Capítulo 1

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Quando Jonny meu lacaio disse que uma mulher estava a minha espera no escritório uma grande ruga se formou em minha testa, eu não recebia uma visita feminina desde... Bom, desde muito tempo.
Já era noite, e parada virada de costas para porta vi a silhueta bem definida, o quadril era largo chegava ser vulgar, a cintura fina demais lembrava uma boneca de porcelana e os longos cabelos negros desciam como uma cascata por suas costas, com certeza era o pecado em forma de mulher

- Finalmente apareceu, pensei que me deixaria a sua espera a noite toda

Uma voz terna, mas firme, as palavras de sua boca pareciam as cantigas das sereias quando queriam enfeitiçar algum pobre homem

- O que uma dama faz em minha casa tão tarde da noite? - Perguntei por fim

E então ela se virou, quase me desequilibrei, precisei me apoiar disfarçadamente em uma cadeira que tinha a minha frente. Ela tinha um rosto... Perfeito, lábios chamativos como se convidasse os cavalheiros para beija-la, olhos escuros, mas brilhantes como uma noite estrelada. Foi impossível não desviar meu olhar para seu colo levemente desnudo, parecia que seus seios poderiam pular para fora a qualquer momento, e por que eu queria ser o responsável por desamarrar aquele corpete?

- Eu sou Maite Perroni

Devo ter a encarado por longos 10 segundos antes de cair na gargalhada, ri tanto que precisei me sentar na cadeira, minha barriga chegava a doer

- Quanto minha mãe te pagou para se passar por minha noiva?

- Eu pareço estar de brincadeira, senhor Levy?

Realmente seu rosto demonstrava impaciência, como se pudesse me dar um soco a qualquer momento

- Então fala sério, quem é você e o que faz em minha casa? - Perguntei quando consegui me recompor

- Eu sou Maite Perroni, e você arruinou a minha vida

- Eu? O que te fiz?

- Isso - Disse enquanto me jogava um pedaço de papel, na hora reconheci que se tratava de uma das cartas que escrevi para ela, minha suposta noiva

- É apenas uma carta

Ela então tomou a carta para si e começou a lê-la

- "Minha doce Maite, juro que quase consigo sentir seus lábios grudados aos meus, eles devem ser tão macios como belas pétalas de rosas.
Quando me deito posso sentir seus braços ao meu redor, e o calor de seu corpo desnudo contra o meu. Durante o profundo sono sonho que te cubro com beijos, a sensação é tão forte que até parece real.
Quando menos espero suas cantigas invadem meus ouvidos e me pego sorrindo, imaginando como seria tocar cada canto de sua pele, começaria na boca, minha língua deslizando por seus seios, depois a barriga, até chegar no meio de suas formosas cochas...

- Por Deus, chega! - Aquilo já era constrangimento demais. Onde eu estava com a cabeça para escrever tais palavras a uma dama que eu nem conheço?

- Eu queimei cada maldita carta que você me enviou, mas essa meus pais conseguiram pegar antes, interpretaram tudo errado e agora temos que nos casar

Casar. Essa palavra ficou ressoando em minha cabeça, como eu iria me casar com ela? Eu não a amava, eu não posso trair minha falecida esposa

- Não vou me casar com a senhorita - Disse decidido

- Pois então já pode ir preparando esse seu pescocinho para forca

- Como?

- Meu pai procurou as autoridades, e você é obrigado a me desposar, senão vai pagar com a vida

E então me entregou um papel assinado pela côrte, onde dizia que eu tinha uma semana para me casar com Maite Perroni, ou então guardas viriam me buscar para meu trágico fim pendurado com o pescoço em uma corda

- Eu sou viúvo, não tenho filhos, minha mãe queria me casar a qualquer custo e eu não queria porque amo a minha falecida mulher, então inventei que estava noivo da senhorita, como saberia que minhas cartas de fato chegariam até suas mãos sendo que é uma renomada cantora de ópera? Devia receber milhares de outras cartas com frases muito mais pervertidas que as minhas

- Pois saiba que o senhor está redondamente enganado. Todos cavalheiros sabem que sou uma moça solteira de respeito, claro que recebi várias cartas, mas todas com palavras respeitosas, pedindo minha mão ou coisa do tipo, não aquela pouca vergonha que você me mandou. Se você acha que a sua vida está ruim pois então imagine a minha, os palcos eram minha paixão, cantar era o que me mantinha viva, eu não queria um casamento, não queria um homem, e avise a velha da sua mãe que eu não vou te dar filhos!

Eu queria ter lhe repreendido pela maneira em que havia insultado minha mãe, mas vi que seus olhos estavam cheios de água, e só então caiu a ficha que arruinei não só a minha vida, como também a de uma pessoa inocente que não tinha nada haver com minhas besteiras

- Eu vou voltar com a senhorita para a capital e vou esclarecer toda essa história, e poderá ser livre novamente

- Não adianta, uma decisão do príncipe jamais poderá ser revogada - Respondeu enquanto secava uma lágrima que havia escorrido por seu delicado rosto - Devemos aceitar nosso destino

- Me perdoe

Foi a única coisa que consegui dizer. Depois pedi para que Jonny mandasse arrumar o quarto de hóspedes para ela, e lhe apresentaria a minha mãe somente no dia seguinte já que a mesma já havia se recolhido.
Assim que Maite já estava acomodada segui para meus aposentos. Deitado não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo, foi difícil pegar no sono sabendo que havia uma mulher dormindo logo no quarto ao lado, minha futura e não desejada esposa.

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