quinze

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— Oi preto. — escuto a voz da minha mulher assim que eu saio do banho. — Ela me contou tudo.

— Eu não quero ela indo vê ele, não quero Melinda, pro bem deles dois.

— Amor, mas você não acha que vai ser pior? Ele vai sentir falta dela, vai sentir tudo isso e vai atrás do refúgio dele que não vai ser a nossa filha.

— Melinda ele vai atrás dessa porra com ou sem motivo, ele tá viciado.

— Afastar a Dassa dele só vai piorar.

— Não, não vai. — sento na cama e ela senta no meu colo.

— A única força de vontade dele tá nela.

— E é por isso que ele vai atrás de ajuda, amor, ele ama ela e de verdade mesmo e eu conversei com ele. — contei pra ela dá conversa que tive com o Théo. — Eu tô fazendo isso pelo bem dos dois. E eu só tô protegendo minha filha, Melinda já ouvi um caso de uma menina que passou por isso da Hadassa, mas ela não conversou ou contou pros pais, foi levando sozinha, foi guardando e no final das contas acabou com ela depressiva, crises de ansiedade, de pânico até internada a garota ficou... e eu não quero isso pra minha filha... — respiro fundo quebrando o contato visual com ela.

— Eu sei amor, eu tô entendendo, só que... amor? Preto não. — ela enxuga as lágrimas que caíram sem permissão.

— Tu não tem noção de como ela tava dentro do carro, não tem, e ela não ia me contar, não ia, ela ia guardar pra ela e conforme o tempo fosse passando ela ia acostumar guardar tudo pra ela sozinha. — respiro fundo e olho pra ela. Eu só afastei eles pro bem DELES.

— Amor, calma, nós vamos passar por isso tudo junto, você, eu, o Ret e a Ju, no final tudo vai ficar bem.

— Olha ali. — ela pega meu celular na penteadeira dela. — É o Théo te ligando amor. — peguei pra atender mas caiu a ligação e logo no ecrã vi uma mensagem de áudio dele.

▶️ "Aí padrinho tem como... amanhã.... tu passar lá em casa? Queria conversar  sobre isso aí que tu falou de se tratar. — ele fungava e eu ouvi algumas vozes.

— Tô indo atrás do Théo. — levantei pegando a chave do carro e uma camisa.

— Pai... — Hadassa apareceu na porta.

— Eu vou com você Jason, tu tá todo nervoso aí, olha.

— Caralho, esse moleque tá acabando com a vida dele... meu Deus do céu.

— Vamos...

— Pai, tenha paciência, por favor, eu tô te pedindo pai, ele não tá bem, ele precisa de ajuda mas também de paciência.

....
Como eu imaginei achei o Théo na pracinha, na mesma que eu e a Hadassa achamos ele uma vez, desci do carro e fui até ele que já veio segurei ele pelo braço e coloquei ele no banco de trás.

— Meu Deus Théo... — Melinda falou e pegou na mão dele. — A gente vai te ajudar meu amor, você vai vê que esse vício não é nada perto do que a gente sente por você.

— EU NÃO TENHO VÍCIO. — ele fala alto e Melinda se assusta, parei o carro e virei pra ele.

— Tá vendo porque eu não quero e Hadassa perto de você? Olha tuas atitudes cara, tu tá gritando com tua madrinha porque ela quer te ajudar, fez o que fez com a Hadassa, e tua mãe que tu vive discutindo por mais que ela fale tudo pelo teu bem. — ele me olhava a apertava as mãos. — Tu me disse uma vez que elas três são as mulheres da tua vida, que tu ama elas e que protegeria elas até de mim ou do teu pai... e agora a gente que tá tendo que proteger elas de você Théo. — ele abaixa a cabeça e começa a chorar.

— Amor... — Melinda me repreendeu e eu respirei fundo. — Filho, vamos te levar pra casa e vamos acabar com isso de uma vez.

— Desculpa madrinha. — ele disse choramingando e ela se esticou para selar a testa dele.

— Tá tudo bem meu amor.

Eu tomei a partida do carro e em poucos minutos estavamos na casa da Juliana e o Ret, eles estavam na porta já nos esperando.

— Eu avisei. — Mel disse e eu assenti. Descemos do carro e o Théo estava a todo momento de cabeça baixa.

Nós entramos em silêncio e o Théo sentou num sofá sozinho enquanto nós quatro, os adultos decidiamos o que iríamos fazer e concluímos que para ele o melhor seria uma internação ou isso nunca iria parar, nem que seja apenas para iniciar o tratamento.

O Théo não hesitou e nem descordou, assentiu quando o comunicamos e disse que precisava que tomar um banho e deitar. Deixamos ele subir para o quarto dele e ficamos mais um tempo ali pesquisando algumas clínicas enquanto iamos conversando sobre meu molequinho que já está com quase quatro meses.

Akasha.

Eu entrei no quarto da minha irmã e vi ela com o corpo escorado na sacada e parecia que só o corpo mesmo estava por ali, pois sua mente estava bem longe. Fechei a porta devagar, desci, fiz um brigadeiro, coloquei no prato, peguei quatro colheres e um pote de de sorvete de flocos que estava no freezer, peguei alguns refri, finis e uns biscoitos...  levei para um dos quartos que seria dos hospedes mas minha mãe transformou numa pequena salinha de cinema.

— Ei, vem cá. — chamei ela e ela me olhou rápido. — Vamos sofrer juntinhas assistindo um clichê adolescente daqueles bem enjoados. — fiz uma careta e ela deu um sorrisinho.

— Você nunca esqueceu, não é?

— Não. — Abracei ela quando chegou perto e fomos para o quarto-cinema. — Quando eu estava fora eu sentia falta demais de sofrer assim. Eu até fazia.... mas não tinha graça, você não estava lá.

— Eu posso escolher? — falou um tempo depois e eu assenti.

Ficamos ali, assistindo filmes e chorando nossas decepções amorosas.
Eu conhecia a Dassa e sabia que tudo que ela precisava agora era de alguém que tivesse quase a mesma idade e iria entender ela.

Ela acabou dormindo em um dos puffs, eu a cobri pois havíamos ligado o ar, selei sua cabeça e desliguei a tevê. Catei tudo que sujamos e as embalagens joguei no lixo.

— Oi amor.

— Mãe, a Dassa tá na salinha de filme tá? Ela dormiu. — ela assentiu e me ajudou com as coisas. Meu pai selou minha cabeça e subiu.

— Ele tá chateado. Melhor deixarmos ele quieto um pouco.

— Eu sei... — resmunguei e ela me ajudou com a louça. — É tudo muito difícil e eles são tão novinhos... Não que eu seja tão velha, mas eu acho que não suportaria se eu estivesse no lugar dela.

— Vai ficar tudo bem, amor... Tudo bem.

então era pra terminar em quinze capítulos né? mas acabou que não deu, acho que ainda terá mais dois ou três e aí finalizamos e nos despedimos de todo esse núcleo que faz parte de nossas vidas á quase um ano. 🥺🤧

Maldita Vontade 》 XAMÃ Onde histórias criam vida. Descubra agora