, ou eu estaria estudando apenas por estudar e no fim... faria tudo por obrigação e não por amor a minha profissão.

E é bem isso, de ínicio eu até posso sim ter gostado de toda a idéia mas depois que meio que virou uma obrigação ditada por minha mãe seguindo a influência do atual marido, eu desanimei, mas acabei me deixando levar e passei esses seis meses e meio em Toronto. Me dediquei ou melhor, tentei. Mas minha mente sempre me autosabotava e me levava  a rabiscar alguns trechos de músicas.

E acho que no fundo eu sempre soube que eu seria uma amante das músicas, tipo o meu pai. Não que eu fosse tão boa quanto ele, mas aprendi muito e ainda quero me enriquecer com o conhecimento dele. Meu pai sempre foi um cara extremamente inteligente e sabe conversar sobre tudo desde que ele siga a linha de racicionio que ele mesmo trilha. Me lembro de morrer de rir quando numa pesquisa sobre ele achei um video que ele falava sobre as pessoas acharem que somos rotulados feito um pote de maionese.

"As pessoas não são um pote de maionese, tá ligado?"

Aquilo ficou na minha cabeça por semanas, e olha bem o que aquele vídeo me fez pensar e tomar decisões. Eu já fechei minha matricula em todos os três cursinhos que eu estava fazendo, conversei com todos os professores e coordenadores e eles super me entenderam e me deram apoio. Já me despedi de meus amigos que arrumei por aqui, mesmo prometendo que voltaria para ver-los e terminar o curso. Eu sabia que era um despedida definitiva, e se caso voltasse... seria apenas para visita-los.

Eu não iria avisar a ninguém de minha volta, mas resolvi que avisaria apenas para uma pessoa e de lá eu encararia meus pais e deixaria tudo as claras. Terminei de fechar a última mala e depois de descer e colocar junto da minha bolsa e das outras duas malas, me joguei no sofá enquanto desbloqueava meu telefone e o colocava para discar. "Melinda, mãe 💟"

Dois toques até ela aparecer na tela e dar um sorrisão. — Olá, meu amor! Que saudades. Como você tá?

— Nesse momento, esperando meu táxi chegar pra me levar até o aeroporto. — falei rápido e ela estava mexendo em algo, olhei em sua volta e vi que estava dentro de um supermercado.

— Vai viajar para aonde, Akasha?

— Vou voltar, mãe. — soltei e ela arregalou os olhos. — Você tá sozinha?

— Hmm... sim... eu... puta que pariu, como você fala as coisas assim do nada garota, quer me matar? — ela respirou fundo e eu dei risada.

— Desculpa, mãe. — eu ainda estava rindo e ela acabou rindo junto. — Você consegue manter segredo e me buscar hoje a noite no galeão?

— Meu Deus, é sério mesmo? Seu pai vai ficar louco!

— Sim, aqui ó... tudo arrumado já. — me gravei e gravei as malas que estavam próximas a porta. Ela riu. — Segredo viu?

— Tá bom amor, parece até que eu estava adivinhando... — deu um risadinha e eu sorri. — Eu vim aqui porque vamos fazer um churrasquinho lá pra jantar.

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