três.

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Hadassa.

Akasha entrou em casa gritando e eu fui logo indo atrás dela, pulei no seu colo e ela deu risada.

— Que saudades, Dassa!

— Eu também senti... — ela me abraçou mais apertadinho e me olhou toda desconfiada quando viu o Théo lá do lado de fora perto da churrasqueira. — Sim, tô me cuidando.

— Ah bom! Eu sabia que iria rolar algo, ainda bem que te ajeitei antes. — riu e eu concordei dando risada.

Ela se soltou de mim e foi indo falar com os tios e o Théo, meus pais vinham rindo lá de fora  e minha mãe parou na minha frente, tirou cem reais da carteira e deu na minha mão.

— Opa, assim que eu gosto!

— Fica de graça que eu te tomo, lindinha. — apertou meu nariz e eu fiz uma careta.

Guardei meu dinheiro no meu sutiã e fui de volta para o churrasco, Akasha tava contando sobre tudo o que rolou lá e eu tava bem encantadinha mas meu sonho mesmo é estudar uns anos de moda em Paris, sonhar não custa nada né? Quem sabe ainda chego lá num dia desses por aí.

Senteu em uma das espreguiçadeiras e o Théo se enfiou atrás de mim e ficava brincando com alguns fios do meu cabelo, enquanto e comia e escutava atenta as aventuras da Akasha.

Akasha.

— Meu Deus Ka, e você aceitou?

— Eu não tia, tá doida? — gargalhei pois ela e minha mãe estavam euforica pois eu contava de um americano que também estava por lá, ficamos em um rolo bem gostosinho mas o boy se emocionou e já foi logo me pedindo em casamento.

— Por isso que você voltou, né danadinha! — Meu tio me cutucou e eu dei de ombros ainda dando risada daquilo.

— Pô, nada haver gente... tinha nem dois meses lá e o carinha já vem me pedindo em casamento? Eu hein, Deus me livre.

— Se apaixonou na pretinha, filha... foi por isso. — Mel completou me colocando pilha e eu ri, deixei eles conversando ali e fui na churrasqueira onde meu pai estava cortando umas carnes.

— Oi amor.

— Pai, queria conversar um pouquinho. — sorri e peguei uma carne na bandeja e a mordi.

— O americano te engravidou ou o que?

— Que? Não!! — dei risada e ele assentiu.

— Só come alguma coisa mais decente e a gente vai lá pra dentro e conversa. Pode ser, filha? — me sugeriu e eu assenti, beijei seu rosto e fui logo montando um pratinho para jantar. Eu estava azul de fome e churrasco era uma das coisas que eu mais senti falta.

Acabou que a nossa noite rendeu bem mais e meu pai exagerou na cerveja e nem conseguimos conversar. Eu durmi no quarto da Hadassa junto dela e os meus tios e o Théo foram pra casa já era pouco mais das duas da manhã.

Eu relutei ainda pra dormir e com isso acordei não era nem oito da manhã e já tinha cinco chamadas perdidas da minha mãe. Olhei pelo eclã do celular e fui quase obrigada a desbloquear o telefone e acalmar a fera pelo menos por meia hora até que eu chegasse em sua casa.

Mãe.
Você veio para o Rio e não me avisou, Akasha?  Quem te buscou? Onde você tá?

Akasha Hoff
Bom dia mãe.
Sim minha viagem foi muito tranquila e eu estou ótima, Mel me buscou e eu estou em meu pai.
Em meia hora  no máximo, chego por aí.

Enviei tudo e nem esperei que ela respondesse, me levantei, tomei um banho rápido, passei uma maquiagem levinha, me perfumei, me troquei e saí do quarto pegando minha carteira e o telefone apenas.

Não havia ninguém no andar de baixo, tomei uma xícara de café com um misto quente, lavei minha boca ali no banheiro de baixo mesmo, procurei pela chave do meu pai, achei e deixei um bilhete no porta chaves de toda a casa avisando que voltaria antes do almoço. 

Estacionei o carro em frente ao prédio e desci inalando a maresia que vinda da praia a poucos centimetros dali, atravessei e entrei no prédio, peguei o elevador e apertei o décimo quinto andar e estava sentindo todos meus músculos trêmulos e nem mesmo já tinha visto minha mãe para está reagindo assim. 

Quando sai do elevador ja dei de cara com a porta do apartamento aberta, possivelmente o porteiro teria avisado que eu estava subindo, entrei ali e fechei a porta. Caminhei até a sala de jantar e achei minha mãe e meu padrasto sentados por ali.

— Bom dia. — sorri e eles me olharam no mesmo instante.

— Como foi sua viagem? — Alex perguntou e eu dei de ombros, me sentei e besliquei um pão de forma.

— Tranquila, apesar de ser um pouco longa.

— Poderia ter nos avisado, iriamos te  buscar.

— Minha mãe me buscou e eu depois eu preferi ir direto para a casa deles. Se fosse para vir pra cá, eu teria vindo ontem mesmo... depois do churrasco.

— Eu entrei em contato com os coordenadores e descobri só agora que você trancou o intercâmbio. Quem te deu o direito de decidir isso tudo e não me pedir permissão, Akasha? — minha mãe falou pela primeira vez e eu suspirei, já esperava que não seria nada fácil.

— Mãe, eu iria conversar com você quando eu chegasse aqui.

— Hum.. mas antes foi correr pro colinho do seu pai não é? É por isso que você é desse jeito! Mimada! Teu pai sempre passa a mão em sua cabeça.

— Ele ainda não sabe. — eu disse baixo.

— Como é?

— Meu pai ainda não sabe que eu desisti do intercâmbio e que não vou cursar biologia. — Soltei de uma vez e vi o Alex se levantar e ir parar ao lado da minha mãe.

— Isso é sério, Akasha? — encarei os olhos verdes do marido da minha mãe e assenti. — Deus do céu, o que você pensa da vida menina? Tá achado que com quase trinta anos vai ser alguém assim... desistindo sempre?

— Isso não é problema seu! — eu indaguei já ficando irritada e ele negou, decepcionado e saiu dali.

— Ele está certo Akasha e você sabe muito bem disso! Você desistiu da faculdade de direito quando já tinha feito quase dois anos, desistiu da faculdade de letras ainda no segundo período e agora a de biologia. Aonde você acha que vai parar se continuar sendo esse fracasso? Hein, Akasha!

— Eu... eu... eu... — minha língua se embolava e eu sabia que era por medo, ansiedade e desespero.

— ME RESPONDE, AKASHA!

— Eu quero cantar! Eu quero e vou ser como o meu pai e você sempre soube disso mãe, sempre soube e sempre quis me impedir!

— Se você estragar sua vida para ficar cantando rapp feito uma vadia, pode ter certeza que não tem o meu apoio!

— Tudo bem, eu vou ter de quem eu preciso. Pode também se esquecer que a vadia aqui é sua filha, Natasha. — me levantei e gesticulava nervosa. Sequei meu rosto com raiva e fui para perto dela. — Se teu casamento com esse merda é um fracasso, não tente estragar a minha vida!

— Cale a boca, Akasha! — ela gritou mas eu já estava saindo do apartamento, apertei seguidas vezes o botão do elevador e quando ele chegou ao andar e abriu para que eu entrasse, eu suspirei aliviada e pronta para chorar todo um rio inteiro.

tadinha da minha bebê 🥺

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Maldita Vontade 》 XAMÃ Onde histórias criam vida. Descubra agora